quinta-feira, 31 de outubro de 2013

16 - "O amor é o sentimento mais difícil de explicar...ele sente-se e não se sabe bem porque."

Marcos sentia-se intimidado, sabia que iria ser sincero no que ia dizer, mas ter a família toda de Ania à sua frente era intimidador. Agarrou a mão de Ania, entrelaçando os seus dedos com os dela. Aquilo dava-lhe confiança, dava-lhe a perspectiva de um futuro com ela, um futuro a dois.
- Conhecemo-nos à pouco tempo, talvez insuficiente para vocês compreenderem aquilo que nos une. Mas, desde o momento em que eu vi a Ania, eu soube que tinha de a conhecer, que tinha de meter conversa com ela. Nunca pensei que as coisas fossem ser sérias, sou sincero. Quando a vi desmaiar no centro de treinos percebi que ela era importante, ela não podia simplesmente ficar sozinha e fomos conhecendo-nos...e então tudo encaixou. Foi aí que percebi o porque de o Hugo nunca a levar ao futebol como leva os seus filhos. Queria proteger a sua menina, a sua única filha rapariga - Marcos falava directamente para Hugo, era a ele que tinha de demonstrar o que realmente sentia, era ao pai de Ania que Marcos tinha de demonstrar o quanto ama a filha dele - com tudo o que aconteceu entretanto...foi-se tornando tudo muito mais intenso, mais especial, mais forte...e eu amo a sua filha como nunca amei ninguém na minha vida. Juro-lhe pelo meu pai que, se fosse vivo, iria ser o primeiro a aprovar a minha relação com a Ania - Marcos ficou um pouco incomodado a falar do pai...ainda lhe custava, ainda sentia a falta dele...sempre foi mais ligado ao pai por ser o único filho dele homem - por isso, por amar a sua filha e sei que você também a ama tanto ou mais que eu, eu peço-lhe a sua bênção para que o nosso namoro seja real. Para não termos de andar às escondidas e que possamos ir crescendo com o seu consentimento.
Ania sabia que Marcos era capaz de falar assim sem qualquer problema. Fica surpreendida por ele ser assim, sempre pensou que os rapazes fossem mais complicados que as raparigas no que toca a expor os sentimentos, mas com Marcos é totalmente ao contrário: é Ania quem tem mais dificuldades em assumir o que sente. 
Os irmãos e cunhadas de Ania, sorriam. Martín tinha piscado o olho à irmã, sabia que aquele amor era verdadeiro...porque sabia o que a irmã sentia só olhando para os olhos dela. Sempre se conheceram bem e sabem os problemas um do outro detrás para a frente. 
Ortencia estava embevecida com o discurso de Marcos, o relacionamento dele com a filha fazia-lhe lembrar o dela com Hugo. Conheceram-se na rua, olharam-se e não descansaram enquanto não se conheceram melhor. Tiveram 4 filhos maravilhosos (apesar do que aconteceu com Lucas) e um casamento sempre apaixonado, com romance e com declarações de amor constantes. 
Hugo olhava Marcos e Ania...muita coisa lhe passou pela cabeça, mas depressa começou um pequeno discurso: 
- O amor é o sentimento mais difícil de explicar...ele sente-se e não se sabe bem porque. Eu vejo amor em vocês. Vocês são novos, têm a vida pela frente, fico feliz por a minha filha te confiar coisas que ela tanta dificuldade tem de partilhar. A ideia de te perder, Ania, é assustadora. Queria que fosses eternamente pequena, que passasses horas a ver a Cinderela na televisão e a imitá-la...serás sempre a minha pequenina, apesar de hoje seres uma grande mulher. Se...o vosso namoro passar a ser casamento, passar a ser uma família...eu só espero que nunca se esqueçam do dia em que se conheceram, do dia em que se apaixonaram um pelo outro. E tu...Faustino...tens de tratar dela como se fosse a tua vida! Como se fosse de vidro. Se algum dia magoares a Ania, nesse mesmo dia acabo contigo - Hugo tentava assustar Marcos, mas acabou por sorrir com o que acabara de dizer - quando deixares o Estudiantes...eu sei que esse dia vai chegar, se estiveres com a Ania...ela vai querer ir contigo. Nunca quis isso para a minha filha, mas vejo que ela é feliz e que vai ser ainda mais se eu vos der a minha bênção em relação a este namoro. 
Hugo levantou-se e Ania e Marcos fizeram o mesmo. Nada daquilo tinha sido pensado, nada tinha sido ensaiado. Era tudo automático, impulsivo...era tudo feito do fundo do coração. Hugo aproximou-se de Ania, beijando-lhe a testa, para de seguida se dirigir a Marcos: 
- Antes de eu dizer algo em relação ao namoro, promete-me uma coisa Marcos. 
- Diga. 
- Promete-me que serás sincero, como sei que és. Promete-me que a vais respeitar, que a vais entender, que lhe vais dar tempo antes de avançarem com outras coisas. 
- Pai! - Ania percebeu onde é que Hugo queria chegar, por isso interveio. 
- Pai nada. Ele tem de ouvir isto. Consegues prometer-me isso, Marcos? 
- Prometo-lhe pela saúde de todos os que amo e pela alma do meu pai. 
- Ele tem muito orgulho em ti. Desde que te conheci soube que eras um bom menino, o menino que é o orgulho dos pais. Quando te fiquei a conhecer melhor e soube o sofrimento que passavas pela morte do teu pai, afeiçoei-me a ti. Chamo-te Faustino, não pela brincadeira como os teus colegas, mas por respeito e para te lembrar todos os dias o grande homem que era o teu pai - Marcos estava surpreendido com Hugo, chorava, o que fez todas as mulheres presentes chorar. Ver o homem chorar deixava qualquer mulher mais sensível  com vontade de lhe dar colinho - Faustino Rojo...tens a minha bênção para namorar com a minha filha. 
Hugo abraçou Marcos, que não poderia estar mais feliz. 
Ania juntou-se a eles. Precisava de se juntar a eles. Precisava de um abraço dos dois homens da vida dela.

