segunda-feira, 14 de outubro de 2013

14 - "(...) nunca pensei em apaixonar-me outra vez."

O Marcos estava a cumprimentar a minha mãe. Ele estava com umas calças de ganga escura, uma T-shirt branca e um blazer por cima. Estava mesmo lindo e super elegante...o que me deixou completamente derretida. 
Aproximei-me dele e, graças aos meus saltos que se ouvem a bom som, o Marcos olhou para mim antes que pudesse surpreende-lo com a minha chegada. 
- Buenas noches - disse-lhe. Apesar de ter falado com ele à cinco minutos atrás, parecia que ainda não o tinha visto hoje...e vi, foi da parte da manha, mas vi.
- Vou ter com o teu pai - querida mãe...como é que sabias que eu queria ficar com ele sozinha? Ela lá foi e fiquei apenas com o Marcos que não dizia nada, apenas olhava para mim. 
- Passa-se alguma coisa? - perguntei.
- Não, não...mas tu estás linda...
- É demasiado eu sei, mas foi o que me apeteceu vestir. 
- Não, não...estás realmente linda - ele aproximou-se de mim...pois um beijo, não aqui. 
- Vamos até ao escritório...precisamos de falar e eu não quero que o meu pai apareça aí.
- Agora pergunto eu: passa-se alguma coisa?
- Acho que não, mas vá...anda lá - peguei na mão dele e levei-o até ao escritório do meu pai. Aquilo mais parece um museu...é molduras com coisas da carreira dele por todo o lado, troféus e mais medalhas...não sei como é que ele consegue ir todos os sábados limpar aquilo, mas pronto. 
- Bem...que máximo - comentou o Marcos. 
- Ai de ti que um dia enchas uma divisão da nossa casa com coisas assim! 
Mas...? O que é que eu acabei de dizer?! Às vezes saem-me umas que eu nem sei se as disse em voz alta, se as disse no pensamento, mas a julgar pela cara do Marcos eu disse-a em voz alta. 
Não sabia bem se ele estava surpreendido, feliz ou a achar-me uma palhaça...quem te manda a ti abrir a boca e despejar assim palavras que implicam...um futuro?
- Mas...se eu encher uma divisão da nossa casa com coisas destas é bom para mim...e para nós - ele disse aquilo...como que aliviado e simplesmente se precipitou na minha direcção para me abraçar. 
- Marcos...eu disse aquilo sem pensar. 
- Eu sei, eu sei... - ele olhou para mim, colocando as suas mãos no meu pescoço - mas é quando não pensas, quando não tens aquelas dúvidas, aqueles medos e aquelas preocupações que pensas no nós. No nosso futuro enquanto os dois juntos e mais ninguém...só nós. 
Sim...é essa a verdade, eu quando estou mais solta (o que acontece sempre com o Marcos) tenho a tendência de não pensar em mais nada...e é o que me saiu: um pensamento do que eu quero que aconteça mas que não sei quando é que irá acontecer.
- Marcos... - teria de lhe dizer alguma coisa...só ainda nem sei é o que...fiquei um bocado à nora e os tremeliques apareceram. 
- Não precisas de estar nervosa. Só estamos aqui os dois. 
- Sabes que para mim não é fácil falar as coisas como tu falas...e já sabes o porque...desde o que me aconteceu que me fecho um bocado, mas eu quero dizer-te qualquer coisa...eu tenho tudo na cabeça e no coração...exteriorizar é que é mais complicado. 
- Eu sei disso princesa, mas se não quiseres não é preciso dizeres nada. A seu tempo irás conseguir...
- Não...só preciso que não olhes para mim...pode ser? 
- Se o fizesses nos meus olhos seria melhor...
- Pois tens razão...mas não me interrompas. 
- Claro que não. 
- Então: durante os meus 19 anos de existência só tive uma relação mais séria. Acabou à um ano e com os acontecimentos neste espaço de tempo eu nunca pensei em apaixonar-me outra vez. Até...teres ido entregar a pasta ao meu pai...naquele instante, Marcos, eu senti uma atracção por ti mas estava a pensar naquela de que ia aproveitar para ser uma cena sem rótulos e apenas divertir-me...só que hoje, cinco dias depois de te conhecer, eu nem sei o que sinto por ti...nunca me senti assim - estava a ser sincera no que digo e a falar com as emoções todas à flor da pele...é mexer em coisas que mexem imenso comigo - dás-me confiança mesmo estando eu a sentir-me diferente, fazes com que eu sorria quando não tenho essa vontade, o meu coração fica quentinho quando estás por perto, tenho uma necessidade de estar contigo constantemente...mas eu tenho medo Marcos.
- Posso?
- Queres falar?
- Sim.
- Fala...
- Acredito em todas as coisas que estás a dizer porque eu também nunca senti nada assim por nenhuma rapariga...tive as minhas relações em que pensei que fosse mesmo amor, mas tu é que me mostraste a definição dessa palavra. É contigo que eu vejo o que é o amor...mas não precisas de ter medo. Não quero que tenhas medo por sentir uma coisa tão bonita como a nossa.
- Não é em relação a isso...eu tenho medo de me apegar demasiado a ti...de ser dependente de ti, eu quero fazer as minhas coisas sem estar a pensar sempre em ti...eu acho que estou a ficar paranóica porque eu penso eu ti todos os minutos e segundos de uma hora.
- E é por isso que tens medo?
- É...nunca me senti assim e tenho medo disto. 
- Então vamos os dois para o manicómio por sermos os dois completamente apaixonados um pelo outro?
- Mas...tu não tens medo?
- Tenho. É claro que tenho. Estamos os dois em situações delicadas. Tu pelas tuas razões e eu por tentar respeitar o teu espaço ao máximo e nem sei se o faço bem ou não. 
- Fazes.
- Então não tenho de ter medo de mais nada...o que acontecer será entre nós...se der para o lado errado, o que eu não quero que aconteça, só temos de saber lidar com as coisas. Eu não quero estar longe de ti...pelo contrário. 
- Eu também quero estar mais contigo...ainda temos tanto para conhecer um sobre o outro. 
- Concordo...vamos não pensar sobre o amanhã e ser só nós no hoje. Pensar neste jantar e só neste jantar. 
- Sim - não resisti e dei-lhe um beijo...que foi diferente de todos. As nossas bocas simplesmente pareceram imans querendo algo mais...intendo. 


