domingo, 23 de fevereiro de 2014

22 - "Talvez só precisamos de começar a viver como um casal."

Ania:

Não sei o que me deu, não sei o que é que me passou pela cabeça para, do nada, me meter dentro de água. Anda tudo a afectar-me e as minhas acções não são propriamente aquelas que eu pensei ter. Mas o risco, o medo, o pânico de poder estar em perigo tomou conta de mim, queria correr o risco, queria ter um momento em que eu actuei a pensar nas necessidades que eu tinha.
Mas, no momento em que a água estava a começar a subir cada vez mais, alguém tinha de me travar, alguém tinha de assegurar que eu não caia num poço sem qualquer luz...porque isso seria o mais certo que aconteceria.
- Mas o que é que tu pensas que estás a fazer? - aquela voz...aquela voz que tanta coisa bonita já disse e que tanta coisa menos boa pronunciou. Mas porque ele? Não poderia ser outra pessoa? Não poderia simplesmente não ser ninguém?
- Vieste ver se a água te refresca a cabeça? - Não queria ser dura com ele, mas era essa a vontade que tinha depois de tudo o que aconteceu em sua casa.
- Não...eu vim atrás de ti porque precisamos de falar...
- Ai precisamos? - virei-me para o Marcos com alguma dificuldade já que uma onda tinha decidido ser mais forte que as que se faziam sentir.
- Precisamos.
- E porque? Pensava que já tinhas dito tudo.
- Não...não disse.
- Se vais insistir...esquece Marcos, o melhor é irmos com calma.
- Eu sei disso...eu prometi que íamos com calma e não respeitei essa promessa. Eu fui um otário, ao ponto de te perder...mas Ania...eu não quero que isso aconteça - ele começou a aproximar-se de mim...aquele olhar do Marcos matava-me. Porque aquele olhar era diferente, era um olhar triste, um olhar que eu pouco via. Um olhar que eu só vi quando percebi que o irmão dele desapareceu...e estou a vê-lo nesta altura.
- Marcos não insistas, não vale a pena, nós precisamos de espaço.
- Nós já tivemos esse espaço. Nestes últimos tempos estarmos juntos é cada vez mais complicado, mas vamos mudar. Vamos voltar a ser nós como no início...eu amo-te e nada neste mundo é mais importante que tu - o Marcos rodeou a minha cintura com os seus braços...aquele toque já era parte daqilo que somos, daquilo que temos vindo a construir. Percebi, pelo olhar dele, que esperava alguma coisa da minha parte...e eu teria de lhe dizer tudo abertamente.

Marcos:

Ter demorado a sair da praia tinha sido o melhor a fazer. A Ania enfiou-se dentro de água, por alguma razão...por minha causa quase de certeza...ela estava a ir por caminhos diferentes, a seguir uma via que não era a da Ania que conheço.
O meu objectivo ao entrar na água atrás dela era o de: não a perder de vez. Ela precisava de saber que as coisas podem continuar a correr bem, que a partir de hoje as coisas serão como no princípio que, a minha vida depende do contacto com a vida dela, que estamos ligados por causa de tudo aquilo que não sabemos explicar.
- Marcos...tens sido uma das pessoas mais importantes da minha vida, senão a mais importante. Mas nunca esperei que tivéssemos estes problemas....problemas que já poderíamos ter resolvido à mais tempo mas eu não sei com o fazer. E sabia que o facto de eu não te dar tudo o que um casal tem, poderia afectar a nossa vida. E isso aconteceu...e aconteceu porque eu não sei como te demonstrar que estou preparada, que me sinto preparada para me entregar a ti...porque quando estamos juntos é na tua casa ou na minha, e há sempre gente por perto. Há sempre medo que não seja a altura...e eu não sei pedir ou demonstrar o meu interesse mais íntimo por ti...
- O que tu estás a querer dizer...?
- O que eu te estou a tentar dizer é que...precisavamos de ser só nós. Que precisávamos de estar sozinhos...e eu precisava de saber como lidar comigo.
Por um lado era bom o que a Ania, e estava a dizer...era um sinal de que a nossa relação poderia ter avançado mas agora...agora estamos separados. Estamos separados pela porcaria que fiz.
- E se...fossemos só nós?
- Marcos...precisamos de tempo.
- Talvez só precisamos de começar a viver como um casal.
- Não... - A Ania soltou-se dos meus braços, começando a caminhar para fora da água. Olhei para o sítio onde estava o sr. Hugo e ele já lá não estava. Assim poderia demonstrar mais de mim sem pensar que estávamos a ser observados. Agarrei a Ania pelo braço e ela olhou para mim.
- Não fujas.
- Eu não estou a fugir Marcos...a água é que está gelada e eu não quero ficar constipada - percebi que ela estava a ficar com frio...saímos da água, chegando ao areal. A Ania sentou-se junto dos seus pertences e eu sentei-me ao lado dela, mesmo com o meu ombro colado ao dela. 
- Ania...desculpa por tudo o que eu fiz hoje...eu não sei o que me deu. Eu não estou habituado a que as coisas sejam assim e a pressão de ser o melhor dos namorados acabou por me afectar. 
- Basta seres tu para isso do melhor dos namorados ser verdade. Porque já o eras...e por mim continuavas a ser para sempre.
- Estás muito, muito, muito, muito chateada comigo?
- Custou Marcos...não vou dizer que não custou. Porque sempre pensei que fosses capaz de me dizer tudo, mas tu mentiste-me porque cada vez que eu te perguntei se tu estavas confortável, tu dizias que não...e não era o que se passava. 
- Isso foi para que não sofresses, para que eu também pudesse perceber que a nossa relação é diferente e que eu te aceitei com todas as diferenças que tens porque te amo...
- Até me fazes parecer uma anormal...
- Não, não é isso...ai que burro que sou porra - estar a falar com a Ania e ela pensar que o que eu disse é para a fazer sentir anormal...é porque a coisa saiu mesmo mal - o que eu queria ter dito...
- Eu compreendi Marcos... - ela olhou-me e tinha um pequeno sorriso nos lábios. 
- E respondes melhor à minha pergunta? 
- Como assim?
- Se estás muito, muito, muito chateada...
- Se não tiver? - o sorriso dela estava lá...poderia eu ter esperanças que as coisas não estivessem mesmo perdidas na totalidade?
- Se não tivesses...eu queria-te para minha namorada outras vez e que as coisas voltassem a ser como no ínicio...até porque uma vida a dois nos ia fazer bem.
- Uma vida a dois? 
- Podíamos ir viver os dois juntos...
- E se no final do mês que vem te fores embora? - outra conversa que deve ser tida neste momento...que poderá destruir tudo, mas não lhe posso esconder o que se soube hoje. 
- Em relação a isso...
- Vais embora.
- Já sabes?
- Já percebi...quando é que soubeste?
- Hoje de manhã...
- Não me peças então para viver contigo...estaríamos a viver uma coisa que daqui a uns tempos não sabemos como será.
- Não queres estar comigo? É isso?
- Não...bem pelo contrário...eu quero estar contigo sempre. Mas tenho medo Marcos...tenho medo que as coisas acabem com a tua ida para Moscovo...
- E se não acabarem Ania? E se isto for o nosso recomeço? E se este recomeço for para sempre? 

