domingo, 4 de janeiro de 2015

36º Capitulo: “Vocês…vão casar amanhã.”

- Vocês!? Aqui? – Ania estava um pouco confusa com tudo o que via à sua frente. Marcos iria fazer anos dentro de uma semana, sendo prevista a chegada da sua família um dia antes da data. Mas, Ania tinha-os na sua frente…uma semana antes. Estava Carina, Noelia, Micaela, Solange e Franco. Estava…também, a sua mãe, o seu pai e os seus irmãos que estavam na Argentina.
Francisco, o irmão mais velho de Ania, vinha sozinho já que a sua mulher tinha dado à luz à poucas semanas.
- Querida Ania, minha irmã, é melhor sentares-te – Martín foi ter com a irmã, levando-a até ao sofá.
- Mas…o que é que vocês estão aqui a fazer? – Perguntou, olhando para os pais e os irmãos – E…vocês só tinham voo para a semana – desta vez, Ania olhou para a mãe e os irmãos de Marcos.
- Filha… - Ortencia pegou na mão da filha que, de imediato, olhou para a mãe – há coisas que precisas de saber. A primeira: surpresa! Chegámos – Todos se riram…mas Ania continuava a achar tudo muito estranho.
- A segunda: as coisas vão mudar muito nesta semana que se aproxima – disse Hugo, olhando a filha.
- Vocês estão a assustar-me.
- Ai, Ania…não é caso para isso – afirmou Carina, captando a atenção de Ania – a terceira coisa que precisas de saber é…não vais ver o Marcos nas próximas vinte e quatro horas.
- O quê? Mas…ele está bem? Aconteceu algo?
- O meu irmão está refém em casa do André…penso que seja Carrillo o apelido dele – Micaela falou, acalmando Ania. Ele está com o André…mas porque?
- Mana… - Lucas chamou Ania, que olhou para ele…era, ainda, estranho todos os acontecimentos na relação dos dois. Por muito que Ania ainda não conseguisse olhar para ele sem se lembrar do episódio traumático que o envolve…é irmão e ela não consegue pôr isso de parte. É sangue do seu sangue – vocês…vão casar amanhã.
- Nós o que? – Ania estava sem saber, ao certo, o que pensar. Como assim…casar?
- O Marcos achou que estava na altura, ele fez o pedido e tu aceitas-te – Hugo falava com a filha tentando explicar-lhe tudo – e…nós decidimos dar-vos um empurrãozinho. Não é aquele casamento oficial…esse terão quando acharem que a hora é a certa, em La Plata de preferência. É apenas uma celebração…mas um casamento. Obviamente não queremos que o façam por imposição. Mas o Marcos disse que sim…concordou com tudo.
- Vocês…ai, vamos com calma. Eu não me posso enervar…como é que se organiza um casamento em vinte e quatro horas?
- Organizando-o…à duas semanas? – Ania olhou para Martín desconfiada. Martín é o irmão que já mora em Portugal, agente de Marcos – Eu, a Romina, a Valentina e a Iara temos organizado tudo.
- Oh meu Deus… - Casar? Amanhã…?
Todos fizeram silêncio por alguns momentos…percebiam que Ania precisaria de algum tempo para processar tudo o que lhe tinham acabado de dizer. Ela não sabia ao certo o que pensar…era tudo muito rápido e Ania gosta sempre de pensar nas coisas…de as planear e organizar. E, parecendo que não, trata-se de um casamento. O seu.
- Talvez seja melhor falares com o Marcos… - Ortencia falou para a filha…despertando Ania.
- Sim…mas é rápido. Ainda devem haver coisas a tratar para amanhã… - Ania sabia que tinha de falar com Marcos, mas também sabia que amanhã iria casar.
Levantou-se, indo até à cozinha. Não iria subir as escadas até ao seu quarto e voltar a descê-las…a cozinha estava mais perto e afastada de todos. Iniciou uma chamada, para Marcos. Pouco tempo bastou para que atendesse.
- Ligou para Faustino Rojo, de momento ele não pode atender à noiva, mas garante que estará presente no casamento – Ania riu-se sozinha, percebendo que tinha sido André a atender-lhe a chamada.
- Oh seu parvo, passa-lhe lá o telemóvel! – Ania não percebeu bem o que se passou, mas ouviu uns barulhos estranhos do outro lado da linha.
- A sua chamada encontra-se em linha de espera. Faustino Rojo irá atende-la assim que possível – desta vez era a voz de Valentín que surgia do outro lado da linha…se andam na despedida de solteiro, já estão mais que bêbedos. Desta vez, Ania não teve tempo de responder a Valentín, já que começou a ouvir a voz de Marcos a gritar pelo nome dela.
Mais uns barulhos estranhos surgiram na linha telefónica, acabando por, segundos depois, se ouvir um silêncio absoluto.
- Daqui fala Marcos Rojo, desejoso de estar com a sua gordita.
- Explica-me, mas com calma…nós vamos mesmo casar amanhã?
- Então não é que vamos? Quer dizer…se quiseres, é claro.
- Quero. Isso nem se coloca em causa…é uma das coisas que mais quero da vida…mas não estava preparada para que fosse amanhã.
- Pensa positivo: não tratámos de nada. Eles conhecem-nos e devem ter feito um bom trabalho. E nós…descansados, vamos casar.
- Amanhã…
- Amanhã, logo pela manhãzinha gordita.
- Se…sentir a tua falta esta noite…podemos quebrar aquela cena de: o noivo não pode ver a noiva antes do casamento?
- Claro que podemos. Olha…diz à minha mãe para me trazer boxers.
- Hã?
- Preciso de tomar banho, não é? E a minha mãe vem para aqui com os meus irmãos. Ainda não sabias?
- Não…ainda não sei detalhes nenhuns sobre o nosso casamento.
- Vais adorar os detalhes…bem, amor da minha vida, os rapazes estão ali a causar estragos. Vai ter com eles, sabe os detalhes e aproveita bem a noite com as meninas. Em último caso…chama aqui o teu amor Marcos riu-se, fazendo com que Ania se risse também.
- Não bebas muito…depois já não queres casar comigo. E portem-se bem…não deixes que eles façam asneiras. Olha e…eu amo-te muito, meu amor quase marido.
- E eu amo-te a ti, minha gordita quase Rojo.
Ania desligou a chamada, voltando à sala. Todos olharam para ela que acabou por sorrir. Poderiam pensar que seria algo apressado, mal organizado e que, talvez, a gravidez de Ania fosse a razão de tudo. Mas não. Tanto Ania como Marcos estão conscientes do que vai acontecer, sabem que estão a assumir que querem aquele futuro para eles.
Mais do que se amarem um ao outro como marido e mulher, os dois amam-se, simplesmente, como dois seres humanos cheios de vontade de viver. A história de Ania e Marcos, ao ser contada, será uma história de puro amor, com sofrimento, obstáculos e dificuldades, mas uma história onde os dois se mantêm unidos desde o primeiro dia até ao último dia.
- Bom, nós vamos ter com o Marcos…tu ficas bem? – Perguntava Carina, depois de os pais de Ania e os seus irmãos terem ido para casa de Martín.
- Sim, fico. A Iara e a Valentina vêm para cá daqui a pouco. Eu fico bem aqui com elas.
- Pela manhã estarão cá os teus pais… - todos se despediram e Ania acabou por ficar sozinha naquela casa. Ania olhou para a sua barriga…já se notava (e bem) o crescimento. Por isso não o escondia dos seus amigos: Valentina e Valentín já sabiam, Ania não lhes conseguia esconder por mais tempo. Até porque o parto está previsto para Outubro e, nessa altura, os dois não estarão em Portugal já que Valentín vai ser emprestado.



