sexta-feira, 14 de junho de 2013

5 - "Temos uma cena?"

Ter este momento com o Marcos deixou-me completamente nas nuvens e com um sentimento estranho dentro de mim. Podem não haver palavras para o momento...porque poderiam ser ditas sem nexo nenhum e, verdade seja dita, com o meu jeito para discursos o mais provável seria que saísse qualquer coisa demasiado infantil e ele pensasse que eu sou viciada na Disney. O nosso beijo foi fogoso mas calmo, teve o sentimento certo mas há a falta de descrição do mesmo. E...esta coisa que mais parece que me vou desmontar toda. A cena de estar com as dores ou melhor, as verdadeiras borboletas na barriga...o que é isto? O que é que é isto que se está a passar comigo? Eu...não me apaixonei assim...do nada.
Na falta de palavras, existiam actos. O Marcos olhava-me com os olhos mais meigos, sinceros e brilhantes que alguma vez tinha visto e eu...passeava as minhas mãos pelos braços e pelas costas largas dele. 
Todo o tronco do Marcos era definido, é forte e segura-me, no colo dele, como se eu fosse uma pena. Simplesmente nem se mexe, colocou só as suas mãos no fundo das minhas costas e olha-me.
- Que é isto? - perguntei.
- Isto o que?
- A nossa cena...
- Temos uma cena?
- Parece que sim ou é da minha cabeça?
- Não, não é da tua cabeça. Mas ainda não tem nome a nossa cena.
- E será que algum dia terá?
- Se formos os dois a querer a probabilidade é maior. 
- Mesmo com aquele obstáculo pelo meio?
- O teu pai?
- Sim...
- Eu conheço o teu pai há algum tempo, e ele conhece-me a mim. Sabe perfeitamente como penso e o que quero da vida. Sei também que ele te ama e acima de tudo quer que sejas feliz. Por isso...se eu e tu for alguma coisa a sério...ele acabará por aceitar. 
- Não é assim tão simples Marcos... - sai do colo dele e comecei a dirigir-me para a beira-mar. Pouco tempo depois já ele estava a meu lado - vai ser complicado para ele aceitar que haja um nós.
- Porque?
- Porque és jogador de futebol...o meu futuro pode não ser aqui na Argentina e ele não aceita isso. Deixou muito bem claro numa saída que teve ao dizer-me que se arranja-se um namorado jogador de futebol tinha de estar em fim de carreira.
- Não tinha noção...
- Se...nós...tivermos alguma coisa terá de ser pensada, não pode ser uma coisa do momento. Eu gosto imenso de estar contigo, mas teríamos de ter os nossos momentos primeiro e só depois confrontar o meu pai quando tivéssemos a certeza.
- Estou disposto a isso.
- E depois...vais estar disposto a confrontar o meu pai?
- Se isso significar que existirá um nós...sim. Eu quero mesmo conhecer-te bem. Tu és querida e fazer com que o lado mais futurista de mim venha ao de cima. 
- Como assim? - parámos os dois e ficámos a olhar o mar. Estava sereno, só se ouvir uma onda pequena a rebentar junto dos nossos pés. A lua...essa tornava o negro mais claro e iluminava o céu.
- Fizeste-me reconsiderar tudo o que queria para a minha vida. 
- Só com um cumprimento?
- Foi só isso para ti?
- Não...nunca pensei é que tivesse sido outra coisa para ti.
- Mas foi. Fizeste-me pensar o quão bom pode ser ter alguém a meu lado, o quão pode ser bom ter uma vida com alguém, criar uma família com essa pessoa e ser dependente dela...eu começo a duvidar que sou independente. 
- Hã?
- Não há um momento em que não deseje estar a teu lado... - senti as mãos dele na minha barriga e o queixo dele no meu ombro. O Marcos rodeou-me, puxando-me para ele...como é que era possível? Eu sei...é possível porque foi assim que os meus pais começaram...mas, nunca pensei que fosse acontecer comigo.
- Acho que já bebeste é demais...
- Ania...acabas-te de ouvir o que disseste?
- Ouvi...estás a deixar-me nervosa... - ainda não tínhamos bebido nada. Nem eu nem ele. 
- Nervosa porque?
- Porque estás a dizer essas coisas...e eu não me dou bem com palavras que transbordem sentimentos inexplicáveis.
- É isso que nós somos? Sentimentos inexplicáveis?
- Talvez...nenhum de nós o consegue explicar. 
