sexta-feira, 30 de maio de 2014

27 - “Mas…como é que eu não vos conheço?”

 - O que é que se passa com eles? Fala, Ania! – Ania ainda estava a digerir um pouco aquilo que a sua mãe lhe tinha acabado de contar. Conheceu Valentín Viola [o jogador de futebol] e a sua namorada, Valentina, no dia seguinte à viagem de Marcos. E foi, no mínimo, especial esse momento.

Lembrança ON – Ania

Como é que é possível aguentar tanto tempo sem o ter aqui por casa? O Marcos foi embora nem à 24h e eu já não aguento com saudades dele…continua aqui por casa o cheiro dele, algumas coisas dele, mas falta o seu corpo, o contacto, as palavras. Falta ele.
Estar deitada nesta cama sem ele…é tão estranho. Parece que a cama ganhou mais centímetros, que está maior…mas a cama é a mesma, falta-lhe é a outra metade. Não estou com grande cabeça para ir trabalhar, enfiar-me no café e estar com pessoas…por mim ficava aqui o resto do dia, nesta cama.
Mas não…tinha de me preparar para ir trabalhar e ver quem é que tocava à campainha a estas horas da manha (sim, porque às 6h são poucas as pessoas que estão acordadas).
Vesti o robe que estava ao fundo da cama, calcei os chinelos e fui até à porta. Ao espreitar pelo óculo da porta percebi que eram duas pessoas. Um rapaz e uma rapariga que nunca antes tinha visto na vida.
- Quem é? – antes de abrir a porta tinha de saber quem eram…se fosse para vender alguma coisa inventaria uma desculpa qualquer.
- Valentín Viola, sou amigo do Marcos. Podes abrir – amigo do Marcos…do Estudiantes não é porque eu conheço quase todos do plantel. E, se é amigo dele, deve saber que ele não está cá. Abri a porta, só assim iria ter respostas às perguntas que tinha na minha cabeça.
Ao abrir a porta, percebi que eles traziam, com eles, malas de viagem…e mais perguntas surgiram.
- Bom dia… - Comecei, um pouco à nora, sem saber que mais dizer.
- Bom dia, Ania – a rapariga falou, olhando directamente para mim.
- Bom dia! Bom, tu deves estar completamente baralhada com tudo isto, não?
- Um bocado sim, mas…entrem.
- Obrigado – os dois entraram, com as suas malas, e eu fechei a porta ficando de pé junto deles na sala – Bem…o Marcos ainda não deve ter falado contigo…porque se o tivesse feito saberias quem nós somos.
- Pois…ele está em Moscovo, não sei se sabem…
- Sim, sabemos! E nós falamos com ele ontem quando ele já estava a embarcar.
- Sim…
- Pois, e nós bem…primeiro: eu sou o Valentín e ela é a minha namorada, a Valentina.
- Eu sou a Ania…já sabem.
- Já sabemos já…o Marquitos não fala de outra pessoa para além de ti – respondeu a Valentina. Era perceptível que os dois estavam à vontade ao falarem comigo…o que até era bom.
- Mas…como é que eu não vos conheço?
- Nós estivemos em Buenos Aires desde o inicio da época, eu estive lá a jogar – começou o Valentín – daí não termos sido apresentados como deve ser.
- Ah…percebido!
- Bom…se calhar era melhor ligares ao Marcos…ou tentares uma vídeo chamada.
- Vídeo chamada parece melhor…sentem-se – sentámo-nos todos no sofá, o Valentín ao meio com o computador no colo. Abri o skype e o Marcos estava online. De imediato começámos a chamada e, quando a imagem dele apareceu no ecrã o meu coração pareceu partir-se em pedaços minúsculos. Era visível que ele estava triste, que ele estava cansado…parecia um Marcos completamente diferente.
- Buenos dias! – Dissemos todos, animados…fazendo com que um sorriso se formasse nos lábios dele.
- Buenas tardes!
- É tarde aí…aqui são quase seis e meia da manhã oh minha preciosidade! – Pela maneira como o Valentín falava com o Marcos, percebia perfeitamente que a amizade deles não era de agora.
- Se trocasses de lugar comigo é que era uma preciosidade!
- Ei, já com saudades da miúda? Acalma lá o foguete…
- Valentín! – Tanto eu como a Valentina o chamamos à atenção…
- Agora, em vez de uma, tens duas a controlarem os disparates que saem dessa boca. Cinderela… - eu estava a rir-me mas…o “Cinderela…” mexe tanto cá dentro. Uma vontade enorme de chorar, de correr até ele, de ser dele…só queria que ele estivesse aqui, connosco.
- Gordi…
- Tenho tantas saudades tuas…
- Marcos…não, por favor… - ir falar em saudades, distância e nós só iria ser pior…
- Amo-te muito, meu amor um certo brilho no seu olhar apareceu…e em mim a vontade de chorar era cada vez maior.
- Eu também te amo muito, amor meu.
- Vá. Vá, vocês têm muito tempo para essas coisas depois – o Valentín interrompeu aquela minha troca de palavras com o Marcos e, sinceramente, era o melhor – tens de explicar à tua namorada o que é que eu e a Vali estamos aqui a fazer – Vali…deve ser a forma carinhosa como ele trata a Valentina…que fofos.
- Ania…
- Sim…?
- Bom…o Vi e a Vali deve ter feito uma cara mesmo estranha de confusão, porque todos eles se riram – o Viola e a Valentina. Vi e Vali.
- Ah! Entendido!
- Pronto…eles os dois estavam em Buenos Aires, mas agora regressaram a La Plata. O Vi vai estar parado, lesionou-se no ombro e não vai jogar mais… - olhei para o Valentín através da imagem que vinha do ecrã do computador e percebi que ele, nesse momento, parecia mais em baixo.
- Ele joga com a Valentina… – Tentei…dizer algo menos dramático e consegui fazer com que eles sorrissem.
- Se jogarem…isso é aí com vocês os três. Cinderela…a casa não é só minha e eu devia ter falado logo contigo mas com a viagem foi complicado…
- Não é preciso continuares…eles ficam cá, desde que o Viola faça o jantar duas vezes por semana.
- Concordo! Apoiado, apoiadíssimo! – A Valentina concordou comigo, fazendo com que eu e o Marcos gargalhássemos com aquilo. O Viola…esse permanecia estático a olhar para o ecrã.
- Puto…tu foste arranjar uma rapariga…que olha, agora tenho de cozinhar!?
- Olha…a minha rapariga é a melhor. E tu cozinhas bem…não te vai custar muito fazer aí jantar para a minha Cinderela e para a tua Rainha.
- Depois se a rapariga quiser ir jantar sempre a minha casa, eu não tenho culpa.
- Está aqui uma pessoa a elogiar-te e sobe-te logo o elogio à cabeça!

