segunda-feira, 21 de outubro de 2013

15 - "Eu só me quero divertir"

- Como assim...sabes tudo? Lucas...o que é que estás a dizer?
- Sei que vais deixar de me ver como irmão, vais sair daqui a correr quando te contar, mas eu não aguento mais um dia a viver com isto. 
- Lucas...
- Naquela noite...naquela noite eu tinha ido à mesma discoteca que tu.

*Recordação ON - Lucas*
Lucas tinha tido um dia para esquecer. O trabalho estava a dar cabo dele, era imenso, era bom, mas chegava ao fim do dia cansado como se tivesse a correr uma maratona. As coisas com a mulher também não estavam bem...sempre foram um casal unido mas as coisas estavam diferentes desde que ela foi trabalhar para a sua área: moda. Lucas passou a ser mais ciumento e a ter menos a presença da sua mulher em casa. 
Naquele dia, decidiu ir dar uma volta com uns amigos. Foram até uma discoteca no centro de La Plata e beberam a noite toda. Dançaram com algumas raparigas, mas o forte daquela noite foi mesmo a bebida. Quando estavam a sair da discoteca, Lucas e os amigos vêm uma rapariga, na casa dos 20 anos, sozinha e é então que um dos amigos de Lucas o desafia: 
- Porque é que não vais meter-te com aquela? Esquecias um bocado a outra e sempre te divertias...
- Vai lá! - incentivou um outro amigo, empurrando Lucas. Os amigos dele foram embora e Lucas foi ter com a tal rapariga. Estava muito escuro no sitio onde estavam quase nem dava para ver a cara dela, mas sabia que ela estava a falar ao telemóvel.
- Desculpa? - disse ele, colocando a mão no ombro dela.
- Pode levar tudo! - a rapariga, pensado que era um assalto começou a entregar-lhe tudo o que tinha.
- Eu só me quero divertir - Lucas não pensou duas vezes, encostou a rapariga à parede e sem dó nem piedade fez dela o que quis. Teve o prazer que quis, sem pensar nas lágrimas que escorriam na cara da rapariga. Ela tentou afastá-lo, mas não o conseguiu fazer. Ele tinha demasiada força para que ela se conseguisse soltar. Quedou-se em silêncio, chorou, mordeu-o, mordeu-se mas ele conseguiu o que queria. 
Quando Lucas se sentiu satisfeito, simplesmente deixou a rapariga no chão, arrumando-se. Não queria saber quem ela era, sabia que o que tinha feito não era o correcto, mas que lhe tinha sabido muito bem, lá isso tinha. 
- Socorro! - a rapariga tinha tido a força de gritar, de pedir ajuda e naquele momento, ouvindo aquele sofrimento, ouvindo aquela voz, Lucas soube quem era a rapariga. Naquele momento soube que tinha violado a sua própria irmã.
Saiu dali a correr, sentia nojo de si próprio. Como é que iria viver com aquilo na consciência? 
*Recordação OFF*

Ania não conseguia acreditar naquilo que Lucas lhe acabara de contar. Reviveu cada momento como se estivesse a acontecer outra vez. Com um agravante...sabia a cara da pessoa que lhe tinha feito aquilo. 
- Nunca na vida me vais ver como irmão outra vez, mas eu tinha de o dizer.
- Mais valia não o teres feito - as lágrimas que Ania tinha a escorrerem-lhe pelas bochechas eram grossas, ela quase que tinha vontade de as arrancar com as mãos, por mais que ela chorasse tinha sempre vontade de chorar mais. 
Mas não o queria fazer em frente de Lucas. Saiu da cozinha a correr indo para a rua, correu, correu o mais que conseguiu, já tinha tirado os sapatos e só quando chegou à Catedral de La Plata é que parou. 