- Vocês estão a pensar no quê? – Ania já estava a estranhar aquele silêncio entre as três. Estavam deitadas na cama, Ania no meio com Iara de um lado e Valentina do outro. Tinham acabado de ver um filme e nenhuma tinha falado. Ania olhou para cada uma delas, percebendo que estavam pensativas e noutro mundo.
- No André – respondeu Iara sendo super sincera.
- Eu, por acaso, estou a pensar que me tenho de levantar para ir alimentar o Diego… - Valentina acabou por meter a sua cabeça sobre o ombro de Ania, tentando aninhar-se nela – estava aqui tão bem…
- Não estejas com a preguiça, Valentina Viola…vai lá dar comidinha ao Diego – disse-lhe Ania, dando uma palmada na perna de Valentina.
- Podias ter batido com mais força…isso não doeu nem nada – Ania percebeu que tinha exagerado um pouco na força, acabando por dar um abraço a Valentina antes de ela sair do quarto para ir preparar o biberão de Diego.
- Então e tu…? – Ania virou-se para Iara, percebendo que ela se mantinha pensativa – o que é que vai nessa cabeça?
- É o André.
- Estão com algum problema?
- Não…muito pelo contrário – Iara virou-se para Ania e, mesmo deitadas, as duas estavam de frente uma para a outra – as coisas entre nós estão maravilhosas. Sinto-me bem com ele e acho que ele também se sente bem comigo…mas…acho que nos julgam um bocado.
- Sabes uma coisa? Eu e o Marcos começámos a namorar quatro dias depois de nos conhecermos…também tinha esses pensamentos que essa cabeça deve estar a ter. Mas, Iara, quando encontramos aquela pessoa que nos faz bem, a pessoa que, só de ouvirmos a voz dela, nos deixa a sorrir…o tempo é uma coisa relativa – Ania viu um sorriso formar-se nos lábios de Iara. Estavam cada vez mais próximas uma da outra, Ania quase que acreditava que, noutra vida, as duas teriam sido irmãs.
- Como é que tu e o Marcos se conheceram?
- Ora bem…isso é recuar três anos atrás, estar em La Plata…e era uma Ania completamente diferente.