Pela primeira vez...senti a necessidade de ser mais dele...e ele ser meu. Foi algo que ainda não tinha sentido, mas agi naturalmente, como se a nossa cena já durasse à anos. Pura e simplesmente levei as minhas mãos para dentro da camisola dele, entrando em contacto com a pele suave do Marcos.
As minhas mãos estavam geladas, comparando com as costas dele, o que lhe deve ter feito impressão e quebrado o beijo. 
- Mas tu estás com as mãos em gelo ou que? - perguntou ele, retirando as minhas mãos das costas dele, agarrou-as com as mãos dele e beijou-as. 
- É dos nervos...
- Deixa-te disso...
- Vou tentar - ele sorriu e voltou a beijar-me. Mas havia outra coisa que tinha de ser falada e tínhamos que nos despachar antes que o meu pai viesse à nossa procura - Marcos... - interrompi o beijo colocando as minhas mãos sobre o peito dele.
- Que se passa?
- Em relação ao jantar...como é que te apresento?
- Como...Marcos?
- Não te incomoda o facto de não dar um nome ao que temos?
- Não me incomoda nada...é o melhor, não há aquela pressão. Eles devem entender, mas para nós é o melhor não é princesa?
- Sim... - voltei a dar-lhe um beijo que eu queria muito continuar mas ouviu-se a campainha tocar - é melhor irmos para a sala...antes que o senhor Hugo venha à nossa procura. 
- Sim, sim. É melhor.
- Mas antes...Marcos quero uma foto contigo. 
- Uma foto?
- Sim...para...ter no fundo do telemóvel...
- E estás disposta a ver a minha cara sempre que fores ao telemóvel?
- É o que mais quero...
- Então vamos lá a isso - numa coisa muito rápida, sem grandes poses e à primeira tentativa fiquei com a primeira fotografia nossa. A cor ficou estranha porque só tínhamos um candeeiro acesso...mas dá para perceber. 