Lembrança OFF

Ania tinha passado a viver com Vi e Vali e, os dois, tinham-se tornado das pessoas mais importantes no seu dia-a-dia. Eram eles que estavam em casa quando Ania chegava do trabalho, era Valentín que a tentava animar quando as saudades apertavam, era Valentina que a ouvia e lhe dava abraços e beijinhos quando o choro tomava conta de Ania.
- É…bem…é uma coisa que nenhum de nós estava à espera.
- Conta-me! – Marcos estava impaciente e levantou um pouco a voz esquecendo-se que Salomé estava a dormir. Quando se apercebeu que tinha falado mais alto, olhou para a menina que, felizmente, continuava a dormir – Vá, Cinderela, conta-me.
- Eles vão…aliás eles…ai, eles vêm para cá.
- Para cá…para aqui? Para Moscovo?
- Sim! O Viola como está em recuperação vem fazer uns tratamentos cá…numa clínica qualquer!
- Ai…que bom! Há tanto tempo que não estou com ele! Vêm quando?
- Para a semana…mas ainda não acabou Marcos…
- Ainda há mais?
- Há…eles casaram.
- Eles o que!?
- Sim. Eles casaram…em segredo. Só os dois. Não convidaram ninguém e fizeram-no tudo às escondidas a noite passada.
- Olha…nem sei o que dizer. Estás a falar a sério?
- Estou! Eles casaram! A Valentina e o Viola casaram! Eles são tão lindos… - Ania encostou-se no sofá, lembrando-se de um momento em particular que pôde presenciar onde verificou que Valentín e Valentina eram sinónimo de amor eterno.