LEMBRANÇAS ON

- Que é que achaste, Ania? - perguntou-me.
- Foi muito bom. Estava um ambiente perfeito...mas preferia ter ficado na bancada junto dos adeptos, papi.
- Da próxima ficamos lá - dei-lhe um abraço.
- Obrigada por me ter trazido.
- Não me agradeças de nada.
- Mister! - ouvimos um grito vindo do outro lado da garagem.
O meu pai estava a ajudar o treinador do Estudiantes, neste inicio de época. Era uma espécie de motivador e treinador adjunto, mas só ia quando sentia que o tinha de fazer.
Vinha um jogador na direcção dele, com a pasta do meu pai na mão.
- Faustino! - o meu pai largou-me e eu virei-me para esse tal jogador...que eu não estava a reconhecer pelo nome. Não há nenhum jogador com o nome Faustino...mas...é o Rojo. Deverá ser Faustino o primeiro nome dele.
- Mister...não me chame Faustino...
- Não é esse o teu nome rapaz?
- É...mas ninguém me trata assim.
- Trato-te eu - o meu pai abraçou-o - bom jogo rapaz.
- Obrigado mister. Esqueceu-se da sua pasta à tarde.

- Obrigado por ma teres trazido.
- Ora essa...não tem de me agradecer -
os nossos olhares trocaram uma faísca por uns momentos.
- Estou a ver a razão de teres sido tu a vir entregar-me a pasta...mas nem penses Faustino!
- Mister...não é nada disso.
- Ai não? Vamos ver... Ania este é o Rojo, o nosso defesa central; Faustino... é a minha filha, Ania.
- Filha!? Mister...
- Como eu pensava... mas pensava também que a cumprimentasses à mesma.
- Claro...que sim -
avançamos os dois na direcção um do outro e ele deu-me dois beijos, um em cada bochecha - Muito gosto, Ania.
- Igualmente...Marcos -
ele ficou a olhar para mim...posso não saber quem é o Faustino...mas sei perfeitamente quem é o Marcos Rojo, ou não fosse eu aficionada ao Estudiantes.
- Estou a ver que não é com a sua filha que aprendeu o hábito de me chamar Faustino...
- Estás tão espantando quanto eu... -
enquanto o meu pai ficou a falar com o rapaz por uns minutos, eu e a minha mãe fomos indo para o carro.



- Ainda bem que o Faustino me trouxe a pasta...
- Porque é que chamas isso ao rapaz se ele não gosta? -
perguntou a minha mãe.
- É só porque gosto muito dele. É bom rapaz...e todos brincamos um bocadinho com ele por causa do nome. Sabem...tenho a sensação que ele ficou com a Ania debaixo de olho.
- Que está para aí a dizer, papi?
- Só estou a constatar o que vi...espero estar errado.
- Como assim Hugo? -
a minha mãe perguntou. Coloquei os fones nos ouvidos, fingindo que ouvia música, não é a conversa que quero ter com o meu pai...
- A maneira como ele olhou para a Ania e fez-me duas perguntas sobre ela mas...pode ser que lhe passe.
- E se eles se entenderem?
- Com uma troca de olhares?
- Não foi assim que nos aconteceu? -
o meu pai nada disse e começou a viagem para casa.