Ainda era, relativamente, cedo. 22:30h era cedo. O ambiente em casa de Ania era de celebração. Pelo facto de o namoro ser respeitado e abençoado por Hugo e todos os presentes e pela vinda do bebé de Francisco e Gloria. 
Marcos começou a falar com os irmãos de Ania e, pouco tempo depois, já se davam como já se conhecessem à imenso tempo. Tinham estado juntos umas quantas vezes mas nunca tinham falado. 
O casal estava sentado lado a lado no sofá, enquanto os restantes estavam a falar sobre o bebé: 
- Achas que posso tornar este dia ainda mais feliz? - perguntou Marcos, interrompendo o pensamento de Ania (pensamento de tia que vai mimar o sobrinho ou sobrinha que vai nascer). 
- Não sei como...ele já está mais que feliz, Marcos.
- E se aproveitássemos que ainda é cedo e fossemos até minha casa? Também quero que conheças as minhas mulheres lá de casa.
- Não será tarde? Sobretudo para a Micaela? 
- Não...elas ainda estão acordadas. 
- Por mim...vou só avisá-los e vamos.
- A sério?
- Claro...pensavas que ia dizer que não? 
- Não sabia que resposta darias...
- É um sim - Ania deu um beijo a Marcos antes de irem ter com os seus familiares e lhe anunciarem a ausência. 
Saíram de casa, indo em direcção ao carro de Marcos. Assim que começou a conduzir Ania nem deu conta do quão depressa ele conduzia. Sempre gostou de velocidade nos carros...sentia a adrenalina a correr-lhe pelas veias e só queria começar a conduzir para ela ter também aquele poder. 
Cerca de 20 minutos depois estavam a estacionar em frente da moradia de Marcos. Ania já lá tinha estado, já tinha conhecido Micaela mas não conhecia mais ninguém da família de Marcos. A ideia de ir conhecer todas as mulheres que constituíam a família do seu...namorado, não a deixava assustada. Pensou se a iam aceitar, mas já tinha tido um primeiro contacto com Micaela que a deixou confiante...e se elas forem como o Marcos, Ania tem a certeza que terá mais meninas com quem partilhar momentos de raparigas. 
Entraram em casa e, na sala, estava a mãe de Marcos. Uma senhora encantadora à primeira vista. Via-se no seu rosto que era feliz, que tinha uma vida confortável apesar do sofrimento que deveria ter com a perda do seu marido. 
- Buenas noches, madre - Marcos falou, fazendo com que a mãe olhasse para ele...e para Ania. A senhora sorriu-lhes, levantando-se. 
- É a nossa Ania? - para surpresa de Marcos, a mãe já sabia o nome da sua namorada...Micaela deveria ter feito algum comentário durante o dia de hoje. Marcos já tinha dito à mãe, tinha dito que ia jantar a casa da namorada, só não lhe tinha dado grandes pormenores sobre Ania. 
- É a minha Ania - respondeu Marcos.
- Ciumento. Deixa estar que eu não te roubo a princesa - a senhora dirigiu-se a Ania, colocando as suas mãos nos braços dela - fico muito feliz que nos tenhas vindo conhecer. Eu sou a mãe deste rapazeco, sou a Cari e podes ter a certeza que fico mesmo muito feliz que metas um sorriso no lábios do meu filho e juízo naquela cabeça - Cari, mãe de Marcos, abraçou Ania que se sentiu tão amada naquele momento. O abraço de Cari fazia-a sentir-se ainda mais confortada.
- Eu também estou muito feliz por a conhecer - o abraço entre as duas foi longo, mas ambas se sentiam bem naquele abraço. 
- As meninas? - perguntou Marcos, quando elas se afastaram uma da outra naquele abraço. 
- A Micaela e a Solange estão lá em cima no quarto delas, a Noelia foi ao lixo, mas já deve estar a chegar. 
- Bichas!? - Marcos gritou pelas escadas, deixando Ania confusa. 
- Ele trata as irmãs mais novinhas por bichas. É doido o rapaz - explicou Cari, rindo-se juntamente com Ania. 
Pouco tempo depois duas meninas desciam as escadas. Micaela, que Ania já conhecia, a mais nova e uma outra menina pouco mais velha que Micaela. 
- É a Ania? - perguntou aquela que Ania ainda não conhecia. 
- Mas como é que vocês já sabem o nome dela? - inquiriu Marcos. 
- Foi a Mica - respondeu Cari - mas foi porque eu insisti. 
- E ameaçaram-me que me iam tirar os posters do Justin da parede! - Micaela era fã de Justin Bieber e quando alguém lá de casa queria que ela falasse ou que fizesse alguma coisa "ameaçavam-na" com os posters. 
- Sim, é a Ania. Ania, é a Micaela que já conheces-te, e a Solange. Meninas, é a Ania - as duas foram abraçar e cumprimentar com dois beijinhos Ania. 
- Vocês são muito parecidas - comentou Ania - e parecidas com a vossa mãe. 