Lembrança ON – Ania

Chegava a casa depois de mais um dia de trabalho no café…e só me apetecia correr para o computador e falar com o Marcos. Mas sabia que tinha o Valentín e a Vali à minha espera…sei que lhes devo imenso pelo que têm feito por mim nestes dias e que merecem o carinho e amor que lhes consigo dar.
A casa estava estranhamente calma. Não os ouvia e pude constatar que não estavam na sala. Comecei a ouvir uns risinhos e, se tivesse sido só isso que ouvi, pensava que eles estavam em vias de facto. Mas não…eles estavam os dois na cozinha, a Vali a descascar batatas e o Valentín a arranjar morangos. Eu sei que é feio…mas fiquei apenas a observá-los.
- VI…estás a fazer isso tudo mal, amor – dizia a Vali.
- Eu não posso saber fazer tudo…
- Sim, mas também estás a fazer isso mal. E tu sabes fazer bem, coisa boa.
- Vali…não tenho tanta força no braço…dá desconto à tua coisa boa, sim?
- Tens razão, amor da mina vida – a Valentina deixou as batatas, pegando nas mãos do Valentín – tens dores?
- Não muitas…hoje está controlado.
- Hum…quero tanto que fiques bem, amor.
- Isto vai passar, Vali. Demora, chateia, mas passa.
- Só quero que os nossos filhos sejam tão fortes como o papá deles.
- E perfeitos como a mami deles – os dois beijaram-se...eu não poderia acabar com o momento deles os dois. Fui até ao meu quarto onde encontrei o computador…era hora de me ligar ao amor da minha vida.

Lembrança OFF

- Ania…?
- Hã?! – Estar a pensar no que viveu com os dois tinha feito com que se abstraísse do sítio onde estava e acabasse por “esquecer” que tinha Marcos consigo.
- Estavas para aí a pensar no que?
- Neles os dois…
- Com esse ar todo apaixonado…?
- Sim…eles são tão unidos, apaixonados…não sei, são especiais.
- Nós somos mais… - Marcos aproximou-se de Ania, deitando a sua cabeça no ombro dela.
- Somos…diferentes. Eles são eles…nós somos nós.


- Vá, veste-te tu…
- Então e tu? Não te vestes? – Marcos fazia tal pergunta a Ania, visto que ela permanecia deitada na cama.
- Ainda tenho a roupa nas malas…vais tu entregar a menina ao Nico quando eles chegarem.
- Mas eles vêm cá acima.
- Sim…mas tu dizes que eu estou a dormir ainda…a viagem cansou-me.
- Só tu, Ania Gottardi!
- Ei…vá, dá-me uma camisa tua.
- Para que?
- Me vestir e ir fazer o pequeno-almoço.
- Toma – Marcos atirou uma camisa dele para cima da cama. Ania vestiu-a e os dois foram até à sala com Salomé.
Depressa a campainha tocou e Ania foi até à cozinha. Marcos entregou Salomé aos pais e, depois de lhes entregar tudo o que pertencia à menina, despediu-se deles fechando a porta.
Foi até à cozinha, onde encontrou junto da bancada a cortar pão.
- Enfim sós – Marcos não resistiu e avançou na direcção da rapariga. Como esta estava, apenas, com a camisa dele vestida, tudo se tornou mais ardente, mais violento, mais fugaz.
Marcos colocou as suas mãos nas coxas de Ania, subindo-as lentamente até às nádegas da namorada. A rapariga sentiu-se a fervilhar por dentro, o seu coração estava a bombear mais rapidamente, sentiu o desejo de ser seduzida a consumi-la. Marcos mostrava uma outra faceta do sexo entre os dois. Até então era tudo muito calmo, sem grandes investidas de surpresa porque poderia assustar Ania. Mas hoje…hoje arriscou e sabe que o fez por bem.
Virou o corpo de Ania para si e os dois beijaram-se intensamente. Ania levou as suas mãos à cabeça de Marcos e, sendo um pouco bruta, mexia-lhe no cabelo. Deixou os lábios do namorado e mordiscou-lhe o pescoço, mostrando a Marcos que, também ela queria que as coisas avançassem de uma forma bruta, com desejo, amor e paixão.
Marcos agarrou na cintura de Ania, levantando-a do chão, e sentou-a em cima da bancada. Daquela forma Ania conseguiu morder as orelhas de Marcos, mexer-lhe nas costas e abdominais e, sendo ousada e provocadora, levou as suas mãos ao interior dos boxers de Marcos deixando-o ainda mais excitado.
Ele, por sua vez, também soube usar a namorada. O facto de Ania apenas estar em camisa e cuecas só o fez ser ainda mais…”possessivo”. Queria-a para ele, as suas mãos andaram nas coxas dela, nas costas, nos peitos. Beijou-lhe os lábios, o peito, a barriga e, mesmo antes que se consumissem um ao outro, ouviu o gemido mais alto daquele momento de Ania ao ser ousado e deitá-la na bancada usando a sua mão para a excitar.
Os dois pensaram em ir para a cama, ou sofá…mas sentiam-se demasiado embrenhados um no outro para saírem dali.




