domingo, 23 de fevereiro de 2014

22 - "Talvez só precisamos de começar a viver como um casal."

Ania:

Não sei o que me deu, não sei o que é que me passou pela cabeça para, do nada, me meter dentro de água. Anda tudo a afectar-me e as minhas acções não são propriamente aquelas que eu pensei ter. Mas o risco, o medo, o pânico de poder estar em perigo tomou conta de mim, queria correr o risco, queria ter um momento em que eu actuei a pensar nas necessidades que eu tinha.
Mas, no momento em que a água estava a começar a subir cada vez mais, alguém tinha de me travar, alguém tinha de assegurar que eu não caia num poço sem qualquer luz...porque isso seria o mais certo que aconteceria.
- Mas o que é que tu pensas que estás a fazer? - aquela voz...aquela voz que tanta coisa bonita já disse e que tanta coisa menos boa pronunciou. Mas porque ele? Não poderia ser outra pessoa? Não poderia simplesmente não ser ninguém?
- Vieste ver se a água te refresca a cabeça? - Não queria ser dura com ele, mas era essa a vontade que tinha depois de tudo o que aconteceu em sua casa.
- Não...eu vim atrás de ti porque precisamos de falar...
- Ai precisamos? - virei-me para o Marcos com alguma dificuldade já que uma onda tinha decidido ser mais forte que as que se faziam sentir.
- Precisamos.
- E porque? Pensava que já tinhas dito tudo.
- Não...não disse.
- Se vais insistir...esquece Marcos, o melhor é irmos com calma.
- Eu sei disso...eu prometi que íamos com calma e não respeitei essa promessa. Eu fui um otário, ao ponto de te perder...mas Ania...eu não quero que isso aconteça - ele começou a aproximar-se de mim...aquele olhar do Marcos matava-me. Porque aquele olhar era diferente, era um olhar triste, um olhar que eu pouco via. Um olhar que eu só vi quando percebi que o irmão dele desapareceu...e estou a vê-lo nesta altura.
- Marcos não insistas, não vale a pena, nós precisamos de espaço.
- Nós já tivemos esse espaço. Nestes últimos tempos estarmos juntos é cada vez mais complicado, mas vamos mudar. Vamos voltar a ser nós como no início...eu amo-te e nada neste mundo é mais importante que tu - o Marcos rodeou a minha cintura com os seus braços...aquele toque já era parte daqilo que somos, daquilo que temos vindo a construir. Percebi, pelo olhar dele, que esperava alguma coisa da minha parte...e eu teria de lhe dizer tudo abertamente.

Marcos:

Ter demorado a sair da praia tinha sido o melhor a fazer. A Ania enfiou-se dentro de água, por alguma razão...por minha causa quase de certeza...ela estava a ir por caminhos diferentes, a seguir uma via que não era a da Ania que conheço.
O meu objectivo ao entrar na água atrás dela era o de: não a perder de vez. Ela precisava de saber que as coisas podem continuar a correr bem, que a partir de hoje as coisas serão como no princípio que, a minha vida depende do contacto com a vida dela, que estamos ligados por causa de tudo aquilo que não sabemos explicar.
- Marcos...tens sido uma das pessoas mais importantes da minha vida, senão a mais importante. Mas nunca esperei que tivéssemos estes problemas....problemas que já poderíamos ter resolvido à mais tempo mas eu não sei com o fazer. E sabia que o facto de eu não te dar tudo o que um casal tem, poderia afectar a nossa vida. E isso aconteceu...e aconteceu porque eu não sei como te demonstrar que estou preparada, que me sinto preparada para me entregar a ti...porque quando estamos juntos é na tua casa ou na minha, e há sempre gente por perto. Há sempre medo que não seja a altura...e eu não sei pedir ou demonstrar o meu interesse mais íntimo por ti...
- O que tu estás a querer dizer...?
- O que eu te estou a tentar dizer é que...precisavamos de ser só nós. Que precisávamos de estar sozinhos...e eu precisava de saber como lidar comigo.
Por um lado era bom o que a Ania, e estava a dizer...era um sinal de que a nossa relação poderia ter avançado mas agora...agora estamos separados. Estamos separados pela porcaria que fiz.
- E se...fossemos só nós?
- Marcos...precisamos de tempo.
- Talvez só precisamos de começar a viver como um casal.
- Não... - A Ania soltou-se dos meus braços, começando a caminhar para fora da água. Olhei para o sítio onde estava o sr. Hugo e ele já lá não estava. Assim poderia demonstrar mais de mim sem pensar que estávamos a ser observados. Agarrei a Ania pelo braço e ela olhou para mim.
- Não fujas.
- Eu não estou a fugir Marcos...a água é que está gelada e eu não quero ficar constipada - percebi que ela estava a ficar com frio...saímos da água, chegando ao areal. A Ania sentou-se junto dos seus pertences e eu sentei-me ao lado dela, mesmo com o meu ombro colado ao dela. 
- Ania...desculpa por tudo o que eu fiz hoje...eu não sei o que me deu. Eu não estou habituado a que as coisas sejam assim e a pressão de ser o melhor dos namorados acabou por me afectar. 
- Basta seres tu para isso do melhor dos namorados ser verdade. Porque já o eras...e por mim continuavas a ser para sempre.
- Estás muito, muito, muito, muito chateada comigo?
- Custou Marcos...não vou dizer que não custou. Porque sempre pensei que fosses capaz de me dizer tudo, mas tu mentiste-me porque cada vez que eu te perguntei se tu estavas confortável, tu dizias que não...e não era o que se passava. 
- Isso foi para que não sofresses, para que eu também pudesse perceber que a nossa relação é diferente e que eu te aceitei com todas as diferenças que tens porque te amo...
- Até me fazes parecer uma anormal...
- Não, não é isso...ai que burro que sou porra - estar a falar com a Ania e ela pensar que o que eu disse é para a fazer sentir anormal...é porque a coisa saiu mesmo mal - o que eu queria ter dito...
- Eu compreendi Marcos... - ela olhou-me e tinha um pequeno sorriso nos lábios. 
- E respondes melhor à minha pergunta? 
- Como assim?
- Se estás muito, muito, muito chateada...
- Se não tiver? - o sorriso dela estava lá...poderia eu ter esperanças que as coisas não estivessem mesmo perdidas na totalidade?
- Se não tivesses...eu queria-te para minha namorada outras vez e que as coisas voltassem a ser como no ínicio...até porque uma vida a dois nos ia fazer bem.
- Uma vida a dois? 
- Podíamos ir viver os dois juntos...
- E se no final do mês que vem te fores embora? - outra conversa que deve ser tida neste momento...que poderá destruir tudo, mas não lhe posso esconder o que se soube hoje. 
- Em relação a isso...
- Vais embora.
- Já sabes?
- Já percebi...quando é que soubeste?
- Hoje de manhã...
- Não me peças então para viver contigo...estaríamos a viver uma coisa que daqui a uns tempos não sabemos como será.
- Não queres estar comigo? É isso?
- Não...bem pelo contrário...eu quero estar contigo sempre. Mas tenho medo Marcos...tenho medo que as coisas acabem com a tua ida para Moscovo...
- E se não acabarem Ania? E se isto for o nosso recomeço? E se este recomeço for para sempre? 

Ania:

As coisas poderiam ser bem mais simples, mas se assim fossem...muita coisa na vida estaria garantida e não haveria nada que nos fizesse lutar. Por mais que queira...porque eu sei que quero estar com o Marcos, há o medo da distância, há o medo da separação, o medo do que o destino terá para nos trazer...depois há a vontade de esquecer que a separação vai existir, que a distância não será nada e, simplesmente, me deixar ficar com ele. Porque, acima de tudo e de todos é a ele que eu amo.
Tinha ficado um silêncio esquisito...enquanto que sabia perfeitamente o que se passava com a minha cabeça, saber o que vai na cabeça do Marcos é complicado.
- Posso fazer uma coisa? - acabei por ser eu a tomar a iniciativa.
- Sim... - ele olhou para mim e o que eu quero fazer é parvo, mas em certa medida é para colocar um ponto final nisto. 
Dei-lhe uma chapada...de olhos fechados porque se estivesse a olhar para ele perderia a coragem.
- Ai! - ele queixou-se e quando abri os olhos, tinha a sua mão em cima da bochecha - para que é que foi isso?
- Para esqueceres a outra que te dei e te lembrares desta e disto: eu amo-te e vamos tentar que a nossa vida seja a de um casal. 
- Vamos morar juntos?
- Vamos...não sei onde, nem como, mas vamos. 
- E isso significa que eu sou teu namorado outra vez?
- Significa que eu sou tua namorada outra vez... - beijá-lo é das melhores coisas que há para fazer...um beijo apaga quase tudo e é como um restaurar de tanta coisa. Pelo menos este beijo...é um restaurar de esperanças, sonhos, vidas, sentimentos...é um recomeço.