Ania:

As coisas poderiam ser bem mais simples, mas se assim fossem...muita coisa na vida estaria garantida e não haveria nada que nos fizesse lutar. Por mais que queira...porque eu sei que quero estar com o Marcos, há o medo da distância, há o medo da separação, o medo do que o destino terá para nos trazer...depois há a vontade de esquecer que a separação vai existir, que a distância não será nada e, simplesmente, me deixar ficar com ele. Porque, acima de tudo e de todos é a ele que eu amo.
Tinha ficado um silêncio esquisito...enquanto que sabia perfeitamente o que se passava com a minha cabeça, saber o que vai na cabeça do Marcos é complicado.
- Posso fazer uma coisa? - acabei por ser eu a tomar a iniciativa.
- Sim... - ele olhou para mim e o que eu quero fazer é parvo, mas em certa medida é para colocar um ponto final nisto. 
Dei-lhe uma chapada...de olhos fechados porque se estivesse a olhar para ele perderia a coragem.
- Ai! - ele queixou-se e quando abri os olhos, tinha a sua mão em cima da bochecha - para que é que foi isso?
- Para esqueceres a outra que te dei e te lembrares desta e disto: eu amo-te e vamos tentar que a nossa vida seja a de um casal. 
- Vamos morar juntos?
- Vamos...não sei onde, nem como, mas vamos. 
- E isso significa que eu sou teu namorado outra vez?
- Significa que eu sou tua namorada outra vez... - beijá-lo é das melhores coisas que há para fazer...um beijo apaga quase tudo e é como um restaurar de tanta coisa. Pelo menos este beijo...é um restaurar de esperanças, sonhos, vidas, sentimentos...é um recomeço.

Marcos e Ania sabiam que a vida enquanto casal seria ainda mais exigente, mas só vivendo assim saberiam que a partir de agora estariam um para o outro a qualquer momento e que tudo fariam para que um ou outro não fosse abaixo. Os dois permaneciam naquela praia, Ania estava sentada em cima das pernas de Marcos olhando para ele, que também a olhava com uma nova esperança no olhar.
- Tenho frio... - Ana deixou a sua cabeça cair sobre o ombro de Marcos, que a envolveu nos seus braços.
- Vamos embora então...as roupas estão molhadas e a secar no corpo, não faz nada bem.
- Sim...
- Ania?
- Sim? - Ania levantou a cabeça, olhando de novo para Marcos.
- Ficas comigo?
- Não sei Marcos...a tua família deve estar à tua espera para falarem...e a minha a mesma coisa...
- Vá lá...vamos para um hotel...ficamos só os dois. E amanhã falamos com eles todos.
- Está bem...
- Tá bem?
- Sim...não me apetece muito ter de explicar algo aos meus pais...
- O teu pai esteve aqui...
- Esteve?
- Sim. Quando eu cheguei ele já cá estava.
- Amanhã penso neles...vamos embora.
Os dois levantaram-se e cada um se meteu no seu carro indo até ao hotel mais próximo. Depois de arranjarem um quarto e de subirem até ele, Ania percebeu que na rua tinha ficado mesmo frio. O quentinho que se fez sentir naquele quarto era bom.
Marcos, que vinha ligeiramente atrás de Ania, abraçou-a entrelaçando as suas mãos com as dela.