Eram cerca das 17 horas e os dois passeavam pelas ruas de Moscovo. Era fácil e bom andar por Moscovo. Ainda ninguém conhecia Marcos (ainda não tinha sido apresentado no clube e desconhecia-se o interesse nele) e os dois conseguiam passear sem terem interrupções de fãs.
- Marcos, vamos parar um bocadinho… - pedinchava Ania, puxando Marcos para o bando que estava ali perto.
- Estás assim tão cansada?
- Olha…fiz uma viagem longa, tomámos conta de uma menina e aquela bancada de tua casa deixou as minhas costas feitas num oito – os dois sentaram-se no banco e Marcos ficou a olhar para Ania – que foi…?
- O que é que te deixou as costas feitas num oito?
- A bancada…tu! Foste tu! Coitadinha da bancada…estava a culpá-la sem razão.
- Pensei que me ias dar para trás.
- Porque?
- Por…ter sido impulsivo.
- Foi tão bom Marcos! – Os dois beijaram-se e, por momentos, apenas apreciaram a vista.
Ania aproveitou para fotografar diversas coisas e partilhar com a família o sítio onde estavam.

Primeiro dia em Moscovo: sol e pouco frio. Ontem ao fim do dia nevava...acho que me vou dar bem aqui.
Depois de estarem um bocado sentados, os dois voltaram a andar e a ir até um pequeno jardim escondido com pouca gente. Os dois passeavam de mão dada e Ania sentia que Marcos estava a tremer.
- Gordi…o que é que se passa?
- Porque?
- Estás a tremer…e não está frio. Estás nervoso com alguma coisa?
- Estou…
- Então? Que se passa?
- Isto não é fácil…
- O que, Marcos? Estás a assustar-me…
- Não…não vale a penas assustares-te.
Os dois pararam e ficaram a mirar tudo à sua volta…ainda de mãos dadas, Marcos colocou as duas mãos junto do seu coração fazendo com que Ania olhasse para ele.

- Isto é das coisas mais importantes que tenho de fazer…das coisas que mais medo tenho de fazer. Mas é o que mais quero…é aquilo que mais quero neste momento. Casas comigo?

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Parabéns...atrasados!

Olá meninas (e meninos se andarem por aí!)

Por motivos pessoais foi-me impossível escrever esta mensagem no dia em que a fic comemorou um ano de existência. Pois bem, é verdade, já passou um ano desde que iniciei a Your Love Is Breaking The Law.
Por isso: parabéns a todos nós! 


Agradeço a cada um que lê, a cada um que comenta e que está desse lado desde o inicio! Muito obrigada a vocês por fazerem com que eu não desista de escrever!

Aproveito este momento para pedir-vos desculpa! Tenho andado com pouquissimo tempo livre e queria ter celebrado o marco de um ano com capitulo. Foi completamente e, nos próximos dias também não será fácil. Espero que compreendam e que permaneçam desse lado!

PARABÉNS A NÓS! PARABÉNS A VOCÊS!

sexta-feira, 2 de maio de 2014

26 - “Quem nasceu para ser mãe…faz as coisas com naturalidade.”

