Ania sentia-se
completamente perdida. O sonho que tinha, de ser mãe, tinha voltado quando
Marcos a ajudou a recuperar do trauma da violação e, agora, voltava a perdê-lo,
voltava a não puder ter um único filho.
Estava deitada
na sua cama à já duas horas. Chorou no colo de Marcos até que preferiu estar
sozinha. Deitou-se naquela cama, pensando na sua vida com um filho, com um bebé
fruto da sua relação com Marcos. Esse filho, esse bebé, não iria existir...não
iria ser concebido.
- Ania? - Marcos abria a porta com cuidado,
falando baixinho.
- Marcos...deixa-me sozinha.
- Não achas que já estás sozinha à muito tempo? - entrou no
quarto, sentando-se ao fundo da cama -
Ainda não paraste de chorar e...ainda não falaste comigo.
- Achas que é fácil? - Ania sentou-se na cama, virada
para Marcos. Os seus olhos estavam inchados, as lágrimas escorriam-lhe pela
cara de uma forma descompensada e era visível que estava vazia.
- Meu amor...eu sei que não é fácil. Não te consegui contar
antes por não ser fácil...mas há soluções, existem tratamentos e...podemos
adoptar - Marcos
aproximou-se de Ania agarrando na mão dela.
- Eu...nunca vou conseguir trazer uma vida ao mundo...
- Ei, ei Cinderela, não digas isso.
- É a verdade Marcos. Eu nunca vou conseguir ter um filho no
meu ventre, nunca vou conseguir dar-te um filho nosso...resultado da nossa
união - Ania
fazia pequenos círculos na mão de Marcos, tentando controlar o choro. Ele conseguia
acalmá-la mesmo que a sua vida tivesse mudado por completo, conseguia fazer com
que ela se focasse nele tentando descobrir como superar tudo.
- Não vamos desistir já, Cinderela. Tens 21 anos, eu tenho
22 e é um sonho dos dois sermos pais. Há tratamentos que podem trazer esse
sonho de volta, há formas de sermos pais.
- E...tu queres ficar comigo...? - Ania sentia, um
pouco, o desespero a apoderar-se dela...tinha medo de perder Marcos como perdeu
o sonho de ser mãe.
- Que raio de pergunta é essa?! Tu estás doida?! - Marcos
aproximou-se de Ania, passando a sua mão pela face dela.
- Eu tinha o sonho de ser mãe, de ter um bebé a crescer
dentro de mim...de criar uma vida. E eu não vou conseguir fazer isso, eu não
vou conseguir realizar o meu sonho agora - Ania passou a sua mão pela cara
de Marcos, aproximando-se um pouco dele -
o mais natural que poderia acontecer era...era tu deixares-me. Seguires com a
tua vida para realizares o teu sonho de ser pai...já que eu não te consigo dar
isso.
- Ania...se eu te amo a ti, se eu sou completamente
apaixonado por ti e te quero na minha vida para sempre, porque é que haveria de
te deixar?
Marcos
aproximou-se ainda mais de Ania, encostando a sua testa na da rapariga.
- Então...
- Então nada minha Cinderela - Marcos pegou na
mão de Ania colocando-a junto do seu coração - vamos aproveitar o fim-de-semana só os dois.
- Como assim?
- Este fim-de-semana não vou jogar. Estou castigado e
podemos aproveitar só os dois. Sem as nossas mães por perto.
- Elas já sabem?
- Não...eu não contei a nenhuma delas sem antes de contar a
ti. Só te podia contar a ti primeiro - Ania rodeou o pescoço de Marcos com os
seus braços, dando-lhe um pequeno beijo nos lábios.
- Obrigada Marcos.
- De que é que me estás a agradecer?