- Desculpa...
- Já passou.
- Passou mesmo?
- Sim... - Ania virou-se para ele, sorrindo - eu acho que não me consigo chatear contigo...
- Isso é bom - Marcos apertou Ania mais para si, roçando o seu nariz no dela.
- Não sei se é. Um dia trocas-me por uma aí e eu fico com vontade de voltar para ti. 
- Não...tu ficas é com vontade de me bater. Tu hoje bateste-me!
- Duas vezes nessa cara linda! - Ania passou com as suas mãos na face de Marcos, sorrindo para ele - Fui um bocadinho bruta não fui?
- Foste um bocadinho, foste...
- E posso ser mais!
- Olha...isso pode ter várias interpretações. 
- E é mesmo para ter... - Ania sabia o que queria...sabia que tinha chegado a altura, que era só ela e Marcos e que o momento era o certo. Não o teria de pedir...apenas fazer com que Marcos percebesse o que ela queria.
Aproximou os seus lábios dos de Marcos e o que começou por ser um beijo comum a todos os outros, foi começando a ser a noite que nenhum esquecerá. 
As mãos de Ania percorreram as costas de Marcos por dentro da camisola que este trazia vestida. E Marcos percebeu...percebeu que Ania lhe estava a pedir mais...lhe estava a pedir e a dar aquilo que ele também queria. Marcos quebrou o beijo, fazendo Ania girar o seu corpo, ficando de costas para ele e, aí, aproveitou para lhe beijar o pescoço descoberto.


Marcos tinha receios...seria a primeira vez dos dois juntos assim, a primeira vez que Ania lhe demonstrava que seriam um do outro sem qualquer tipo de assombração por detrás deles. Era a primeira vez que a violação não travava Ania. Marcos depositou as suas mãos no interior da camisola de Ania, percorrendo toda a zona abdominal da sua namorada, ao mesmo tempo lhe os beijos no pescoço passavam a pequenas mordidelas. 
Rodou-a novamente, puxando-a para junto dele. As mãos de Ania foram, de novo, para as costas de Marcos e começavam a notar que haviam peças de roupa a mais. Ania subia cada vez mais as suas mãos e o tronco de Marcos cada vez ficava mais descoberto. A camisola foi-se e Ania passou as suas mãos sobre o peito de Marcos, olhando para ele. 
Contrariamente ao que pensava, não sentia vergonha por querer estar com ele a um outro nível...por querer ser dele em todas as vertentes de uma relação. Ania colocou as suas mãos nas costas de Marcos, aproximando os seus lábios do peito de Marcos. Beijou-o, para de seguida voltar aos lábios do seu namorado. 


Caminharam lentamente até à cama e, antes de deitar Ania sobre o colchão, Marcos retirou-lhe a camisola. Depois de Ania estar sobre a cama, Marcos ficou em cima de Ania, olhando-a meticulosamente. 
- Tens a certeza?
Ania não precisou de lhe responder...os seus olhos diziam tudo e o seu corpo ajudou. Marcos, calmamente, foi beijando todo o tronco de Ania, acabando por chegar aos seus lábios. 


E a entrega foi total. Ania começou a percorrer o corpo do Marcos, como que procurando zonas que desconhecia. Como que ansiando por ser totalmente dele. Os beijos tornaram-se fogosos, escaldantes, torturante. Ambos percebiam que aquilo que se estava a passar era muito mais do que algum dia tinha vivido.


As peças de roupa pelos corpos dos jovens desaparecera. E as posições inverteram-se, Ania queria ser ela a avançar, queria ser ela a ter algum tipo de poder sobre o momento. E pretendia demonstrar a Marcos que lhe saberia dar prazer a partir de hoje. 
Foi deixando beijos espalhados pelo tronco de Marcos, foi mordendo-o, deixando marcas de si, nele. Ania foi ousada, Ania soube mexer em todos os pontos de Marcos dando-lhe prazer mesmo sem que existisse a penetração. Porque Ania, antes de todo o episódio traumático ter acontecido, já conseguia ser assim.
Marcos também não precisou de ter medo, porque aquilo que Ania lhe dava era a prova de que ele poderia avançar com toques, com beijos, mordidelas...com tudo. 
A entrega foi total da parte dos dois. O prazer foi sentido pelos dois ao mesmo tempo, souberam aproveitar-se um ao outro como nunca tinham pensado que fosse. Marcos percorria o corpo de Ania e cada vez que o fazia arrepiava-a.


