- Estávamos aqui a falar...e a Ania estava a dizer que não era capaz de fazer tudo à tua frente - respondeu a minha mãe.
- Pensava que confiavas no teu pai...
- Pai, confiar é uma coisa...contar-lhe tudo o que faço é outra... - fui ter com ele e dei-lhe um beijo na bochecha - mas será dos primeiros a saber de tudo o que se passa na minha vida.
- Fico feliz por saber isso.
Ficámos a ajudar a minha mãe a fechar as contas do dia e, depois de fechar bem o café, fomos para casa.
22:15h
Estar sem fazer nada não é para mim...estar aqui enfiada no quarto com uma noite super agradável lá fora é de dar em doida.
Peguei no telemóvel...percorri a minha lista de contactos a ver quem é que poderia ir sair comigo. Não podiam ser as meninas da faculdade...não são daqui. E também não vou ligar a pessoas daqui que nem me dou bem com elas...Marcos! O Marcos tinha deixado o número de telemóvel dele na minha lista de contactos do telemóvel. Procurei, procurei...mas não estava como Marcos...nem Faustino. Voltei a percorrer cada um dos contactos:
- Príncipe ? Faz sentido... - falei sozinha e iniciei a chamada.
Demorou algum tempo para que atendesse a chamada.
"- Estou?"
- Marquitos!
"- Cinderela..." - que sentido o dele de me surpreender.
- Tenho uma proposta para ti.
"- Chuta."
- Estás ocupado?
"- Não. Acabei de jantar à pouco e ia agora deitar-me a ver televisão...mas com uma noite destas nem apetece."
- Exactamente. Que me dizes de irmos dar uma volta? Vamos dançar, num daqueles bares junto da praia...não entramos e não damos nas vistas.
"- Aviso-te já que sou pé de chumbo."
- Isso é um sim?
"- Mas eu ia alguma vez recusar estar com a minha Cinderela?"
- Vais continuar a chamar-me isso?
"- Até acho que gostas..."
- Até que é fofinho...
"- É só para veres que estou calminho...não prometo nada é quando estiver contigo."
- É bom que te mantenhas calmo.
"- Não vou prometer nada."
- Vou arranjar-me. Encontramo-nos onde?
"- Posso apanhar-te ao pé de tua casa..."
- Podes...se esperares ao fundo da rua. Sabes onde moro, portanto...
"- Sei...mas não te preocupes que não me meto contigo à noite."
- Tu...tens a boca do tamanho de sei lá o que!
"- Queres mesmo entrar por aí?"
- Não!
"- Só digo o que tenho a dizer na altura certa."
- Vá. Vemo-nos daqui a meia hora, pode ser?
"- Pode."
- Então até já.
"- Até já cinderela."
Desliguei a chamada e fui trocar de roupa e maquilhar-me.
Desci até ao andar debaixo e encontrei os meus pais na sala.
- Vou sair papis.
- E vais onde? - perguntou o meu pai.
- Vou até a um dos bares da praia com umas amigas que estão de passagem.
- Precisas que te vá lá deixar?
- Fica tranquilo...elas vêm buscar-me e vêm trazer-me.
- Diverte-te Ania!
- Gracias madre! - dei dois beijos a cada um e sai de casa.
Caminhei até ao fundo da rua e ainda não havia sinais do Marcos. Esperei cerca de dois minutos para avistar o carro dele. Vinha a fazer sinal de luzes...queria mesmo que eu o visse não?
Ele parou o carro à minha frente e eu entrei nele.
- Vinhas a dar um show de luzes?
- Não brilham mais que tu.
- A serio...Marcos... - olhei para ele, pela primeira vez na noite, e surpreendeu-me com duas rosas vermelhas.
- São para ti - esboçou um sorriso contagiante, super meigo e super sincero.
- Muito obrigada... - peguei nas rosas e pousei-as no meu colo.
- Vamos onde? - perguntou ele começando a conduzir.
- Para as praias...depois lá encontramos algo para fazer.
- Parece-me bastante bom esse plano.
- Prepara-te é para dançar!
Seguimos para a praia. Surpreendentemente estavam poucas pessoas. Pois...a uma sexta-feira as discotecas no centro de La Plata são mais badaladas.
O Marcos estacionou o carro, saímos dele e fomos em direcção ao areal. Era audível a música que vinha de dentro dos bares.
Eu ia andando...o Marcos ficou para trás, enquanto via o ambiente e a música que mais se parecia para dançar.
- Marcos! Aquele lá ao fundo! - apontei para um, onde estavam umas quantas pessoas a dançar cá fora também.
O Marcos veio comigo e assim que lá chegamos a música parou.
- Chegámos mesmo na altura exacta... - comentou ele.
- Pois chegámos...agora sou eu a escolher a música - havia uma jukebox no exterior de onde emanava a música. Escolhi: I Love Rock N Roll da Joan Jett.
Avancei na direcção do Marcos e começamos a dançar:
Ele...até se mexia bem... atordoava-me com cada movimento. Deixava-me, de certo modo, excitada e com vontade de o tocar como nunca tinha tido.
Chegámos ao fim da música completamente suados.
- Não és assim tão pé de chumbo Marquinhos!
- Ter uma parceira de dança tão boa é o que dá...
- Sim, sim...
- Vou agora eu escolher a música.
- Queres dançar mais!?
- Não viemos dançar?
- Sim...
- Então...ainda agora começamos.
O Marcos foi até a jukebox e escolheu ele a música...Sean Paul - She Doesn't Mind. Se a música que passou foi dançar como dançamos...esta nem sei como seria.
Rebolámos, literalmente, um no outro. A música dava para isso, dava para os nossos corpos se sentirem um ao outro e se começarem a conhecer um bocadinho.
Derretia-me, torturava-me e deliciava-me com ele. Sabia bem libertar-me assim. O fim da música chegou e abrandámos um pouco o ritmo. O Marcos sentou-se no areal cruzando os braços.
- Não há espaço aí no meio para mim? - ele abriu os braços e eu sentei-me em cima das pernas dele, virada para ele - nunca pensei que um pé de chumbo se mexesse tão bem.
- O que tu acabaste de assistir é o meu corpo a mexer-se em função do teu.
- Diz que sim...
- Eu não sei quanto tempo mais te resisto.
- Quem te manda resistir?
- Não é para ter calma?
- Calma não significa ficar parado - ele passou as suas mãos pelos meus braços aproximando-se de mim - tu és tão lindo Marcos.
- Olha que ela sabe falar quando quer beijinhos...
- Até parece que eu falo muito mal.
- Já te atrapalhas menos.
- Vais continuar a diminuir a distância? - ele aproximou-se e eu afastei-me um bocadinho.
- Então rapariga!?
- Nada rapaz! - puxei-o para mim e beijei-o.
Lábios...jesus! Era simplesmente louca a maneira como nos beijávamos. Os nossos encaixaram-se perfeitamente um no outro.