- Por estares comigo à dois anos, por sermos um casal mesmo
com todos os problemas que tivemos e continuamos a ter. Com as coisas da
violação, a tua estadia atribulada em Moscovo e agora isto...este impedimento
para sermos pais...continuamos juntos, contínuas do meu lado e eu ainda me
apaixono todos os dias quando acordo - Ania falava nos olhos de Marcos - neste momento sinto-me completamente
vazia e sem nenhuma esperança de futuro, espero que entendas isso...mas eu
estou do teu lado, preciso que estejas do meu e que, se há esperança...se há
alguma coisa onde nós nos podemos agarrar...nós temos de tentar. Eu quero ser
mãe...eu quero tanto ser mãe!
De novo, as
lágrimas começaram a escorrer pela face de Ania...havia medo de que não se
realizasse aquele sonho, que não pudesse mesmo ser mãe...mas Ania queria
agarrar-se à ideia de que seria possível, que é possível, pelo menos, tentar.
- Meu amor - Marcos levou as suas mãos até às
bochechas de Ania, tentando enxugar-lhe as teimosas lágrimas que caiam - prometi-te a ti, ao teu pai e a mim mesmo
que iria proteger-te e amar-te. Nós não somos casados mas é como se fôssemos.
Todos os dias me apaixono por ti também, minha gordita. Todos os dias me ensinas o que é o amor e o que é amar.
Isto é só mais um obstáculo na nossa vida mas vamos ultrapassá-lo. Juntos - Ania,
de uma forma desajeitada, abriu os braços de Marcos, abraçou-o enterrando a sua
cabeça no peito dele.
- Yo te amo, gordi.
- Yo tr amo tambien,
mi gordita - Marcos começou a mexer na cabeça de Ania que acabou por
adormecer.
No
dia seguinte:
Marcos, Ania,
Ortencia e Carina estavam sentados à mesa a tomar o pequeno-almoço.
- Amanhã, eu e a Ania, vamos sair e só voltamos Domingo à
noite - avisou
Marcos a sua mãe e a de Ania.
- Ai vão?! - perguntou Carina, um pouco espantada.
- Sim. Eu estou castigado, não posso jogar e tenho o
fim-de-semana livre. E, tanto eu como ela...estamos a precisar - Marcos agarrou
a mão de Ania, beijando-a.
- Fazem bem...e deixam aqui as mães sozinhas - disse Ortencia
em tom de brincadeira.
- Vocês importam-se? - Perguntou Ania com uma voz mais baixa do que o normal.
- Claro que não! - Disse Carina.
- Vão, aproveitem e não se preocupem connosco.
- E...há uma coisa que precisam de saber... - Ania tinha de
contar à sua mãe e a Carina o que se passava. As duas olhavam para Ania
esperando que esta continuasse - Os
médicos falaram com o Marcos e...bom...vai demorar até serem avós - o
espanto estava visível na face das duas -
o meu útero ficou bastante frágil e eu, neste momento, não posso ter filhos.
Vão ser precisos tratamentos...e vai demorar.
- Eu...eu sinto muito - disse Carina, sem saber ao certo
o que tinha de dizer.
- E...como é que te sentes? - Naquele
momento, Ortencia estava mais preocupada com o estado psicológico da filha.
- Custa...custa imenso saber que o meu maior e melhor plano
para o futuro está adiado. É isso...está apenas adiado mas nós vamos
realizá-lo. Todos juntos, com força e muita dedicação...nós vamos conseguir
realizar o nosso sonho de ser pais.
- Vamos realizá-lo sim. E esse bebé, quando existir dentro
de ti, estará dentro de todos nós - disse Carina, fazendo com que uma
lágrima escapasse pelo rosto de Ania.
- E será muito amado e desejado - completou Ortencia.
- Obrigada - era apenas o que Ania conseguia dizer
depois de tais palavras.
- Estou mesmo a ver: quando a minha filha vier ao mundo vão
andar sempre atrás dela! - falou Marcos,
rindo.
- Contínuas a querer primeiro uma menina... - já tinham
falado inúmeras vezes sobre filhos e Marcos dizia sempre, sempre que queria ter
uma menina primeiro.
- Sabes bem que sim, mãe!
- Podem contar connosco, sempre - garantiu
Ortencia.