Marcos: 
Estava a falar com o Hugo quando a Ania saiu disparada de casa.
- Que é que se passou? - perguntou o Hugo, levantando-se. Ficámos todos alerta, levantei-me também, para segundos depois aparecer o Lucas. 
- Lucas, o que é que aconteceu com a tua irmã? - a Ortencia foi até junto do Lucas que chorava.
- Ela soube...ela soube que fui eu que a violei - é nestes momentos que não sabemos o que pensar. Só vêm palavras soltas e vontades de lhe partir aquela boca toda. O Martín foi mais rápido que eu...era o Martín que se dava melhor com a Ania e simplesmente deu um murro ao Lucas fazendo-o ir ao chão. 
- Como é que tens coragem de olhar para nós todos os dias? - o Martín estava completamente revoltado e deu mais um murro ao irmão. 
- Eu vou atrás da Ania - acabei por dizer. Era impossível ficar ali sem saber nada dela, sem saber onde é que ela estava, sem a conseguir confortar. 
- Eu vou contigo - prontificou-se o Hugo e saímos os dois de casa. Fomos no meu carro visto que o Hugo estava muito alterado para conduzir. Eu também o estava mas conseguia controlar-me para a procurar. 
O Hugo foi-me dizendo o sítios que a Ania costumava frequentar. Fomos a todos. Não falhamos um. E ela? Não estava em nenhum. Simplesmente tinha evaporado. 
- Onde é que ela poderá estar Marcos? - perguntou o Hugo, já desesperando completamente. 
- Eu não sei...já fomos a todos os sítios que me disse. E ela foi a pé é difícil que tenha ido muito longe. Mas...será que...
- O que? 
- Será que ela foi para a Catedral?
- A Catedral?
- Sim. Ela foi para lá! Venha - voltámos a entrar os dois no carro e tive de carregar no acelerador com mais força. Tínhamos de estar com ela o mais depressa possível.
Quando lá chegámos ela estava sentada no banco mesmo em frente da porta da Catedral. Como é que ela tinha andado até à Catedral a pé? São 20 minutos de carro desde casa dela e a Ania tinha vindo a pé.
- Vou lá - o Hugo saiu do carro indo directamente ter com ela. Eu fiquei...queria ver a reacção dela. Como esperava...afastou-se do pai. E o Hugo voltou para trás entrando no carro - tenta tu. 
Sinceramente, tenho medo que nem comigo ela consiga interagir. Sai do carro indo até junto dela. Não me sentei ao lado dela, apenas fiquei atrás dela, olhando a Catedral. 
- No que precisares estou aqui - o choro dela intensificou-se. Tinha vontade de a confortar, tinha vontade de a ter nos meus braços e garantir-lhe que ia ficar tudo bem. 
- Ele...era meu irmão Marcos...os irmão não fazem isto! - ela levantou-se, estava descalça e começou a caminhar. Eu ia mantendo uma distância entre mim e ela.
- Podes falar tudo o que quiseres agora... 
- Eu nem sei o que dizer...isto é tudo tão horrível  Eu tenho tanto nojo dele! Ele por mim podia morrer que eu iria ficar feliz por aquele monte de merda ter desaparecido da minha vida! - ela virou-se para mim...por causa da maquilhagem estava toda esborratada - Marcos, eu quero que o Lucas morra! Eu quero que ele desapareça da minha vida. Será que ele o fez a mais alguém!? Que nojo! Eu tenho nojo dele! Eu estive grávida dele! - ela sentou-se no chão, chorando ainda mais. Aquele sofrimento estava a dar comigo em doido! 