Os dois começavam a sentir os corpos cansados, começavam a precisar de se olhar e Ania foi quem o fez. Permanecia em cima de Marcos, mas olhou-o, entrelaçando as suas mãos com as dele.


Mais do que sexo, o que os dois procuraram foi a união. Porque só assim Ania se conseguia livrar de um passado doloroso e entregar-se a um presente feliz. Via-se perfeitamente nos semblantes dos dois que felicidade eram aquilo que mais tinham. Ania deitou-se sobre o peito de Marcos e, ainda com a respiração ofegante, haviam palavras a ser ditas:
- Te amo mucho, mi rey.
- Y yo te amo mucho, mi reina.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

21 - "Eu e o Marcos não somos um casal normal...há muita coisa que nós não conseguimos fazer como os outros casais."

Novembro 2010

Três meses se passaram. Três meses de um namoro que, a cada dia que passa, é aproveitado ao máximo por Ania e Marcos. Três meses aproveitados ao máximo para se conhecerem, para se compreenderem, para se unirem. Foram três meses onde tudo, mas tudo (ou quase tudo) aconteceu.
Ania passou a ganhar uma rotina, a ter a sua vida profissional e a ganhar estabilidade psicológica. O negócio que tinha planeado com o seu irmão acabou por não se realizar, mas passou a trabalhar no café com a mãe mesmo assim. Os seus dias consistiam em estar todo o dia no café e às terças e sextas tem sessões de terapia com o psicólogo.
Marcos está cada vez mais focado com o Estudiantes, tem realizado todos os jogos da Apertura (a primeira parte do campeonato argentino) e o seu clube está no bom caminho para, em Dezembro, serem campeões. 
Contudo, o tempo para a relação fica cada vez mais escasso. Só conseguem estar juntos da parte da noite e muitas vezes não o fazem todos os dias. A relação está estável, eles estão a conseguir gerir o tempo e quando estão juntos aproveitam todos os segundos. Mas falta sempre qualquer coisa. 
O dia 20 de Novembro havia chegado. O dia em que eles sabiam que iriam estar juntos, não fosse o dia do aniversário de Ortencia. A mãe de Ania fazia anos e estava combinado um jantar e festa em casa dos Gottardi. Por coincidência, o Estudiantes jogava no mesmo dia em casa contra o Huracán. 
Ania e Ortencia não iam ao estádio ver o jogo. Preferiram ficar em casa para preparar tudo para quando chegassem todos, visto que viria também a família de Marcos. 
- Mami, à hora do jogo temos de ir ver! - pediu Ania.
- Sim. Vamos só temperar as carnes do churrasco e depois vamos logo ver o jogo. A que horas chega a mãe do Marcos?
- A Cari disse que vinha antes do jogo com a Micaela. O Franco foi com a Solange e a Noelia ao estádio. Os manos também e por isso eles só vêm todos depois do jogo com o pai e o Marcos.
- Boa. Tens alguma coisa combinada para amanhã?
- Não...ultimamente as folgas do Marcos que coincidem com as minhas são passadas por casa dele, acho que é assim que vai ser amanhã.
- Vocês andam bem?
- Porque essa pergunta, mãe?
- Não sei Ania...eu vou ser muito sincera contigo. 
- Força.
- Eu vejo que vocês os dois estão apaixonados um pelo outro...mas já não vejo aquele casal do principio. E não é só da parte de um...é dos dois. 
Por muito que quisesse dizer o contrário à sua mãe, Ania sabia que essa era a verdade. Ela amava Marcos, como Marcos a ama de uma forma incondicional, mas parecem cada vez mais distantes, mais apagados. São poucos os momentos que têm um para o outro e isso acaba por não ser o suficiente. 
Ania não deu qualquer resposta à mãe. Continuaram a fazer os preparativos para o jantar até que as 17h chegaram e assim a hora do jogo. Carina e Micaela também já estavam com elas, quando se sentaram em frente do televisor para ver o jogo. Carina e Ortencia sentaram-se no sofá porque Ania e Micaela sentaram-se no chão...as duas vibram com o Estudiantes de uma forma louca, doentia para alguns, mas são verdadeiras adeptas daquele clube. Ambas estavam equipadas! Com camisola e cachecol. 
- Juro, se eles hoje voltam a perder eu nem sei! - dizia Micaela, uma vez que no fim de semana passado tinham perdido 2-1.
- Calma...eles hoje ganham. La cancha es la cancha! - as duas riram-se e ficaram bastante atentas ao jogo. Ania tomou particular atenção a Marcos que, neste jogo em particular, estava bastante "agressivo". A maneira com que ele retirava a bola aos adversários arrepiavam Ania...aquele Marcos em campo estava diferente - este hoje ainda vai mas é expulso! - disse Ania quando Marcos fez mais uma entrada mais bruta ficando a reclamar que não tocou no jogador. Levou amarelo, mas mesmo assim não ficou menos agressivo. 
O intervalo chegou, o Estudiantes estava 0-0 e as duas raparigas perceberam que estavam sozinhas. Ortencia e Carina já não estavam ali.
- Isto não está a correr nada bem! - disse Micaela, sentando-se no sofá com Ania. 
- Já deviam ter marcado pelo menos um. 
- Ou dois. E o meu irmão!? Está completamente passado! Quando vier para casa olha...vai ser mais do mesmo. 
- Mas ele não costuma ser assim...pelo menos nunca o vi assim. 
- Tens visto o lado mais calmo do Marcos. Mas...que é que se passará para ele estar assim?
- Provavelmente...nós. 
- Vocês? Discutiram?
- O problema é esse...nós nem tempo para discutir temos, Mica. 
- Como assim? - apesar de Micaela ter 14 anos, Ania estava à vontade com ela para falar. Desde muito cedo que se sentia bem a falar com a sua cunhada. 
- Já deves ter reparado que as coisas estão diferentes. 
- Já...mas vocês não estão bem por causa do pouco tempo que têm livre? 
- Pois...e se calhar por causa de outras coisas. Eu e o Marcos não somos um casal normal...há muita coisa que nós não conseguimos fazer como os outros casais. E a culpa é minha. E se calhar ele cansou-se disso - Ania, ao acabar de dizer isto começou a pensar no que tinha dito: Marcos poderia estar a acusar a falta de mais entrega de Ania, mais vida de casal. Desde que estão juntos que não se envolveram sexualmente e talvez seja isso que Marcos precisa. Mas Ania não consegue dar-lhe isso. Ainda se sente demasiado contida no que toca a expor a sua intimidade. 
- Mas...vocês nunca...coiso? - Ania ficara surpreendida com a pergunta de Micaela. Mas gargalhou pelo à vontade com que ela lhe perguntou. 
- Não...e acho que sabes o porque.
- Sim...mas pensei que passado três meses as coisas já estivessem normais.
- Ainda não Mica...não estou preparada ainda. Entendes?
- Sim...claro que entendo. Se calhar devias falar com o Marcos. 
- Pois...talvez seja o melhor. 
As duas acabaram por ficar mais à conversa do que a ver a segunda parte do jogo. Iam vendo, festejaram os dois golos do Estudiantes e ficaram furiosas com a saída de Marcos aos 90 minutos. Marcos tinha aguentado a segunda parte toda sem fazer grandes faltas, mas a um minuto do fim perceberam que ele estava a reclamar por tudo e por nada e o treinador retirou-o do jogo. Ao sentar-se no banco de suplentes era visível no seu rosto que estava furioso. 