Mais
tarde naquele dia:
- Ania Gottardi, decide-te! - Marcos
"reclamava" com Ania por esta não se conseguir decidir onde iriam
passar o fim de semana.
- Ai, decide tu...eu não consigo decidir. São destinos
diferentes mas todos bons!
- Vou, então, escolher dois - Marcos fechou
algumas páginas de internet que estavam a ver, deixando apenas duas abertas - ora bem, temos um destino cá em Portugal
e outro fora.
- Sim...mas não pode ser nada muito excêntrico Marcos.
- Certo! Ora temos Algarve, é no sul do país e diz aqui que
se come bem.
- Vai estar frio na mesma...
- A segunda opção é sempre a melhor: ilha do Sal em Cabo
Verde!
- Marcos...isso é ser excêntrico! Ah e tal vamos ali passar
o fim-de-semana a Cabo Verde e já voltamos.
- Ai, qual é o mal Ania? - Marcos fez umas
caretas olhando para o computador -
temos voo às duas da manhã, falta só o hotel e...já está! Já temos tudo para o
nosso fim-de-semana - Marcos fechou o computador, aproximando-se dela.
Beijou-lhe a bochecha, de seguida o nariz, terminando com um curto mas
apaixonado beijo nos lábios.
- O que é que era a minha vida sem ti?
- Eras uma Ania menos apaixonada e sem mim - Marcos voltou a
beijar Ania, rodeando a cintura dela com os seus braços - queres dormir um bocadinho agora ou na viagem?
- Acho que na viagem é melhor...e...Marcos - Ania
aproximou-se, ainda mais, dele juntando os seus lábios aos dele levando as suas
mãos ao interior da camisola dele. Quebrou o beijo, olhando para ele - estou com vontade.
- Agora?
- Sim...já não fazemos amor à tanto tempo Marcos - Ania
aproximou os seus lábios dos de Marcos.
- Já lá vão quase dois meses, já...
- Então... - Ania colocou-se de joelhos, de frente
para Marcos retirando-lhe a camisola -
não podes é fazer ainda muita força em cima de mim... - Ania riu-se timidamente,
aquele jogo de sedução estava a entusiasma-la. Ania e Marcos estavam a ficar
com um entusiasmo diferente do habitual.
- Eu não sou bruto - Marcos, com a subtileza que era costume
nele, retirou a camisola de Ania, deitando-a sobre a cama - e não podemos demorar muito - Marcos começou a beijar a barriga
de Ania, passando para o peito dela terminando com um demorado beijo nos lábios
- ainda temos as malas para fazer - Ania
levou as suas mãos às costas de Marcos, percorrendo-as com calma.
- Sei bem que és capaz de fazer tudo muito bem em pouco
tempo - Marcos
sorriu, voltando a beijar Ania.
Eles precisavam
de estar os dois naquela intimidade. Precisavam de se abstrair de todos os
problemas que os rodeiam e entregarem-se um ao outro de uma forma apaixonada e
despreocupada.
Marcos estava
sobre Ania, teria de ter cuidado com os movimentos que fazia já que ela, ainda,
sentia algumas dores na zona abdominal. Mas Marcos queria fazê-la sentir-se
especial, queria que aquele momento fosse especial para eles e que fizesse Ania
esquecer, um pouco, tudo.
Marcos
movimentava as suas mãos pelo corpo de Ania com calma, tocando nos pontos que
sabia que mexiam com as vontades dela: pescoço, seios, anca e coxas. Beijou
outros pontos do corpo dela, aqueles que sabia que mexiam ainda mais com Ania:
junto da orelha, a barriga e os lábios.
Ania sentia-se
dominada por Marcos, sentia que ele a tinha prendido naquele momento e, nenhum
dos dois, procurou inverter posições. Ania, apenas com as suas mãos no corpo de
Marcos, conseguiu transmitir ao namorado inúmeras vezes prazer e satisfação.
Uma nova fase
das vidas deles iria começar. Estavam a começar uma nova fase da relação, uma
fase difícil, uma fase que até um pouco revolta trás consigo, mas é uma fase
que os irá pôr em prova. É a fase da relação deles que durará como será o
futuro deles.