Ajoelhei-me junto dela que, automaticamente, se deixou cair no meu peito, agarrou-me com força continuando a chorar. 
- Eu estou aqui Cinderela. Tu agora tens de seguir com a tua vida...tens de o esquecer e contar com aqueles que te querem ajudar. 
- Marcos... - ela olhou para mim - ainda não parei de chorar porque...aquele nojo voltou...conhecer a cara da pessoa que me violou é horrível mas saber que foi ele...a pessoa que me viu crescer! Aquele a quem chamava de irmão! Mas eu estou feliz! 
- Como é que podes estar feliz? Vê-se tão bem que estás a sofrer Ania. Não me tentes esconder isso. 
- Sim, eu estou, não te vou esconder nada. Esse sofrimento é o de saber a verdade...mas essa verdade fez-me ter a certeza de tanta coisa. Marcos, eu quero ser feliz! Eu acho que mereço...nem que seja pouquinha felicidade, mas mereço-a. Não quero ir a psicólogo nenhum...
- Não...isso tens de ir.
- Não Marcos! Eu não quero...eu sei que posso falar disto com aqueles que se preocupam, sei que posso falar comigo...porque eu voltei a encontrar-me. Estou ali sentada à quase 25 minutos...passa-me o Lucas pela cabeça, mas eu encontrei-me ali. Eu só quero tomar um banho...ficar com o meu cheiro normal, ter o teu pertinho de mim e esquecer-me de tudo o resto. Marcos, se eu te estiver a pressionar tens de mo dizer, mas eu só quero ficar agarrada a ti, ganhar o teu cheiro e ser tua namorada até que te fartes de mim. 
- Eu não sei se acredito no que estás a dizer. Por muito que queira que seja verdade, o que tu acabaste de descobrir é horrível e eu não quero que te refugies em mim e depois quebres a qualquer momento - tinha de ser sincero com ela. Ela precisava daquele abanão. 
- Eu estou a ser sincera Marcos. Eu quero ser tua para todo o sempre, eu amo-te como nunca amei um rapaz, tinha medo mesmo de me estar a refugiar em ti, mas eu sei que não. Eu sei que esta necessidade de estar contigo, de te beijar, de te abraçar...esta necessidade existe porque eu te amo, porque eu quero ficar contigo independentemente de tudo. Yo te amo! 
Se ainda à pouco não sabia o que pensar por motivos completamente horríveis  neste momento não sei o que pensar por a Ania se estar a declarar a mim. Sorri, sei que fiz isso porque aquilo que ela dizia fazia-me sorrir. Ela esperava uma resposta minha...ou um "Eu também te amo" ou um "Tens de te ir tratar". Eu sabia o que lhe responder...sempre soube.
Coloquei as minhas mãos na cara dela, limpando-a. Aquelas lágrimas teriam de secar, aquela maquilhagem esborratada dava-lhe um ar de menina...aquele ar pelo qual eu me apaixonei. 
- Yo te amo Cinderela! - beijei-a, sem medos, sem receio. Fi-lo e ela aceitou-o e correspondeu. 