- É...as raparigas são parecidas com a mãe e o rapaz é com o pai.
- Têm uma boa genética então. Têm pais muito lindos e muito orgulhosos de vocês, tenho a certeza - Ania agarrou-se a Cari. Já sentia uma grande empatia por aquela senhora, sentia-se bem com ela. 
- O nosso pai morreu - disse Solange. 
- Sim...eu sei. Mas é certamente um homem feliz por ver os filhos que tem - Marcos, Micaela e Solange sorriram para Ania. As meninas abraçaram Ania e Cari, fazendo Ania sorrir e abraçá-las. 
- Tens aqui uma menina muito especial, Marcos - afirmou Cari. 
- Lo se madre...
Marcos juntou-se a elas, beijando Ania...que ficou um pouco envergonhada, mas descansada porque nenhuma delas comentou nada. 
- A Noe? - perguntou Solange. 
- Ela foi ao lixo, deve estar a chegar. 
- A Noelia é a mais velha das raparigas - informou Marcos. 
- Esse nome não me é estranho...tinha uma colega na faculdade com esse nome - constatou Ania. 
- A Noe anda na faculdade... - disse Cari. 
- Será que é a mesma que tu conheces? - perguntou Marcos, agarrando-se à cintura de Ania. 
- Não sei...era coincidência a mais - naquele momento, ouvem a porta de casa abrir-se e todos olham para a porta. Era Noelia. 
Ania olhava-a com expectativa e quando Noelia se virou para eles teve um clique na sua cabeça. Era a sua colega da faculdade. Aquela com quem partilhava o quarto, aquela com quem fazia os trabalhos, aquela com quem partilhou momentos felizes e outros nem tanto. 
- Noe!? 
- Eu não acredito! És mesmo tu!? - Noelia também estava surpreendia, tinha ficado a pensar se a Ania, namorada do seu irmão era a sua Ania. E agora tinha a confirmação: era mesmo a sua Ania. 
As duas foram na direcção uma da outra abraçando-se fortemente. 
- Ai! Eu não acredito que tu és irmã do Marcos!
- Eu às vezes também não acredito, mas sou - as duas desmancharam-se a rir, olhando uma para a outra. 
- Tinha tantas saudades tuas... - disse Ania. 
- E eu tuas pequi. Estás tão guapa! 
- Oh...olha quem fala - as duas voltaram a abraçar-se. 
Marcos estava surpreendido. A sua irmã e a sua namorada tinham sido colegas de faculdade e davam-se muito bem, pelo que percebia. 
- Sempre estás a ajudar os teus pais? - perguntou Noelia. 
- Sim...e tu continuas na faculdade não é?
- Sim. E...como é que está o resto? - Noelia sabia de tudo.
- Está tudo bem...agora está tudo bem, há muita coisa que aconteceu esta semana que envolve esse momento. 
- Tu sabes? - perguntou Marcos. 
- Sei? 
- Ele sabe - disse Ania esclarecendo Noelia. 
- Sim, sei Marcos...eu encontrei a Ania depois. Eu estava com ela. tínhamos ido sair as duas mais umas amigas. 
- Calma! A Ania é aquela rapariga? - perguntou Cari. 
- É melhor...esclarecer tudo. A Ania era a minha amiga da faculdade que naquela noite...vocês sabem - todos já sabiam daquela história...Ania sentia-se estranha, não sabia o que dizer ou o que fazer...Marcos simplesmente a amparou, beijando-lhe a testa. 
Cari pediu a Solange e a Micaela que fossem para o quarto e ficaram só os quatro na sala. Sentaram-se no sofá e Ania acabou por contar tudo o que tinha acontecido: o aborto e o descobrir quem tinha sido. 
- Que hijo da... - Noelia controlou-se antes de terminar a frase...Ania olhou-a e as duas gargalharam. 
- Bem...eu nem sei o que dizer - disse Cari. 
- Não tem de dizer nada, Cari...já passou e agora está a ficar tudo melhor aos pouquinhos. 
- Podes contar connosco para o que precisares. 
- Muchas gracias. 
- Querem comer alguma coisa? Um biscoito? - perguntou Cari. 
- Madre, gelado! - Noelia pediu e Cari foi até à cozinha. 
Os três ficaram ali na sala a falar sobre como é que ia a faculdade. Ania tinha saudades, mas ao mesmo tempo não queria voltar para lá tão depressa. Queria estar com o seu Marcos, aproveitar para o conhecer por completo e ser dele. 
Enquanto falavam com Noelia, Ania tinha a mão de Marcos nas suas costas...e algo nela desejava o corpo dele de uma maneira assustadora. Marcos sentia-a tensa, tentava acalmá-la com movimentos circulares nas costas, mas Ania sentia-se cada vez mais...com apetites. 
- Marcos pára quieto...estás a deixar-me com ganas de te saltar para cima! - Ania não se controlou e acabou por dizê lo em voz alta. Noelia desmanchou-se a rir e Marcos ficou boquiaberto com o que a sua namorada acabara de dizer, em plena sala com a sua irmã presente. 