- Mas o que é que tu estás a fazer!? – Ania não esperava encontrar aquele cenário na sala. Marcos estava com Salomé “ao colo”, não era a posição mais confortável, nem a mais indicada para uma bebé. Marcos estava com a menina como se esta fosse um saco de batatas e rodopiava-a pelo ar.
Óbvio que a menina se ria e gargalhava, mas Ania ficara realmente preocupada. A sua experiência com bebés era quase nula…tinha uma vontade enorme de ser mãe, mas colocar em prática o que uma mãe faz no dia-a-dia…nunca o tinha feito.
- Estou a brincar com a Salomé! – Marcos estava uma pessoa completamente feliz. Via-se perfeitamente que, naquele momento, não poderia estar mais feliz. Acabou por parar, colocando Salomé correctamente nos seus braços – Eu sei pegar em bebés, não te assustes! – Piscou o olho à namorada, sentando-se no sofá. Ania seguiu, sentando-se ao seu lado.
- Assustaste-me mesmo…por momentos pensei que…sei lá, não soubesses o que fazer com a menina.
- Quando a minha irmã mais nova nasceu eu tinha 8 anos, tive um primo quando tinha 18 e pegar em bebés sempre foi especialidade de Marcos Rojo – Ania riu-se, esticando o biberão na direcção de Marcos.
- E dar biberão…era especialidade também?
- Isso já não…não se pode pedir tudo, não é? Embalar, pegar e até mudar fraldas eu consigo…biberão nunca consegui.
- Então…eu tento – Marcos notou que Ania estava insegura. Os dois são muito novos, ela apenas tem 19 e ele 20…esquecem-se um pouco disso, mas é a realidade. Marcos passou Salomé para o colo de Ania com cuidado, que segurou na menina, também, com extremo cuidado.
- Quem nasceu para ser mãe…faz as coisas com naturalidade. – Os dois olharam-se, mas Ania nada disse…a conversa sobre bebés e estarem a tomar conta de Salomé, estava a mexer (demasiado) com o seu sonho, o seu desejo, o objectivo de ser mãe.
Rapidamente começou a dar o biberão a Salomé. Percebeu que a menina estava a beber o leite como deve ser, que não se engasgava e que estava numa posição confortável. Estava petrificada a olhar para a menina, quando sentiu um dedo de Marcos passar pelo seu braço. Olhou-o e viu um sorriso enorme nos lábios do namorado.
- Estou…a fazer bem? – Ania não sabia bem o que dizer…aquele momento estava a ser demasiado emocional para ela e ter os olhos do namorado colocados sobre ela, tornava-o ainda mais especial.
- Tal e qual como uma mãe faz…vais ser a melhor mãe que os teus filhos terão – Marcos encostou a sua testa na de Ania, que deu um curto beijo ao namorado.
- E tu serás o melhor pai que os teus filhos vão ter…eu não queria ter gritado quando entrei na sala…mas pensei que estivesses a tentar calar a menina a todo o custo.
- Tens-me em tão boa consideração…
- Não é isso.
- Eu sei…estavas preocupada e é normal – os dois permaneciam a olhar um para o outro, quando Salomé agarrou na mão de Ania que segurava o biberão. De imediato, Ania colocou os seus olhos sobre Salomé e percebeu que o biberão já estava no fim.
- A bebé já papou quase tudo! – Ania falou com um tom de voz completamente para Salomé, era um tom doce, quase que angelical. Salomé esboçou um pequeno sorriso, levando Ania a retirar-lhe o biberão – É suposto fazer alguma coisa agora, não é?
- Sim. Tens de lhe dar umas palmadas nas costas para ela arrotar.
- Eu não vou bater na menina! – Ania estava um pouco confusa com o que Marcos lhe dizia. Na sua cabeça, não fazia sentido ter de dar palmadas nas costas de Salomé. Marcos, por perceber que Ania não sabia mesmo ao que ele se referia, desatou a rir que nem um perdido – Porque é que te ris dessa maneira?
- Ania… - Marcos não conseguiu parar de rir até que Ania lhe deu uma palmada no braço.
- Tu é que precisas de palmadas, é?
- Mi amor… - Marcos ainda se ria, mas mais controlado – eu não disse para bateres na menina.
- Dar palmadas é com carinho, por acaso? Acabei de te dar uma porque estavas a ser parvo e a rir-te sem motivo nenhum.
- Ania…meu amor, minha coisa boa…
- Agora vens com “meu amor” e “coisa boa”?
- Ania, eu estava a rir porque…tens de lhe dar umas palmadinhas nas costas para ela arrotar, mesmo. De verdade.
- Mas…assim magoou-a.
- Não é para ser como a palmada que me deste…nunca viste alguém fazer?
- Não. Conheci um bebé até agora e ele não gostou de mim.