Olá meninas! Aqui têm o capitulo 30! Demorou não foi? Pois...eu sei e peço desculpa por isso.
Estive de férias, com pouca disponibilidade para aceder à internet daí não haverem capitulos.
Contudo voltei a casa, onde posso publicar tudo o que escrevi, entretanto, para vocês.
Espero que gostem e que deixem as vossas opiniões.
Beijinhos.
Ana Patrícia.
Olá
ResponderEliminarAdorei *_* Espero que eles consigam ser realmente pais :)
Beijinhos
Catarina
Olááá!!
ResponderEliminarQue saudades que eu tinha!!
Ammeiii como sempre! Acho que é impossível dizer outra coisa para começar.
Sim é mau ela não poder ser mãe ou ir ter dificuldades para isso. Mas...depois é tão bonito o Marcos mantém-se do lado dela sempre desde que começaram a namorar *_* Nunca deixou de estar em um único momento! E é assim que tem de ser! E vai continuar a ser na luta para realizarem o sonho !
Agora que venha esse fim de semana só dois! Bem que precisam!
Depois este final...ui ui também foi bonito! *___*
Olha....mais sff! Foi muito tempo sem capítulos que isto agora 1 não chega para nada!
Beijinhos,
Sofia
Olá guapa!
ResponderEliminarEu acho que mesmo em apenas um capítulo vou fazer para aqui uma coisa enorme, porque:
- Estou revoltada;
- Estou triste;
- Estou com saudades.
Passo a explicar: estou revoltada porque não, não pode ser, ela tem de poder ser mãe, por favor (beicinho!), eles são fofos demais, adoráveis demais, sei lá o que demais, eles não podem sofrer, vá lá, um final feliz, pode ser?!
Depois, estou triste porque, já me dói a mim ver a Ania sofrer tanto, é verdade que o Marcos anda a ser um namorado de sonho, sempre a ajudá-la e a dar-lhe toda a força que ela precisa, mas fogo ela sofre tanto, não sejas má que isto até me dá vontade de chorar a mim!
E por ultimo, estou com saudades porque, em tanto tempo de espera e mais espera, só isto?! já li, devorei e já estou cheia de saudades, cristo, isto é bom demais para ser verdade!
Agora vamos ao habitual, matas-me com isto tudo, esta cena do fim só me fez pensar "por favor que seja na ilha do Sal que ela comece a sentir enjoos e do nada, assim por milagre está grávida!" era lindo não era?! era pois!
Agora é esperar pelo próximo, (pode vir já a seguir? não?)
Besitos!
Olá :)
ResponderEliminarGostei muito deste capitulo e quero mais :)
Sinceramente a Ania vai ser mãe e vai ser mais depressa que aquilo que imagina ;)
Ela não merece isto, não merece não ter bebés :/
Por isso, toca a pensar em escrever um capitulo fofinho ;)
Bjs :*
Olá!
ResponderEliminarUma pessoa distrai-se e de repente tudo muda! Não vou fazer comentários sobre a mudança futebolística que houve na vida do marco por razões óbvias! XD
Mas agora estão numa cidade top. Haja algo de bom na vida deles!
Isto é com cada uma: violações, mudanças para o fim do mundo mais conhecido por Rússia, comas e agora isto! É realmente horrível. E principalmente para a Ania acho eu. Eu tentei pôr me no lugar dela e é horrível. Acho que a impossibilidade de ter filhos biológicos abala mais uma mulher porque nós desde pequeninas temos a ideia mesmo que inconsciente que um dia acolheremos um novo ser dentro de nós, enquanto os homens têm mais a ideia de que vão por a sua masculinidade em ação e dar um bom espermatozóide. Hum acho que a ideia de ter um filho era mais romântica antes desta minha divagação...
Bem, espero o próximo. E tenho a certeza que mais cedo ou mais tarde eles serão abençoados pela chegada de um bebé 100% deles ;-)
Espero o próximo!
Ana Santos