Ania e Marcos beijavam-se mesmo em frente da porta da Catedral de La Plata e com Hugo a vê-los, mas mesmo isso não fez com que Marcos se apressa-se em terminar o momento. 
Terminou-o quando ele achou que tinha de ser e pediu a Ania que regressa-se com ele e com o seu pai para casa. Ania fê-lo, só porque Marcos lhe garantiu que Lucas não iria estar lá em casa. 
Foram para o carro e Hugo já estava no banco de trás, fazendo com Ania e Marcos fossem no banco da frente. 
- Papi...obrigada - Ania olhou para o pai e Hugo não sabia ao certo porque é que a filha lhe agradecia - obrigada por ter vindo com ele. 
- Não tens nada que agradecer filha - Hugo beijou a mão da filha e Marcos começou a conduzir. Ania aproximou-se de Marcos, roçando o nariz na bochecha do Marcos e aconchegou-se nele.


Cerca de vinte minutos depois estavam em casa, Hugo tinha ligado à mulher que lhe garantiu que Hugo já não estava lá em casa. 
Quando entraram em casa, ficaram todos a olhar para Ania, que lhes sorriu.
- Desculpem lá ter saído sem jantar...mas ainda vamos a tempo - disse Ania, fazendo com que a mãe, os seus dois irmãos e as suas cunhadas a abraçassem. 
Todos foram jantar e Francisco anunciou que Gloria estava grávida. Aquela noticia animou Ania que, apesar de já saber dessa notícia, sentiu-se melhor e mais feliz por ter ali todos da sua família. 
Depois de um jantar calmo e quentinho no que toca a encher o coração de Ania, todos foram para a sala. Ania estava sentada ao lado de Marcos, encostada no peito dele pensativa. Marcos deu-lhe um beijo na testa, despertando-a.


- Em que é que pensas?
- Que ainda não disse quem eras aos meus irmãos. 
- Disseste...
- Mas a esse não interessa e não lhe contei quem és a sério. 
- Como assim? 
Ania desencostou-se de Marcos e olhou para o pai. 
- Que se passa Ania? - perguntou Hugo. 
- Há uma coisa que tem de ser dita. 
- O que? - voltou a interrogar Hugo. 
- O Marcos é meu namorado. Pai, quer tu queiras quer não, é o que ele é. Hoje eu tenho essa certeza e eu sei que aceitas a minha felicidade. Por isso se eu sou feliz, tu aceitas o Marcos como meu namorado?
- Ania...eu é que tenho de fazer esse discurso - Marcos...que não sabia que Ania estava a pensar em apresentá-lo com namorado, decidiu tomar a iniciativa e ser ele a falar para a família da sua namorada. 

4 comentários:

  1. Olá!
    Detestei e adoreiii!!!
    Já esperava mas ao mesmo tempo tinha esperanças que não tivesse sido o irmão. Que hijo de puta, porco, otário...e não digo mais senão não sei!!
    Tive medo que ela nem o Marcos quisesse ao pé mas não, ela precisa mesmo dele. Dele e da família toda, foi lindo imaginar aquele momento frente a Catedral com o pai a assistir!
    Mas ainda bem que a Ania está a reagir bem e ela quis apresentar o Marcos como namorado! Isso é optimo!
    Mas não quem vai falar vai ser o Marcos! Não devias ter acabado assim!! Quero ver o discurso dele e a reacção de todos, principalmente do pai dela!
    Próxiimmooo!!
    Besos,

    Sofia

    ResponderEliminar
  2. Olá , olá olá :)
    Eu AMO AMO AMO ISTO, simplesmente eles são lindos, maravilhosos, perfeitos e perfeitos outra vez.
    São um casal mesmo perfeito, um exemplo a seguir.
    O facto de o Lucas ter feito so porcaria é horrivel , e a Ania caiu outra vez, mas o Marquitos ajudou-a a levantar e isso é que interessa.
    Eu AMO esta história, eu AMO este casal, eu simplesmente AMO a tua escrita :)
    Quero mias, mais mais :) por favor
    Beijito, * RIta

    ResponderEliminar
  3. Olá...amei este capitulo e foi o q mais gostei e me surpreendeu :O
    Como é q o próprio irmão é capaz de fazer isto á irmã...abusar dela e fazer-lhe um filho/sobrinho...já nem sei :/
    Grande porco, fdp, nojento...todos os nomes ofensivos e mais alguns q existirem -_-
    Coitadinha da Ania :/...espero q a família e o Marcos a ajudem e q o outro n apareça tão cedo -_-

    ResponderEliminar
  4. Nossa que capitulo. Quando comecei a ouvir o Lucas a falar comecei a pensar naquela hipotese que a cada palavra se tornava mais possivel e eu so desejava que nao. É uma coisa completamente...nao ha palavras. Nao podia haver coisa mais horrivel que aquilo. O proprio irmao violou-a, o proprio irmao engravidou-a.
    Mas pelo menos isto trouxe algo de bom para o Marcos e a Ania <3
    E agora...agora o Marcos armou-se em valentao! Quero ver esse discurso!!!
    Espero o proximo!

    Beso
    Ana Santos

    ResponderEliminar