- Esse bebé devia estar bêbedo…quem é que não gosta da minha princesa? – Marcos, ao mesmo tempo que fazia a pergunta a Ania, pegava em Salomé – Tens de fazer assim… - Marcos colocou a cabeça de Salomé junto ao seu peito, dando-lhe suaves palmadinhas nas costas.
Ania percebia que Marcos sabia o que estava a fazer. A naturalidade dos seus actos transmitiam certas certezas a Ania: a primeira era que Marcos tinha nascido para ser pai, aquele à vontade só era a prova disso; a segunda era que eles estavam os dois felizes, estavam um com o outro e nunca se iriam separar; outra…e talvez a mais importante, era que Ania queria ser mãe de todos os filhos de Marcos.
Não consegue imaginar a sua vida sem ele. Marcos foi como um novo começo para ela, como uma tranquilidade e paz que entraram na sua vida.
- Porque é que estás a chorar…? – Marcos olhava para Ania que tinha lágrimas a escorrer-lhe pela face por tudo o que se estava a passar e por tudo o que se tinha lembrado. Marcos aproveitou para colocar Salomé na alcofa pegando, de seguida, nas mãos da namorada.
- Tinha saudades tuas…e agora estamos assim…com a menina aqui. Estás a fazer com que eu pense no meu maior sonho, com que eu continue a procurar a Ania de sempre. Fazes-me sempre bem…mais que bem e estas lágrimas são apenas de felicidade. – Ania não resistiu e sentou-se em cima das pernas de Marcos, abraçando-o ficando bem junto dele – Tenho alturas que só quero deixar tudo lá em La Plata e ficar sempre contigo.
- Porque não o fazes? – Marcos olhou-a, colocando as suas mãos nas costas dela.
- Não posso…eu não posso simplesmente sair de lá e vir para aqui sem saber falar russo…eu não viria para aqui se não tivesse um trabalho, algo que me desse dinheiro para cá ficar.
- Sabes bem que dinheiro não é problema…
- Eu não vou viver às tuas custas! Nem penses…és meu namorado, não meu pai. Em La Plata temos a nossa casa, as nossas coisas, que os dois estávamos a construir…aqui era diferente. Eram as tuas coisas…e eu estaria aqui só a comer e beber à tua pala.
- Ania!
- Marcos, não…não, não, não – Ania conseguiu fazer com que os dois ficassem deitados no sofá apenas com um movimento e deu um beijo a Marcos – não vamos falar disso.
- Mas amanhã falamos! Eu vou querer-te aqui a viver comigo com ou sem trabalho.
- Depois vê-mos isso – Ania voltou a beijá-lo e reparou que Salomé havia adormecido – olha…ela adormeceu.
- Segundo o Nico, só acorda amanhã de manhã.
- Dorme a noite toda?
- Ele disse que sim…
- Ela dorme cá?
- Sim…eles precisavam mesmo de uma noite só os dois.
- Eu percebo…
- Pois…eu também percebo que nós os dois…tu e eu – Marcos começou a roçar o seu nariz no ombro de Ania, beijando-lhe o pescoço – também estávamos a precisar de uma noite só os dois.
- E vamos ter…sossegadinhos, agarradinhos e quentinhos, um com o outro.
- Hum…e não podemos aquecer um com o outro…da forma mais rápida que conheço?
- Queres ir correr?
- Pronto…eu não insisto – Marcos percebia que Ania estava a “recusar-lhe” um momento mais deles.
- Não é isso, Marcos…podias insistir que eu era toda tua. Mas…estou cansada, a viagem cansou-me tanto…e quero miminho, só miminho.
- Eu dou só miminhos, então – Marcos puxou Ania para si, ligando a televisão. Agarrá-la, tocar-lhe…só isso já era, realmente, o suficiente.
Ania pegou no telemóvel verificando se tinha ou não mensagens. Percebeu que estava no modo silencioso e que não tinha reparado que os seus pais já tinham ligado.
- Esqueci-me completamente de ligar aos meus pais…
- Liga agora, bebé – Marcos deu-lhe um beijo na testa, encostando a sua cabeça na de Ania.
- Eu já ligo – Ania ligou-se à internet, vendo todas as novidades. Partilhou, também, uma foto que acabara de tirar:

Um mês de 31 noites assim...contigo, meu herói
Ania, de seguida, telefonou à sua mãe. Depois da típica conversa de mãe preocupada com a sua filha, uma novidade chegou. Ania não esperava tal coisa…pelo menos neste momento. Depois de desligar a chamada, sentou-se no sofá olhando Marcos.
- Que é que se passa? Parece que foste apanhada de surpresa…
- E fui…
- Mas é alguma coisa de mal?
- Não…antes pelo contrário…
- Então!?
- Tem a ver com os Valentinos… - Valentinos = Valentín e Valentina. Dois grandes amigos de Marcos e, no momento, os melhores amigos que Ania tem em La Plata. O que a mãe lhe tinha acabado de contar estava relacionado com eles…mas Ania ficara tão surpresa…que poderia jurar que era uma partida.