- Tu tens mesmo que melhorar as tuas conversas...tu querias dizer o que disseste e tens razão. São...alguns os que te olham mais por trás do que pela frente - outro desbocado.
- Bem...uau.
- Vês...eu disse o que queria dizer e não fugi.
- Eu também não fugi.
- Porque eu te agarrei...
- Porque estás a insistir?
- No que?
- A termos uma conversa?
- Não posso querer conhecer-te melhor?
- Podemos não responder um ao outro com perguntas? -
como é que é possível sermos assim tão idênticos?
- Já reparas-te que são parecenças a mais?
- Reparei...mas também reparei que são diferenças a mais.
- Essas ainda não as encontrei... -
ele avançou na minha direcção. Que!?
- Faustino! - a voz do meu pai...bonito! Lá vão começar os filmes que não passam mesmo disso. Uma comédia que...é a gozar comigo.



LEMBRANÇAS OFF


- Nesse dia ainda foram à Catedral de La Plata – Ania contava a Iara como tinha conhecido Marcos e Valentina tinha-se juntado a elas, acabando por ser ela a acrescentar o detalhe da Catedral.
- Pois fomos…comemos um cachorro quente enorme, percebi o porquê de ele não gostar que lhe chamem Faustino e percebi que ele era o homem da minha vida.
- Então…mas tu desististe de muita coisa para o acompanhares, não? –
Perguntou Iara.
- De algumas…sim. Mas, olhando para trás…eu não me arrependo de nada do que fiz até agora. Eu tenho a certeza que o Marcos é para sempre. Nós praticamente não discutimos, não conseguimos ficar chateados… - Ania fez uma pausa, olhando para o teto – mais do que meu namorado, meu marido a partir de amanhã, ou pai dos meus filhos…o Marcos é a outra metade de mim. Hoje podemos estar aqui em Portugal e amanhã noutro sitio…e eu vou andar atrás dele. Até sentir que o amor é o mesmo. Aqueles casais que passam anos casados mas que perdem o amor…eles não conseguem ser felizes. Como é que podes viver com uma pessoa anos e anos…se não fores feliz com ela? – Ania olhou para Valentina e Iara, acabando por sorrir.
- Só de saber que mais dia, menos dia, já não vou estar a ver o amor destes dois… - comentou Valentina, fazendo com que Ania olhasse para ela.
- Não vão ser quilómetros de distância que nos vão separar, Vali. Vocês são quase irmãos para nós…vão ser tios destes dois aqui de dentro, andaram a ajudar com o nosso casamento…vamos fazer tudo para nos mantermos sempre juntos – Ania deu a mão a Valentina, olhou para Iara pegando na mão dela também – neste momento, não trocaria a vossa companhia por nenhuma outra.
- Nem pelo teu Marcos?
- Não, Vali…ele está lá com os vossos rapazes, muito provavelmente a fazer disparates e nós estamos bem aqui…só as três.
- E o Diego… -
realçou Iara e as três olharam para a alcofa do menino que estava ao fundo da cama.
- Na vida…nós podemos encontrar muita coisa: umas quantas moedas no chão, montes de pessoas a quem dizemos bom-dia, bancos de jardim num jardim maravilhoso que nos fazem ver crianças a correr, até podemos encontrar coisas estranhas…mas são coisas que duram um certo tempo. Eu encontrei o Marcos e ele fez com que nos encontrássemos todas. Se ele não conhecesse o Valentín, eu não conheceria a Vali…e se ele não conhecesse o André eu não conheceria a Iara – Ania sentia-se estranha…era quase como se estivesse a fazer um balanço da sua vida, parecendo que iria desaparecer da vida de todos – eu prefiro assim: ter encontrado cinco ou seis pessoas maravilhosas, que eu sei que ficarão para sempre na minha vida, do que encontrar outras coisas que acabam num ápice. Eu…agradeço-vos por, todos os dias desde que nos conhecemos, estarem a meu lado a qualquer momento que seja preciso.
- Meu Deus…Ania, tu só vais casar rapariga. Até parece que te estás a despedir… - Valentina acabou por expressar-se, sendo que Iara também partilhava aquela opinião.
- Se há coisa com o Marcos foi a expressar-me…eu só sei que vocês sabem o que eu sinto por vocês, se vos disser. Então, eu digo e direi quantas vezes forem precisas que vos amo e quero-vos para sempre na minha vida.
- Que lamechas, mamã linda –
Iara deu um beijo na bochecha de Ania depois de falar, abraçando-a – nós também te amamos muito. Eu falo por mim que, mesmo conhecendo-te à pouco mais de dois meses, acho que és assim a madrinha de todo o meu relacionamento com o André, que és uma pessoa especial e que eu sei que estará lá sempre, quando eu precisar.
- Podes ter a certeza que sim, Iara.
- Então e…deixa-me dizer, Ania em vias de casar –
Valentina aproximou-se também, de Ania abraçando-a – és uma irmã que me ajudou imenso em Moscovo e quando o Valentín estava lesionado. És muito importante para todos nós. Mais do que qualquer objecto…eu gostava de te oferecer toda a felicidade do mundo. És a nossa mami loquita, Ania – tanto Valentina como Iara, encheram Ania de beijos e entre gargalhadas, Ania acabou por derramar algumas lágrimas. Sentia-se completa, cheia de desejos para o futuro e consciente de que a sua felicidade passa por três coisas: Marcos, a sua família…quer sejam amigos ou familiares de sangue e…os seus filhos.