- Depois manda para mim que eu também quero - ele deu-me mais um beijo e saímos os dois do escritório, indo até à sala de mãos dadas...tê-lo aqui comigo só poderia ser a melhor coisa que este jantar tinha. 
Quando chegámos à sala comecei a ouvir a voz do meu irmão Lucas...e desde a última vez que ele me tinha chamado mimada nunca mais tínhamos falado. 
A Martina, a minha cunhada, foi a primeira a aparecer. Mas logo de seguida vieram o Lucas e os meus pais. 
- Olá Ania - disse a Martina, sempre carinhosa comigo. Deve ter ficado sem saber o que fazer porque não avançou muito. Fui eu quem tomou a iniciativa e fui dar-lhe um abraço. 
- Como estás, Martina? - perguntei. 
- Estou bem e tu?
- Eu estou bem.
- Isso é que é importante. 
- Este é o Marcos, está comigo - disse, apresentando-o - Marcos é a Martina, a minha cunhada e aquele é o meu irmão Lucas - apontei para o Lucas, mesmo ainda não ter falado para ele não o queria deixar de parte. O Marcos cumprimentou os dois e o Lucas, não sei bem como nem porque, veio ter comigo.
- Precisamos de falar...
- Precisamos?
- Sim...o jantar é especial não é?
- É...o Francisco vai dar uma novidade à família. 
- Também tenho uma a dar...mas tenho de falar contigo primeiro, antes de todos ficarem a saber. 
- Queres ir até à cozinha?
- Pode ser... - avisámos todos que íamos até à cozinha e quando lá entrámos senti-me...estranha.
- Estás tão bonita Ania.
- Obrigada Lucas. Que é que se passa?
- Há uma coisa que precisas de saber...uma coisa que eu já ando a esconder à dois meses.
- Tu tens andado estranho comigo, mas eu ainda não percebi porque...quando eu mais precisei e preciso dos meus irmãos tu simplesmente viraste-me as costas...
- Ania...o que eu tenho a dizer está relacionado com a tua violação.
- Está?
- Sim...sei que vais deixar de me ver como teu irmão, mas eu não aguento mais um dia sem te contar o que se passou nessa noite.
- O que se passou?
- Eu estive lá...eu sei tudo o que aconteceu... - esta conversa estava a deixar-me completamente desconfortável e aquela sensação tinha voltado. Aquela sensação de ser, de novo, aquela pessoa que ficou estendida no chão no dia em que foi violada. 

4 comentários:

  1. Olá!!
    Adorreeii!!
    Eu digo as vezes que forem precisas que este casal é mesmo fofinho!!
    Adoro as conversas deles! E aquela no escritório foi muito importante e sim eles tem de pensar no hoje e não no amanhã!
    Isto de o apresentar como Marcos acho que foi boa deia! É o melhor para eles!
    A parte da foto foi mais um momento fofinho dos dois!
    Agora vamos lá ver que conversa é que o Lucas quer ter com a Ania!? Vai deixar de o ver como irmão?? Por momentos pensei que tivesse sido ele a violá-la ou ajudado a tal. Ou será que foi e não sabia que era a irmã e só depois percebeu isso? Ai não não pode ser que horror!
    Quero muito o próximo para saber isso!
    Besos!

    Sofia

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  2. Olá!!!
    Cheguei! (ando num dia tipo Noddy, abram alas xD)
    Eu adorei (vou começar a passar esta parte a frente porque é repetitiva!)
    Cinco dias? So? Pareceu para aí um mes! Uau, isto sim foram 5 dias intensos e...fofinhos!!
    Pronto, esta ultima revelaçao ate me deixou com medo!!
    Quero o proximo!!! (vou começar a passar esta parte a frente, tambem é repetitiva xD)

    Beso
    Ana Santos

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  3. Olá , olá olá :)
    Nunca é demais repetir que eles são perfeitos nao é verdade?
    Porque é o que eles são perfeitinhos lindos , e casal lindão de 5 dias.
    Agora aqui a ave rara do Lucas, tenho vontade de lhe dar um estalo mas eu sou uma pessoa muito calma XD
    Quero muito o p´roximo, e sei que o Marcos não vai deixar a Ania cair, porque ela já caiu demasiado, ela vai se levantar com a ajuda do Marquinhos :)
    Beijinho, * Rita

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  4. Olá...tu já deves de saber que amo estes dois...são tão fofinhos juntos e eles adoram-se *.*
    5 dias???...parece que estão juntos á um mês para aí :D
    Mas será que esse Lucas é alguma ave agoirenta?...se não é...parece -_-...há uns capítulos atras quando ele tratou mal a irmã...eu desconfiei que ele sabia qualquer coisa sobre a violação, mas pensei que fosse da minha imaginação...e afinal não me enganei :/...espero msm que não seja o que eu acabei de pensar :/.
    Próximo sff :*

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