segunda-feira, 18 de novembro de 2013

18 - " (...) Eu tenho de te deixar longe dos meus problemas (...)"

Ania correu na direcção de Marcos, tinha medo, muito medo que alguma coisa de mal estivesse a acontecer, ou tivesse acontecido. Já tinha ouvido imensas histórias de jogadores que morrem em campo, do nada, e até isso lhe passou pela cabeça. 
Marcos tinha todos à sua volta, jogadores, equipa técnica, equipa médica e Ania entrou por entre todos eles, chegando perto de Marcos, ajoelhando-se a seu lado. 
- O que é que se passa? - perguntou ela completamente desesperada. 
- Ele desmaiou - informou um homem que Ania reconhecia. O médico que a tinha ajudado quando lá tinha estado - quebra de tensão, mas como está a demorar muito a acordar vamos levá-lo para o hospital para fazer todos os exames médicos.
- Eu também vou - Ania queria estar com Marcos, não poderia simplesmente virar costas 
Prepararam Marcos, Hugo acompanhou a ambulancia e a filha que só pedia ao pai que conduzisse mais depressa. Sabia que era uma quebra de tensão, mas não conseguia ficar descansada, não conseguia manter o seu coração estável. Só queria que Marcos estivesse bem, que nada lhe tivesse acontecido. 
Ao chegarem ao hospital, Marcos foi levado para observação e Ania (des)esperou. Naquele momento de espera pensou em tudo. Seria falta de comida no estomago? Stress a mais nos últimos dias? Se fosse do stress...seria culpa sua, Ania tinha colocado Marcos naquela situação, ele tinha desmaiado por sua culpa e não conseguia não sentir-se culpada. 
As notícias não demoraram tanto tempo em chegar. Cerca de 45 minutos depois o médico chegou à sala de espera com Marcos a caminhar pelo seu pé. Ania correu na sua direcção, abraçando-o. 
- Como é que tu estás? Tu estás bem? O que é que se passou? - Ania disparava perguntas, Marcos ainda estava um pouco debilitado mas abraçou Ania, dando-lhe um beijo na testa. O médico foi falar com Hugo, por ser responsável por Marcos contando-lhe detalhadamente o que se passou.
Marcos aproveitou esse afastamento para também falar com Ania. 
- Está tudo bem, Cinderela. 
- Mas o que é que aconteceu? - ela olhou para ele, sentindo-se feliz por o ter à sua frente, de pé, sorrindo para ela. 
- Foi uma quebra de tensão. 
- Mas porque? O que é que causou isso?
- Os médicos dizem que é stress a mais. Com o ínicio da época é complicado. 
- E eu. Eu sou um stress ainda maior, eu fui a culpada disto tudo, não fui? Eu sei que fui! Eu tenho de te deixar longe dos meus problemas, tens de descansar - Ania falava tudo depressa e Marcos não queria acreditar no que estava a ouvir. É verdade que tudo o que se tinha passado entre os dois tinha feito com que o stress aumentasse, mas ela não tinha culpa de nada. Se ele não quissesse estar com ela, não estava. Mas ele quer. E está. Calou-a com um beijo, colando a sua testa com a dela. 
- Nunca mais digas isso. A culpa não é de ninguém. Simplesmente aconteceu e agora tenho o resto do dia de folga. Esquece Ania. Ninguém tem culpa.
- Mas Marcos...
- Mas nada princesa. Eu coloquei-me nesta situação, eu estou contigo, eu quero estar sempre contigo e espero que tu também estejas comigo. 
- Claro que estou! Isso nem se põe em causa. Eu tive tanto medo que te tivesse acontecido alguma coisa... - Ana deixou a sua cabeça cair sobre o peito de Marcos, deixando cair uma lágrima mas não queria que ele visse. 
- Fica descansada que não ficas viúva antes de casarmos. 
- Não sejas parvo Marcos.
Ania olhou para o seu namorado e os dois beijaram-se. 
Foram interrompidos por Hugo, que libertou os dois. Marcos não iria para o centro de treinos, teria o dia para descansar, mas no dia seguinte tinha de se apresentar, fazer testes e só depois se via se poderia voltar a treinar. 
Hugo levou os dois até ao centro de treinos e, Marcos e Ania, decidiram ir até casa dele para descansar até à hora de almoço. Marcos queria ir almoçar com Martín e Romina, apesar de Ania achar que ele deveria ficar a descansar. 
Ania tinha a carta, há pouco tempo mas sabia conduzir. O carro de Marcos é que ela não sabia bem como conduzir. Era potente demais para o seu pé...potente demais para a sua cabeça. 
- Marcos, quem é que tem um Ferrari e anda com ele todos os dias?
- Eu não ando com ele todos os dias...hoje foi só porque...calhou. 
- Queria dar nas vistas, é isso.
- Oh não...é só porque eu gosto da velocidade e este dá-me mais pica. 
- E agora quem o vai conduzir sou eu, já que estás proibido.
- Queres ir a pé para casa?
- Não. 
- Então é a única hipótese que temos. Mas ai de ti que me faças algum arranhão no carro.
- Eu dou-me bem com carros, nunca os arranho, já as pessoas é outra coisa... - Ania queria demonstrar a Marcos que está à vontade com ele, queria demonstrar que queria ter uma relação normal, que queria que ele a visse como uma rapariga normal, como qualquer outra que anseia pelo toque mais provocatório do seu namorado. Ania queria esquecer-se do que tinha acontecido, não queria que isso fosse um entrave entre ela e Marcos. Os dois estavam na garagem do centro de treinos, não estava ali ninguém e Ania foi na direcção de Marcos, colocando as suas mãos na cintura dele. 
- Ania?
- Marcos?
- Que é que se passa contigo?
- Quando nos conhecemos...eu estava bem, queria estar contigo e já nem pensava que não me podias tocar. Hoje, passaram 5 dias desde que nos conhecemos e muita coisas aconteceu. Muita volta dei, mas estou na mesma situação. Quero que me toques. Quero que...sejamos normais e não penses no que me aconteceu. Só faz sentido entregar-me a alguém depois do que aconteceu, se for contigo. E temos de chegar a esse ponto...
- Então vais não deixar arranhões no meu carro e deixar arranhões em mim?
- Depende do que me deres. Mas isso não são coisas que se falem aqui. Nem hoje porque posso querer mas não estou preparada. 