- Nós temos de nos despachar. Se vocês disseram que tínhamos de sair daqui perto das onze…temos de nos despachar! – Ania estava a ser a típica noiva em nervos.
- Calma…temos duas horas e meia para nos despacharmos, sim? – Iara agarrou-a pelas mãos, ficando a olhá-la nos olhos – Tens de te acalmar…pensa nos bebés.
- Vou tentar…mas temos de nos despachar, Iara –
assim que Ania acabou de falar, Iara riu-se percebendo que ela não iria conseguir acalmar-se enquanto não se despachasse.
- Vamos despachar-nos, então.
- Obrigada…por teres escolhido o vestido.
- Fui eu e a tua mãe…não me precisas de agradecer. Achámos que, dentro do que tínhamos pensado, se adequava.
- Está tudo muito bem pensado…acho que, se fosse eu a organizar o meu casamento, não iria conseguir fazer com que se identificasse tanto connosco como vocês o fizeram.
- Nós conhecemos a peça que vocês dois são juntos…mas, vamos lá despachar-nos.

Contrariamente ao esperado, Ania conseguiu acalmar-se à medida que se ia arranjando. O ambiente tinha-se tornado tranquilo e conseguiam respirar o ar fresco que entrava em casa. Em pleno mês de Março, os dias começavam a ser mais soalheiros e com um toque de magia e já a sentir a primavera. Para além de Iara, estavam junto de Ania a sua mãe, o pai, os irmãos e a cunhada e, ainda, Valentina com o pequeno Diego. Ania, conforme se ia arranjando, percebeu o quão bonito o seu vestido era e que seria um casamento diferente nada muito formal, mas sim descontraído, bem ao jeito deles.
 
 






















Pelo que tinham contado a Ania, o casamento iria acontecer numa pequena quinta, perto do sítio onde moravam e, depois de estarem todos prontos, foram até lá. Ania ficou encantada com tudo o que ia vendo à medida que iam entrando na quinta.
A relva estava numa tonalidade de verde entre o claro e o escuro, o sol iluminava-a fazendo com que a água do pequeno lago parecesse um espelho. Ania percebeu que haviam ali o mar perto, conseguia ver a linha do horizonte. As árvores…eram uma mistura de árvores típicas que se encontravam por Lisboa, com outras que atribuíam ao local um toque tropical.
Mas, tudo o que Ania ansiava ver era Marcos. Ver como é que ele estava vestido, como é que estava o semblante dele, como é que ele reagiria ao vê-la. Estava ansiosa por lhe dizer que sim, que se tornaria a sua mulher que, para todos os efeitos legais, seria parte integrante da família Rojo.
Depois de saírem do carro, Ania sentia o cheiro intenso da natureza. Uma mistura do cheiro da relva molhada com o cheiro do mar. A mistura perfeita entre o calor do sol e o fresco do ar.
- Vamos, filha? – Ortencia despertou Ania que absorvia aquele ambiente todo.
- Sim…vamos – as duas começaram a andar e Ania aproveitou para se chegar mais perto da mãe – obrigada, mãe.
- Ei…não me agradeças, de nada disto. É o teu dia. O vosso dia, aliás.
- Onde é que ele está?
- Isso é tudo ansiedade de o ver?
- É…
- Ele já está à tua espera –
Ania sorriu e as duas caminharam até às traseiras do edifício que tinham encontrado à chegada. Ania viu que tudo estava pronto para o depois da parte mais formal do casamento.
 