Cerca de uma hora depois a casa estava cheia. Não só a família de Ania (menos Lucas que, por razões óbvias, não tinha reatado o contacto com a família); mas estava também a família de Marcos e alguns vizinhos amigos da família. 
Tinham organizado tudo no jardim porque, com o calor desta semana em La Plata, estava uma noite muito agradável. Ania já tinha percebido que Marcos não estava no seu estado normal. Estava agressivo, nervoso, irritado...o que a começava a preocupar. 
Aproveitou que ele se dirigiu à cozinha (onde estavam as bebidas) para ir atrás dele. Não estava lá mais ninguém a não ser eles os dois. 
- Marcos... - Ania preferiu anunciar a sua presença, antes de abraçar Marcos pelas costas. 
- Então princesa? - Marcos virou-se para Ania e parecia ser o outro Marcos. Muito mais alegre...muito mais ele. 
- Que é que se passou contigo hoje?
- Nada...são coisas do jogo. 
- É...por não termos tempo quase nenhum para estarmos juntos? 
- Não...nada disso. 
- Nem por eu não...estar a 100% a dar-te tudo?
- Ania, não a sério. Eu...nós estamos bem e vamos ficar.
- Estamos mesmo, Marcos? 
- Achas mesmo que mentiria?
- Não...
- Então...tudo tranquilo! - Marcos deu um beijo na testa de Ania e ela conseguiu sentir o cheiro do álcool que vinha de Marcos. Estava à pouco mais de uma hora e meia ali em casa e Ania sentia que ainda ia ver Marcos bêbado. Mas também...é para festejar.
Os momentos que se seguiram, só serviu para o casal se aproximar um pouco. Dançaram, falaram, trocaram alguns beijos e carinhos enquanto que todos testemunhavam que eles estavam bem...mas a surpresa da noite estaria por chegar.
Ania estava sentada no baloiço do jardim com um amigo de infância que já não via algum tempo. Estavam a falar sobre os planos deles, a típica conversa das pessoas que já não se vêm há algum tempo. Marcos observava tudo à distância sentido uma ponta de ciúme e acabou por transbordar quando o amigo de Ania, quando se ia a levantar apoiou a sua mão na perna dela. Marcos...perdeu complemente a cabeça indo na direcção do rapaz dando-lhe um murro. Dois. Três. Marcos deu três murros no rapaz que, já estendido no chão, tinha o nariz e a boca a sangrar. 
Entre todos só as vozes de Ania e Micaela se ouviram, para dizerem o mesmo: 
- Marcos! - Marcos olhou para Ania, olhou para Micaela e para a sua mão, que tinha sangue do rapaz. Depressa Ortencia o levou para dentro para lhe prestar os primeiros socorros. 
- Porque é que fizeste isto? Hã? Porque? - Ania deu-lhe um encontrão que parecia ter despertado Marcos para a realidade. 
- Eu...eu não sei. 
- Não sabes!? Sabes sim! Tu sabes! Marcos o que é que se anda a passar contigo? Tu não és o mesmo! 
- Eu...eu...vou embora - Marcos simplesmente não queria dizer nada à pessoa que tinha na sua frente. Sabia que se dissesse tudo o que tinha na cabeça a ia magoar e, apesar de ter bebido demais, sabia que o que iria dizer era o que sentia. Decidiu, por isso, ir embora. Óbvio que Franco, Noelia e Carina foram atrás dele. Mas Micaela não, Micaela ficou estática no seu sítio e quando todos se foram embora foi abraçar Ania. 
- Porque é que não foste com eles? - Ania abraçava-a, mas as duas tremiam como se estivessem a congelar de frio. 
- Porque tu também precisas que alguém fique contigo. 
- Mas...o Marcos é teu irmão.
- E tu minha cunhada. Eu não sei o que é que deu ao Marcos. 
- Nem eu...o Marcos...está tão diferente. 
- Pois está. Ania? - Micaela olhou para Ania - Vocês vão acabar?
- Eu não sei...mas há uma coisa que eu tenho certeza, Mica. 
- Do quê?
- Que eu sou a culpada por estarmos cada vez mais longe um do outro. Ele não me quer dizer, mas eu sei que é isso. 
- Não é nada...
- É. Eu vi isso nos olhos dele. Eu vou a tua casa, eu tenho de falar com ele. 
- Acho melhor não ser agora. É uma perda de tempo, Ania.
- Mica...perda de tempo é ficar aqui. 
- E se não adiantar de nada? E se for pior?
- Não sei...mas eu vou lá.
- Eu vou contigo, então.
Antes de irem para casa de Marcos foram ver como é que o rapaz tinha ficado e, em principio, tinha o nariz partido. "Só fazes é mierda, Marcos!" - eram os únicos pensamentos de Ania. Esses e de que a relação dos dois está prestes a acabar. Ela tem essa noção. 