- Eu não te ia pedir nada.
- E se eu te desse algo, resistias? - Ania queria imenso despegar-se daquela imagem de menina que foi violada pelo irmão. Levou as suas mãos ao interior da camisola de Marcos, percorrendo as costas dele com as suas unhas, fazendo pouca força.
- Tu estás diferente. 
- Em que sentido?
- Não sei...simplesmente não esperei que estivesses assim. 
- E é mau?
- Não. É surpreendente, é bom, só não quero é que tenhas estes comportamentos e que penses noutras coisas. 
- Não. Nada disso. Só penso em ti, em nós, no almoço com o meu irmão! - Ania exclamou, lembrando-se de que tinham de ir almoçar com eles. 
- Já te tinhas esquecido? Ainda agora falamos nisso, Ania.
- Não...não é isso. Eu esqueci-me é que hoje é o aniversário deles. O Martin e a Romina fazem anos de namoro. Cinco anos completos ao lado um do outro. 
- E querem almoçar contigo? Bem...eu dispenso a presença de qualquer uma das minhas irmãs no dia em que completarmos cinco anos.
- Não sejas parvo. E sim, eles querem a minha companhia porque andamos a tratar de umas coisas. 
- Hum...
- Durante o almoço eu conto-te. 
- Está bem.
Os dois acabaram por ir embora, foram até casa de Marcos apenas para ele tomar um duche e trocar de roupa. Enquanto ele fez isso, Ania andou a ver as imensas fotografias que haviam naquela casa. Eram de Solange, Micaela, Noelia e Carina. Mas havia um rapaz que Ania não conseguia identificar. Era super parecido com Marcos, Ania jurava que era irmão dele, mas nem a Noelia, nem Marcos lhe falaram de um irmão. Noelia tinha falado num irmão que Ania deduz que seja Marcos. Mas ela conhecia aquela cara, já o tinha visto nalgum lado, só lhe faltava descobrir onde.
Quando ele estava pronto, desceu as escadas vendo Ania com a moldura com o tal rapaz na mão. 
- Estou pronto - avisou Marcos. 
- Quem é? - perguntou, de imediato, Ania.
- Isso interessa para agora?
- Se não quiseres falar...não interessa. 
- É complicado Ania...não é que eu não queira contar, mas é uma história complicada. 
- Eu queria ouvir. Eu quero estar dentro de tudo o que te envolva Marcos...somos namorados, estamos a conhecermo-nos, acho que é normal. Mas se não quiseres eu entendo. 
- Temos tempo?
- Sim. Só temos de estar no restaurante daqui a uma hora e em 15 minutos chegamos. 
- Então senta-te, eu conto - Marcos e Ania sentaram-se no sofá, lado-a-lado. Ania mantinha a moldura nas suas mãos e olhava atentamente para o seu namorado. 
- Esse é o Franco. É meu irmão - Marcos esperou uma reacção de Ania, mas ela continuou a olhar para ele, esperando a continuação - não sei se a Noelia te falou nele, mas é provavel que não.
- Não...
- Pois. Esse é o Franco, como já disse. Há um ano, quando o nosso pai morreu, ele entrou por caminhos estranhos, começou a não dormir em casa muitas noites e à cerca de dois meses que desapareceu. 
- Desapareceu?
- Sim. Deixou-nos um bilhete a dizer que precisava de espaço e que queria pensar por ele próprio. 
- Sabes...a cara dele não me é estranha. 
- Oh, isso deve ser por ser parecido comigo. 
- Não...não é isso Marcos. Eu acho que conheço o teu irmão. Eu acho...eu tenho quase a certeza. 
- Tens?
- Sim. Eu costumava ir ao ginásio, de vez em quando, e acho que ele trabalha lá. É que a cara dele é super familiar para mim. 
- Tens a certeza?
- Tenho.
- Onde é que fica esse ginásio? 
- É fora de La Plata. Fica ao pé da faculdade em Buenos Aires. 
- Vais lá comigo?
- Claro. Tens jogo no sábado, verdade?
- Sim. 
- Depois do jogo podemos ir para Buenos Aires, passeamos no domingo e na segunda-feira vamos lá ao ginásio. 
- Gracias mi amor - Marcos abraçou Ania. Queria acreditar que ela tinha razão e que era mesmo o seu irmão. 
- De nada, mi rey. 
Os dois aproveitaram o tempo que ainda lhes restava até à hora de almoço para namorarem e verem algumas fotografias de Marcos e a sua família. Ania riu imenso com as fotografias de Marcos em pequeno. Era rechonchudo, originando a nova forma de Ania tratar Marcos "mi gordi". Era um diminutivo carinhoso, nada de o envergonhar, muito pelo contrário.
Voltaram a sair de casa, Ania pedinchou a Marcos que a deixasse conduzir o carro, de novo. Tinha adorado a experiência e nesta segunda vez deixou que o seu pé carrega-se mais no acelerador. Marcos não ficou nervoso. Confiava na forma como Ania conduzia, na forma como Ania mexia no volante. Podia ter a carta à pouco tempo, mas ela sabia o que fazer. 
Quando chegaram ao restaurante, Martín e Romina já estavam à espera deles, na mesa que tinham reservado. Todos se cumprimentaram e acabaram por se sentar. 
- Vem mais uma pessoa, hemana - disse Martín.
- Quem?
- A irmã da Romina. 
- Ah está bem - a irmã de Romina, Estela, também os estava a ajudar no projecto deles. Ania, o irmão, Romina e Estela iam abrir um negócio. Um atelier de pastelaria, onde as pessoas podem ir aprender a fazer bolos e comprá-los também. Romina e Estela são as "professoras", Martín será quem está por dentro da organização das aulas, da gestão financeira do local e Ania irá tratar do marketing e do atendimento ao cliente. O negócio será no café dos seus pais e tudo surgiu como uma forma de ajudar os pais com a gestão do café. 
Depois de explicarem tudo a Marcos, Estela entra no restaurante. Ania, como estava de frente para a porta conseguiu vê-la, fazendo-lhe sinal. A irmã de Romina aproximou-se e quando Marcos olhou para ela...foi como se regressa-se ao passado.
- Estela? 
- Faustino? - também ela estava surpreendida e Ania ainda mais. 
- Vocês conhecem-se? 
Marcos olhou para Ania e voltou a olhar para Estela. Estava feliz, um sorriso formou-se nos lábios dele e Estela fez o mesmo. Marcos levantou-se e abraçou-a. Ania não estava a perceber nada. Nem Martín ou Romina. Esperavam uma explicação que tardava em chegar.