 



Percebeu que se tinha de preparar para ir ter com Marcos…e os nervos começavam a apoderar-se dela. Os seus irmãos foram ocupando os seus lugares: Francisco e Lucas sentaram-se ao lado de Ortencia, enquanto que Martín ficou junto do altar já que Ania o escolheu como padrinho de casamento. Romina e Iara sentaram-se lado a lado, junto das irmãs de Marcos. Valentina seria a madrinha de Ania e Marcos tinha como padrinhos a sua mãe e Valentín.
Hugo deu o braço à filha e os dois começaram a caminhar rumo ao altar.
- Nunca pensei que te fosses casar tão cedo… - disse Hugo, enquanto iam andando – mas, filha, hoje é dos dias mais importantes da minha vida. E eu fico muito feliz que tu e o Marcos sejam um casal muito afortunado – Ania olhou para o pai, quando estavam já a chegar ao inicio do caminho para chegar ao altar. Todos já os estavam a ver, testemunhando com carinho o beijo ternurento que Hugo depositou na testa da filha.
Os dois olharam em frente e Ania viu Marcos como nunca antes tinha visto. Estava tão bonito, muito descontraído e relaxado contrariamente ao que Ania pensava. Caminharam calmamente e descontraídos até chegarem perto de Marcos. Hugo entregou a mão de Ania.
- Sê para ela o que tens sido até hoje, Faustino. E orgulha-te de seres um homem com princípios – Marcos sussurrou um obrigado, olhando para Ania.
- Estás…tão bonita, gordita.
- Eles são os culpados de estarmos os dois muito bonitos…