Em pouco mais de meia hora estavam na casa dos Rojo. Todos estavam na sala e informaram Ania que Marcos estava no quarto a dormir. Antes de se ir embora, Ania quis ir vê-lo. Ao menos a dormir não estaria revoltado como o tinha visto à poucos minutos. 
Ao entrar no quarto deparou-se com Marcos sentado no meio da cama. 
- Eu quero estar sozinho...vai embora, por favor - Marcos olhou Ania com receio de lhe dizer tudo o que precisava de dizer com palavras menos bonitas. 
- Marcos...tu...
- Eu nada. Vai, por favor.
- Mas porque? Que eu me lembre estás para mim como um todo! E se tu estás assim alguma razão é! E eu sei que sou eu, por mais que tu me mintas e digas que não.
Marcos ficou a olhar para Ania...e ela sabia. Ela estava a dizer-lhe aquilo que Marcos sentia, mas não com todas as palavras. 
- Eu não te minto. 
- Não...tu só dizes que não sou eu. Isso é o que? Dizer a verdade? Eu sempre te disse que se existisse alguma coisa que te preocupasse devias falar logo e tu não...mentes. 
- Eu não te estou a mentir! - Marcos levantou o tom de voz, levantando-se também - Eu só não te digo as coisas para tu não sofreres, para não estares pressionada
- Hã? Achas melhor o que vais fazer?
- Como assim?
- Estás prestes a explodir e a dizer-me tudo! E isso sim vai custar o dobro! 
- Talvez seja por isso que eu não queira falar. 
- Mas vais dizer...eu sei que vais. E é antes de eu sair desta casa. 
- Ania...eu amo-te e amo-te mesmo, disso não podes duvidar. Mas esta vida? Esta monotonia? Este sossego? É demasiado para mim. Estamos juntos à três meses e eu só te posso beijar. Não posso levar as minhas mãos do teu pescoço para baixo e aquele hijo de puta meteu-te a mão na perna, meia hora depois de estarem juntos? Eu não suporto! Tu és minha, eu sou teu namorado e ainda nem na cama nos envolvemos. 
- Eu sabia que era isso...
- Não é só isso...eu sou homem e três meses parado? É demais. Eu amo-te mas eu não consigo lidar com tudo. Pensei que com a terapia ficasses diferente mas parece que cada vez te prendes mais à pessoa que queres ser: tu queres permanecer na tua bolha e não sair magoada. Eu entendo e respeito. Mas não aguento... - não estavam a ter uma discussão onde as vozes se levantam e perdem o controlo. Era uma conversa calma, mas que mexia com todos os sentimentos dos dois. 
- E por causa disso fizeste aquilo ao Lorenzo? - Ania olhou para a mão de Marcos que ainda tinha sangue...seco.
- Sou ciumento...e quando ele estava a mexer em ti...não sei. 
- Ele só se estava a levantar. E apoiou-se na minha perna como tu tantas vezes fazes. 
- Foi muita coisa. 
- E porque mentir? Dizeres que está tudo bem e depois é isto?
- Eu não quis mentir...eu só queria que se resolvesse tudo sem ter de te contar o que sinto. 
- Acho melhor...ficarmos um tempo separados...eu vou embora Marcos...eu não quero nem sequer pensar que isto tudo...é porque eu não te dou...a minha intimidade. Sabes o que se passou comigo...esperava respeito, um bocadinho mais de respeito - Ania saiu do quarto de Marcos, mas este foi atrás dela puxando-a pelo braço - estás a aleijar-me Marcos - a força que ele fazia no braço de Ania era proporcional ao nervosismo que ele tinha. 
- Não te podes ir embora. 
- Porque? Não és meu namorado...pelo menos não agora. 
- Tens a certeza? 
- Tenho Marcos...tu estás uma pessoa diferente, precisamos de tempo e de clarear a cabeça... tu estás tão violento que isso se viu em campo! - Ania conseguiu soltar-se da mão de Marcos, dando-lhe uma chapada - lembra-te dessa chapada cada vez que te lembrares de mim. Pode ser que te passe a doer mais a ti do que me doeram mais as tuas palavras ali dentro. 
Ania desceu as escadas, deparando-se com todos na sala a olharem para ela. 
- Tinhas razão Mica...foi uma perda de tempo, mas ficou tudo...resolvido. Espero vê-los em breve noutras condições. Buenas noches
Ania não esperou qualquer respostas, saiu de casa deles, meteu-se no carro e foi em direcção à praia. Não queria ver os pais, nem os irmãos. Precisava de estar sozinha. Assim que meteu os pés no areal começou a caminhar indo até à beira mar. Sentou-se na areia com uma distância de segurança e perdeu-se na escuridão que tinha à sua frente. 