Marcos e Ania sabiam que a vida enquanto casal seria ainda mais exigente, mas só vivendo assim saberiam que a partir de agora estariam um para o outro a qualquer momento e que tudo fariam para que um ou outro não fosse abaixo. Os dois permaneciam naquela praia, Ania estava sentada em cima das pernas de Marcos olhando para ele, que também a olhava com uma nova esperança no olhar.
- Tenho frio... - Ana deixou a sua cabeça cair sobre o ombro de Marcos, que a envolveu nos seus braços.
- Vamos embora então...as roupas estão molhadas e a secar no corpo, não faz nada bem.
- Sim...
- Ania?
- Sim? - Ania levantou a cabeça, olhando de novo para Marcos.
- Ficas comigo?
- Não sei Marcos...a tua família deve estar à tua espera para falarem...e a minha a mesma coisa...
- Vá lá...vamos para um hotel...ficamos só os dois. E amanhã falamos com eles todos.
- Está bem...
- Tá bem?
- Sim...não me apetece muito ter de explicar algo aos meus pais...
- O teu pai esteve aqui...
- Esteve?
- Sim. Quando eu cheguei ele já cá estava.
- Amanhã penso neles...vamos embora.
Os dois levantaram-se e cada um se meteu no seu carro indo até ao hotel mais próximo. Depois de arranjarem um quarto e de subirem até ele, Ania percebeu que na rua tinha ficado mesmo frio. O quentinho que se fez sentir naquele quarto era bom.
Marcos, que vinha ligeiramente atrás de Ania, abraçou-a entrelaçando as suas mãos com as dela.


- Desculpa...
- Já passou.
- Passou mesmo?
- Sim... - Ania virou-se para ele, sorrindo - eu acho que não me consigo chatear contigo...
- Isso é bom - Marcos apertou Ania mais para si, roçando o seu nariz no dela.
- Não sei se é. Um dia trocas-me por uma aí e eu fico com vontade de voltar para ti. 
- Não...tu ficas é com vontade de me bater. Tu hoje bateste-me!
- Duas vezes nessa cara linda! - Ania passou com as suas mãos na face de Marcos, sorrindo para ele - Fui um bocadinho bruta não fui?
- Foste um bocadinho, foste...
- E posso ser mais!
- Olha...isso pode ter várias interpretações. 
- E é mesmo para ter... - Ania sabia o que queria...sabia que tinha chegado a altura, que era só ela e Marcos e que o momento era o certo. Não o teria de pedir...apenas fazer com que Marcos percebesse o que ela queria.
Aproximou os seus lábios dos de Marcos e o que começou por ser um beijo comum a todos os outros, foi começando a ser a noite que nenhum esquecerá. 
As mãos de Ania percorreram as costas de Marcos por dentro da camisola que este trazia vestida. E Marcos percebeu...percebeu que Ania lhe estava a pedir mais...lhe estava a pedir e a dar aquilo que ele também queria. Marcos quebrou o beijo, fazendo Ania girar o seu corpo, ficando de costas para ele e, aí, aproveitou para lhe beijar o pescoço descoberto.


Marcos tinha receios...seria a primeira vez dos dois juntos assim, a primeira vez que Ania lhe demonstrava que seriam um do outro sem qualquer tipo de assombração por detrás deles. Era a primeira vez que a violação não travava Ania. Marcos depositou as suas mãos no interior da camisola de Ania, percorrendo toda a zona abdominal da sua namorada, ao mesmo tempo lhe os beijos no pescoço passavam a pequenas mordidelas. 
Rodou-a novamente, puxando-a para junto dele. As mãos de Ania foram, de novo, para as costas de Marcos e começavam a notar que haviam peças de roupa a mais. Ania subia cada vez mais as suas mãos e o tronco de Marcos cada vez ficava mais descoberto. A camisola foi-se e Ania passou as suas mãos sobre o peito de Marcos, olhando para ele. 
Contrariamente ao que pensava, não sentia vergonha por querer estar com ele a um outro nível...por querer ser dele em todas as vertentes de uma relação. Ania colocou as suas mãos nas costas de Marcos, aproximando os seus lábios do peito de Marcos. Beijou-o, para de seguida voltar aos lábios do seu namorado. 