A cerimónia começou e, também ela foi mais descontraída quase como se estivessem apenas entre amigos. Era tão especial e única que, naquela parte onde os noivos têm de repetir o que o senhor da conservatória diz, tanto Ania como Marcos tiveram toda a liberdade para serem eles a definir o que queriam dizer um ao outro. Marcos foi o primeiro.
- Bom, eu não tenho um papel escrito com nada do que vou dizer. Sabes que as palavras me saem com facilidade…tu é que tinhas mais problemas com elas – tanto um como o outro se riram – em Agosto faz três anos que nos conhecemos, três anos em que somos um do outro. Começámos a namorar logo e, sinceramente, eu apaixonei-me por ti logo no primeiro dia. E continuo a apaixonar-me todos os dias. És a peça que faltava na minha vida, a pessoa que iluminou todos os meus dias a partir de 12 de Agosto de 2010. Agora, estás prestes a ser Ania Rojo…e fica tão bem o meu apelido com o teu nome, não querendo ferir os Gottardi…o teu nome vai ficar ainda mais bonito – todos se riram e Marcos, depois de olhar à volta, voltou ao seu discurso – estamos numa fase da nossa vida onde vivemos com medo, por causa deles aí dentro – Marcos olhou para a barriga de Ania levando a sua mão até lá – mas também é a fase que nos está a unir ainda mais. Somos felizes, estamos a casar e vamos ser pais. Eu não poderia ser mais feliz. Quer dizer…amanhã de certeza que serei mais feliz que hoje. Todos os dias eu serei mais feliz contigo do meu lado – Ania estava incrédula consigo mesma. Estava emocionada, todo aquele discurso de Marcos tocava-lhe directamente no coração, fazia com que na sua barriga crescesse um friozinho mas não chorou…deveria estar com as hormonas mais controladas. Mas, ao mesmo tempo, sabia que quando fosse ela a falar, iria derramar litros e litros de água – eu amo-te…todos os dias, de manhã até à noite, acordado e a dormir. És a mulher da minha vida, a mulher mais bonita do universo e eu só quero é partilhar o resto dos meus dias contigo – Marcos fez uma pausa, olhando para a senhora do registo.
- Agora é a vez da noiva. Ania, esteja à vontade – Ania, que estava a olhar atentamente para a senhora, desviou o seu olhar focando-se em Marcos.
- Bem…não deve tardar muito até que comece a chorar. Já sabes que as hormonas estão todas descontroladas… - todos se riram e Marcos acabou por se aproximar de Ania – as palavras nunca foram o meu forte…sabes disso. Mas tens mudado isso em mim, tens feito com que eu me consiga expressar porque há coisas que eu preciso dizer que tu não sabes que as sinto. Tal como tu, apaixonei-me por ti no primeiro dia que nos conhecemos. És das pessoas mais importantes da minha vida, a minha metade e tudo aquilo que eu sempre desejei num homem – Ania começou a tremer e a sentir as lágrimas escorrerem pelas suas bochechas – eu disse que ia chorar. Agradeço-te por todos os miminhos que me dás naqueles dias maus, por todos as horas que passaste e passas a ouvir-me falar dos meus problemas, de todo o meu passado e do nosso futuro. Quero agradecer-te por seres o homem mais paciente do mundo com as minhas crises, com as ultimas mudanças de humor. Por seres o homem que me faz sentir completa. Amo-te mais do que alguma vez amarei algum homem, não quero que sejas apenas pai dos nossos gémeos…quero que sejas o pai de todos os filhos que ainda iremos ter. Vão ser mais, não vão? – Marcos respondeu àquela pergunta afirmando com a cabeça. Depressa todos se riram, fazendo com que Ania relaxasse por algum tempo – Serei tua mulher para sempre, todos os dias das nossas vidas. Serei Rojo e irei ter o maior dos orgulhos cada vez que o disser – Ania ficou a olhar para Marcos durante alguns segundos, acabando por olhar para a senhora.
- Pelo poder que me foi investido, é com todo o gosto que vos declaro marido e mulher. Marcos…pode beijar a noiva – Marcos esboçou um sorriso sincero e, aos olhos de Ania, com algum desejo à mistura.
Não demorou até levar as suas mãos ao pescoço da, agora, mulher e tomar os seus lábios de assalto. Conheciam-se à tempo suficiente para saberem o que satisfazia cada um…e Marcos usava isso sempre a seu favor. Quando parecia que ia tornar o beijo ainda mais escaldante, juntou a sua testa com a de Ania.
- Gostas muito de deixar as coisas a meio…
- Sabes muito bem que é só para te ver aflita.
- És mau para mim…marido.
- Sim, eu também acho que sou, minha linda mulher –
Marcos voltou a beijá-la e os dois começaram a ouvir os assobios vindos dos convidados.



- Vá lá…deixem-nos ir sozinhos… - Ania pedinchava à mãe para que só ela e Marcos fossem retirar as fotografias. Estava combinado ser Iara a fazê-lo (já que ela trabalha na área) mas Ania queria tornar aquele momento só deles.
- Não podes perguntar-me só a mim…a Iara já tinha algumas coisas pensadas sobre as fotografias. Ela até já vos tirou algumas.
- Sim…eu sei. Então eu vou falar com ela –
Ania olhou à sua volta, vendo Iara junto de Marcos e André. Caminhou até eles, colocando-se ao lado do marido – Iara do meu coração…
- O que é que vem daí? –
Perguntou Iara.
- Ficavas muito chateada se eu te pedisse…que ficasses com o André enquanto eu e o Marcos fazemos a nossa sessão fotográfica?
- Vocês estão a descartar a melhor fotógrafa do planeta? –
André meteu-se na conversa, chegando Iara para junto dele.
- Não…estamos só a pedir para a fotógrafa descansar e ficar com o namorado.
- Sabem que mais? Adoro a ideia! –
Iara estava verdadeiramente entusiasmada com aquela ideia – eu empresto tudo: a máquina e o tripé.
- Muito, muito obrigada Iara do meu coração – Ania abraçou-a e, depois de receber algumas indicações dela, foi com Marcos para o cenário onde queria fazer as fotografias. No caminho foram vendo algumas que Iara já tinha tirado:




Os momentos que se seguiram foram apenas e só de Ania e Marcos. Todo o ambiente deixou Ania com ideias e, entre risos, gargalhadas e muitos beijos, ainda houve espaço para sedução, brincadeiras entre os dois e, por alguns momentos, ainda acharam que se tinham perdido. Quando acharam que as fotografias que tinham tirado eram as suficientes, foram vê-las. Algumas apagaram porque estavam demasiado desfocadas ou outras nem se percebia o que estavam a fazer. Mas, no geral, Ania estava radiante com as suas fotografias de recém-casada.



