5 comentários:

  1. Olaaaa

    Ainda bem que o Marcos não teve nada demais , apenas uma quebra de tensão (:
    Agora quero saber como Estela e Marcos se conhecem , que venha o próximo :))


    Beijinhos


    Catarina

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  2. Olá , olá
    Já não é novidade nenhuma que eles são o casal de 5 dias mais perfeitinho do mundo *.*
    Opá ate eu fiquei assustada com aquela coisita que deu ao Marquitos, mas bem ele está bem é o que interessa.
    Menina Ania , aqui a revelar-se uma louquita *-*
    Não sei porque mas esta Estela ai ai ai *
    Quero o próximo rapidinho <3
    Beijinho, Rita*

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  3. Olá!!
    Ammmeeeiiiiii!!!
    Ufa ainda bem que foi só mesmo uma quebra de tensão!
    Depois a conversa deles...o medo que a Ania teve de o perder...as palavras dele para a Ania nao se sentir culpada foram lindas e puseram-me a sorrir!
    E depois é tão bom ver que a Ania mudou como o Marcos disse mas para melhor...aquela cena na garagem foi lindo! Mas pronto tinham o almoço!
    Agora o Marcos tem um irmão?? E ele pode ser a pessoa que a Ania conhece do ginásio? Ai agora é que eu quero mesmo muito o próximo para saber se é mesmo ele!!
    É para saber isso e para saber de onde é que o Marcos e a Estela se conhecem!
    Concluindo, deixaste-me duplamente curiosa!!!
    Por isso, quero o próximo para matar a curiosidade e para ler mais Marcos e Ania!
    Besos!

    Sofia

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  4. Olá...nem vou dizer q gostei...pq já ssabes a minha resposta ;)
    Ainda bem q foi só uma quebra de tensão...já me estava a afligir :/
    Tenho q dizer q a Ania é uma grande maluca no carro lol :p
    Tenho cá uma suspeita q o irmão do Marcos está naquele ginásio ;)
    Agora isto da Estela e do Marcos...deixou-me confusa :/
    Próximoooooo sff :*

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  5. Surpresas, misterios? Me gusta!!
    Espero o proximo!

    Beso
    Ana Santos

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