Caminharam lentamente até à cama e, antes de deitar Ania sobre o colchão, Marcos retirou-lhe a camisola. Depois de Ania estar sobre a cama, Marcos ficou em cima de Ania, olhando-a meticulosamente. 
- Tens a certeza?
Ania não precisou de lhe responder...os seus olhos diziam tudo e o seu corpo ajudou. Marcos, calmamente, foi beijando todo o tronco de Ania, acabando por chegar aos seus lábios. 


E a entrega foi total. Ania começou a percorrer o corpo do Marcos, como que procurando zonas que desconhecia. Como que ansiando por ser totalmente dele. Os beijos tornaram-se fogosos, escaldantes, torturante. Ambos percebiam que aquilo que se estava a passar era muito mais do que algum dia tinha vivido.


As peças de roupa pelos corpos dos jovens desaparecera. E as posições inverteram-se, Ania queria ser ela a avançar, queria ser ela a ter algum tipo de poder sobre o momento. E pretendia demonstrar a Marcos que lhe saberia dar prazer a partir de hoje. 
Foi deixando beijos espalhados pelo tronco de Marcos, foi mordendo-o, deixando marcas de si, nele. Ania foi ousada, Ania soube mexer em todos os pontos de Marcos dando-lhe prazer mesmo sem que existisse a penetração. Porque Ania, antes de todo o episódio traumático ter acontecido, já conseguia ser assim.
Marcos também não precisou de ter medo, porque aquilo que Ania lhe dava era a prova de que ele poderia avançar com toques, com beijos, mordidelas...com tudo. 
A entrega foi total da parte dos dois. O prazer foi sentido pelos dois ao mesmo tempo, souberam aproveitar-se um ao outro como nunca tinham pensado que fosse. Marcos percorria o corpo de Ania e cada vez que o fazia arrepiava-a.


Os dois começavam a sentir os corpos cansados, começavam a precisar de se olhar e Ania foi quem o fez. Permanecia em cima de Marcos, mas olhou-o, entrelaçando as suas mãos com as dele.


Mais do que sexo, o que os dois procuraram foi a união. Porque só assim Ania se conseguia livrar de um passado doloroso e entregar-se a um presente feliz. Via-se perfeitamente nos semblantes dos dois que felicidade eram aquilo que mais tinham. Ania deitou-se sobre o peito de Marcos e, ainda com a respiração ofegante, haviam palavras a ser ditas:
- Te amo mucho, mi rey.
- Y yo te amo mucho, mi reina.

4 comentários:

  1. Olá. Só digo isto - LINDOOOOOOOOOOOOOOOOO, MARAVILHOSO, FANTÁSTICO.
    Amei este capitulo e acho q foi o que mais adorei até hoje :)
    Está mesmo lindo e perfeito. Amooooo
    Espero pelo próximo sff
    Bjs

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  2. Olá

    Adorei *_*


    Mais , Mais , Mais !!!!



    Beijinhos


    Catarina

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  3. Olá!
    Aiii (suspiro) isto foi tão mas tãooo lindo!!
    Mas começando pelo inicio...ainda bem que o Marcos entrou na água! E eles depois entenderam-se!! Mas o Marcos levou mais um estalo?! :o Coitado! Mas pronto foi para esquecer o outro! xD
    Agora eles fizeram muitooo bem ir para o hotel! A Ania estava preparada para o que aconteceu e foi muy linda a noite deles! Amei mesmo! Porque via-se que havia amor, carinho e o Marcos ainda perguntou se ela tinha a certeza, logo respeito também! Opa olha foi lindo!! *_*
    Agora que venha os próximos...quero ver como aproveitam os últimos dias antes do Marcos ir embora e como vai ser depois!
    Besos guapa!
    Sofia

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  4. Bom dia!
    Jasus, como eu fiquei passada quando a bateria do telemovel acabou a meio do cap!
    Pelo menos reconciliaram-se, o que me gusta muito! E Moscovo? Depois pensa-se nisso!
    E agora houve fisica! uh ^^
    Já espero pelo proximo!

    Beso
    Ana Santos

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