Ania: 

Ter a confirmação de que aquilo que eu pensava estava certo...é como levar um murro e ficar completamente inconsciente. O Marcos podia ter dito as coisas de outra maneira, podia ter dito tudo o que sentia à medida que os sentimentos iam surgindo. E as coisas iam-se resolvendo. Eu não sei como estar mais intimamente com ele...estou preparada para isso e dar-lhe-ia tudo se ele o tivesse pedido. Mas ser eu a tomar a iniciativa? Não o sei fazer. 
Um tempo...um tempo para pensar, para ver o que isto é...mas custa. Amá-lo desta maneira custa porque queria passar a maior parte do meu tempo livre com ele...e agora nem isso tenho.
Uma lágrima caiu. E depois outra...e outra. É claro que custa. Olhei montes de vezes para a lista telefónica do telemóvel, para o número dele...quero que esteja tudo bem! Iria precisar de desabafar com a minha mãe...ela precisa de saber e eu de ouvir o que ela tem a dizer. Mas amanha...hoje não. 
Peguei no fones, coloquei-os no telemóvel e depois nos ouvidos. Precisava de música. Uma qualquer, precisava de ouvir palavra que poderiam ajudar. 
Aleatório. 1, 2, 3, é esta. No visor? Rihanna - Stupid In Love. A pior que poderia ter calhado...mas talvez precisasse de a ouvir neste momento. 



Let me tell you something (Deixa-me dizer-te algo)
Never have I ever been a size ten in my whole life (Nunca tive um tamanho dez em toda minha vida)
I left the engine running (Deixei o motor ligado)
I just came to see (Eu só vim para ver)
What you would do if I (O que tu farias se eu)
Gave you a chance to make things right (Te desse uma chance de fazer as coisas certas)
So I made it even though Katie (Então eu o fiz, apesar do que Katie disse)
Told me that this would be nothing but a waste of time (Ela disse-me que isso seria pura perda de tempo)
And she was right (E ela estava certa)
Don't understand it, blood on your hands (Não entendi isto, sangue nas tuas mãos)
And still you insist on repeatedly trying to tell me lies (E tu ainda insistis-te varias vezes tentando dizer-me mentiras)
And I just don't know why, oh (E eu apenas não sei porque,oh)

Tudo aquilo fazia sentido. Todas aquelas palavras estavam certas para o momento, para o que tinha acontecido. Era tudo o que se tinha acabado de passar em casa do Marcos. 