- A Iara vai fazer um álbum, sabias? – Perguntou Ania a Marcos ao caminharem de volta para junto dos convidados.
- Sabia sim.
- Eu estou tão feliz, Marcos –
Ania aproximou-se mais dele, que lhe beijou a testa.
- Acredita que somos os dois muito felizes, neste momento.
- Será para sempre?
- Vai ser… -
Marcos parou, colocando-se de frente para Ania – daqui para a frente somos, oficialmente, uma família. Uma família, ainda, pequena e em construção. Está tudo bem com os gémeos, eu sei que tens medo que aconteça alguma coisa…mas não vivas com esse medo. O que tiver de acontecer, acontecerá e terás aqui o teu marido jeitoso do teu lado.
- Como é que eles te conseguiram meter suspensórios?
- O que um homem faz para o casamento com a mulher mais linda do mundo, já viste? Já me olhaste para as tuas pernas? –
Ania olhou para as pernas, pensando que teria algo estranho nelas.
- Estão normais…
- São as pernas mais quentes e sedutoras de todo o Mundo. Se não tivéssemos pessoas à espera…até era capaz de te raptar.

- Marcos Rojo! Nada desses desejos a esta hora…
- Mas…logo à noite posso tê-los, não posso?
- Claro…temos uma noite de núpcias para aproveitar –
os dois riram-se e trocaram um longo e demorado beijo antes de regressarem para junto dos convidados.

Os dias seguintes ao casamento foram relativamente normais. Não mudaram a rotina já que Marcos tinha treinos, nem tiveram aquelas luas-de-mel românticas fora do país. Ficaram por casa e, enquanto Marcos estava nos treinos do Sporting, Ania aproveitava para tratar de outro grande evento: o aniversário do seu marido.


Olá meninas! Antes de mais nada: BOM ANO!
Espero que 2015 vos traga tudo de bom, muita saúde, amor, felicidade, sucessos e dinheirinho que também convém.
Ano novo, fundos novos. Todos os blogues mudaram o seu aspecto visual. Estava na altura disso. Que acham?
Espero que tenham gostado deste capítulo e que deixem as vossas opiniões.
Muitos beijinhos.

Ana Patrícia 

5 comentários:

  1. Olá

    Amei o novo visual e finalmente o casamento *_* Está maravilhoso :)

    Um excelente 2015 para ti , beijinhos :)


    A.M

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  2. Olá!

    Morri e já voltei, que f-o-f-u-r-a, eu vibro tanto com as tuas fics :')
    Ok por partes, casamento surpresa?! Nãão, bom demais!! Amei, amei mesmo e depois aqueles desabafos de mulheres, que coisa boa, as lembranças de como se conheceram, os votos de casamento, opá emocionei-me (tens este dom em mim!).
    Todos os detalhes do casamento, desde o vestido até ao 'cenário' que arranjas-te, derreti-me tanto, babei tanto jesus! E essa gravidez? quero bebés *-*

    Só posso dizer que quero o próximo agora, era giro não era?! (eu querooo!)

    Besitos, Bom Ano e que concretizes tudo o que queres e mais alguma coisa!

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  3. Fantástico...

    Tou super curiosa para ver o próximo... Quero mais...

    Continua...

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  4. Holla :)
    Finalmente consegui ter tempo de ler e também de comentar :P
    FINALMENTE...o capitulo do casamento UHHHHH :P
    Amei este casamento surprise *.*
    Próximo besito

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  5. Não vou dizer mais olá ...só que estou a amar muittooo!!
    O que eu andei a perder!!
    Que casamento mais lindoo!! Eles são tao lindoss!
    Vou para o próximo!

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