3 comentários:

  1. Olá...amei mais uma vez *.*
    Ainda bem q o pai da Ania aceitou a relação :)
    Quem diria q a irmã do Marcos é a colega de faculdade da Ania?...eu n diria :O
    Próximo sff :*

    ResponderEliminar
  2. Olá!!
    Ai isto foi tão lindo o capítulo todinho!! Cada vez gosto mais deste casal!!
    O discurso do Marcos foi lindo *_* ele ama mesmo a Ania! E depois as palavras do pai dela? Foram lndas também *_* Ele aceitou tudo! A Ania já não é a menina que passava o tempo a ver Cinderela mas continua a gostar muito do pai e agora do seu Marcos!! Ah e agora já se percebo o porque do pai dela lhe chamar Faustino e não Marcos! E aquela abraço da Ania aos dois homens da vida dela foi lindo *_* tipo da para imaginar esta cena toda em família *_*
    Depois o Marcos teve uma grande ideia de a Ania conhecer a mãe dele e as irmãs! A mãe foi uma querida e acolheu-a tão bem! As irmãs a mesma coisa! E depois foi engraçado aquela parte da Ania já conhecer e tão bem uma das irmãs do Marcos!
    Concluindo: são todos lindos e tem famílias lindas! Eu amo este casal!!
    Agora a ultima frase teve muita graça e eu fartei-me de rir! Eu ainada pensei que ela lhe tivesse dito ao ouvido mas não xD Agora o Marcos devia matar-lhe as ganas todas mas dá um bocado nas vistas sairem dali depois daquilo. xD E ele que não pense muito nas promessas que fez ao Hugo porque a vontade foi da Ania! Por isso, espero que saltem um para cima do outro e que tenham uma noite maravilhosa :D
    Próxxiimmmooo guapa!!

    Besos,
    Sofia

    ResponderEliminar
  3. Olá!
    Epá discursos com o pai deixam-me sempre perturbada! Se fosse comigo, cavava um buraco até à China antes dessa conversa acontecer tal a vergonha que teria! mas foi fofinho e agora nao tem de se esconder!
    Coincidencias nao acontecem? Ca esta uma das grandes entre a Noe e a Ania!
    E esta no fim? Ui, ainda diz o Sr. Hugo que o Marcos tem de ter calminha! Como é que ele ha de a ter se a Ania nao a tem? xD
    Espero o proximo! ;)

    Beso
    Ana Santos

    ResponderEliminar