This is stupid (Isto é estupido)
I'm not stupid (Eu não sou estúpida)
Don't talk to me (Não fales comigo)
Like I'm stupid (Como se eu fosse estúpida)
I still love you (Eu ainda te amo)
But I just can't do this (Mas eu apenas não posso fazer isto)
I may be dumb (Eu posso ser burra)
But I'm not stupid (Mas eu não sou estúpida)

Estúpida é coisa que nunca fui. Nunca conseguiram esconder coisas de mim por muito tempo e, talvez, o Marcos não se tivesse apercebido disso mas eu tinha conseguido perceber tudo o que ele estava a sentir. Talvez porque eu já tivesse percebido à muito tempo que o Marcos procurava algo mais na nossa relação...mas só há pouco mais de um mês é que me sinto preparada para me entregar a ele...e não o sei fazer sozinha, nem sabia como falar com ele sobre isto. 

My new nickname is you idiot (A minha nova alcunha é "sua idiota")
Such an idiot (Tão idiota)
That's what my friends are calling me (É assim que os meus amigos me estão a chamar)
When they see me yelling into my phone (Quando me vêem a gritar ao telefone)
They're tellling me let go (Dizem para eu deixar ir)
He is not the one (Ele não é o tal)
I thought I saw your potential (Eu pensei ter visto o teu potencial)
Guess that's what makes me dumb (Acho que é isso que faz de mim burra)
He don't want it, not like you want it (Ele não quer isto, não como você quer isto)
Scheming and cheating (Intrigas e traições)
Oh girl, why do you waste your time (Oh rapariga, porque é que você gasta o seu tempo)
You know he ain't right (Sabes que ele não está certo)
They're telling me this (Estão a dizer-me isso)
I don't wanna listen (Eu não quero ouvir)
But you insist on repeatedly trying to tell me lies (Mas tu insistes varias vezes tentando dizer-me mentiras)
And I just don't know why (E eu apenas não sei por que)

Mais que uma vez, ao longo destes três meses, que me foram avisando que o Marcos não era bem a pessoa que ele aparentava ser. Eu sabia disso, o Marcos tinha-me contado tudo o que se tinha passado quando o pai dele morreu. Mas eu não o poderia julgar porque fiz exactamente o mesmo. 
O meu irmão, Martín, acabou por me falar em traição...que, mais tarde ou mais cedo ele ia ceder com outras. Porque é homem e precisa de certo tipo de coisas. Coisas que eu não sei dar. 

This is stupid (Isto é estúpido)
I'm not stupid (Eu não sou estúpida)
Don't talk to me (Não fales comigo)
Like I'm stupid (Como se eu fosse estúpida)
I still love you (Eu ainda te amo)
But I just can't do this (Mas eu apenas não posso fazer isto)
I may be dumb (Eu posso ser burra)
But I'm not stupid (Mas eu não sou estúpida)

Trying to make this work (Tento fazer que isto resulte)
But you act like a jerk (Mas tu ages como um cretino)
Silly of me to keep holding on (inocente eu, por continuar a esperar)
But the dunce cap is off (Mas o chapéu de burro saiu)
You don't know what you've lost (Tu não sabes o que perdeste)
And you won't realize till I'm gone, gone, gone (E não vais perceber até eu ter ido, ido, ido)
That I was the one (Que eu era a única)
Which one of us is really dumb (Qual de nós é realmente idiota)

I'm not stupid in love (Eu não sou estúpida apaixonada)

O problema...é que eu sou mesmo estúpida, sou completamente estúpida. E estou completamente apaixonada. 

Marcos saiu de casa no segundo a seguir a Ania. As coisas não podiam ficar assim só porque ele é "uma besta do tamanho do mundo" segundo ele próprio. Ele precisava de a seguir e garantir que falavam com mais calma. Porque Marcos estava mais calmo, porque a chapada dela o tinha acalmado. 
Quando a viu chegar à praia, percebeu que não era o único. O pai dela estava lá também e, por isso, decidiu ir embora. 
Ania, continuava sentada no areal, agora sobre o olhar atento do seu pai. Mas aquela mágoa, aquele peso na consciência de que tudo estava acabado porque ela não é mulher suficiente...dá cabo dela. E, num impulso, levantou-se...e dirigiu-se ao mar. Começou por molhar os pés, depois os joelhos até que ficou com a água pela cintura. 
- Mas o que é que tu pensas que estás a fazer? - dentro de água ela já estava acompanhada. Pela única pessoa que tinha ficado a olhar por ela, a única pessoa que, por mais que não seja a esperada, é capaz de a salvar. A única que a salva sempre pensado que o melhor da sua vida, é Ania. 


Olá meninas! Talvez achem o capitulo um pouco secante, mas espero mesmo que não. Nem sabem o quanto eu me senti "bem" ao escreve-lo porque é, talvez, dos capítulos mais importantes para a história. E, em breve, entenderão o porque.
Espero os vossos comentários.
Besos.
Ana Patrícia Moreira.