- Isso é por ser cedo demais...tenho a certeza de que iremos conseguir. Mais cedo do que o que pensamos.
- Como é que consegues?
- O que?
- Falar.
- Estamos ambos a falar.
- Mas tu...Marcos - agarrei nas mãos dele e virei-me para ele, mantendo uma distância entre nós, mas segurava-lhe as suas duas mãos - tu falas de nós com todas as palavras, consegues traze-las cá para fora...e eu não. 
- Um dia irás conseguir...quando te sentires mais à vontade.
- Mas eu estou à vontade. Só...não consigo falar assim.
- Tenho de te dar umas aulas então - ele riu-se e puxou-me para ele. 
- Não sei onde estás a ver a graça.
- Deixei de a ver porque uma rapariga está mesmo na minha frente e é demasiado linda quando comparada com a graça.
- Acho que acabas-te de deixar essa rapariga a pessoa mais envergonhada do Mundo...
- Mesmo assim...só estou a dizer a verdade. E ela, lá no fundo, sabe bem disso. 
- És tão parvo.
- Aprendi nos bocados que tive contigo. 
- Comigo? Duvido...
- Tens razão...contigo foi só a limar umas arestas até ser um parvo perfeito. 
- És mais que isso. 
- Sou?
- Não estás a pensar que te vou dizer, pois não?
- Por acaso até estava a pensar que ias falar.
- Parece que não.
- Eu gostava. 
- Mesmo que fosse uma confusão?
- Sim. 
- Não o consigo fazer com esta proximidade das nossas caras - dei a volta ao Marcos e fiquei com as minhas costas encostadas às dele - assim poderá sair alguma coisa. 
- Estarei aqui a ouvir. 
- Então...para além de parvo perfeito o que é que és? - ele riu-se e eu ganhei alguma confiança para falar tudo de uma vez - és um jogador que dá confiança à defesa do Estudiantes, és uma boca enorme...não em tamanho, quer dizer também, mas o que eu quero dizer com isto da boca grande é que falas o que pensas e dizes o que queres. És querido, parvo, meigo, teimoso, tens a mania que sabes tudo, mas ao mesmo tempo tens noção que há o mundo para descobrir, pelos vistos queres ser um homem de família. És lindo, tens um corpo perfeito, deixas-me petrificada quando me tocas, enlouqueces me quando te mexes. E eu agora não sei como te olhar depois disto, mas...és o homem que um dia sonhei ter quando crescesse.
O som do mar...tinha acalmado ou era o meu coração que fazia mais barulho que as ondas? Só tinha a certeza que o Marcos estava mesmo atrás de mim porque sentia as costas dele nas minhas. Ele não se mexia, nada dizia...não me preocupava porque, sinceramente, queria ter espaço para digerir tudo o que tinha acabado de dizer.
- Se quiseres não olhas para mim... - ele começou a falar, afastando-se de mim - sabes o que eu penso de ti, mas posso acrescentar uma coisa: tu és a pessoa que eu um dia desejei que aparecesse na minha vida. Foi com um olhar, um toque, mas, aposto o que quiseres, que se nos conhecêssemos à mais tempo era impossível sentir-mos o que estamos a sentir.
A mão do Marcos percorreu o meu braço direito até chegar ao meu ombro. Arrepiou-me, não só o facto de ser o toque, mas por ser ele. Ele...o Marcos.
- Podes fechar os olhos? - pedi-lhe.
- Hã?
- Fecha...por favor.
- Já está. 
- Como é que eu sei?
- Deixei de te ver e não estou a suportar esse facto...é bom que te despaches a fazer o que quer que seja - virei-me para ele e...estava de olhos fechados. A lua na pele dele só o iluminava ainda mais. Aproximei-me dele e abracei-o. 
Coloquei a minha cara encostada ao peito dele e rodei-o com os meus braços. No segundo a seguir, senti logo os braços dele em torno da minha cintura e os lábios dele no meu pescoço.
- Queria ver os teus olhos - disse ele ao meu ouvido.
- Neste momento? Eu tenho vergonha Marcos...
- De mim?
- Não é suficiente?
- Se...nós existe, nós não temos de ter vergonha, menina Ania.
- Porque é que me dás sempre a sensação que tens razão?
- Porque a tenho. 
- Não sei se tens.
- Dentro de 5 segundos. 
- O que? - ele afastou a sua cabeça de mim e eu olhei para ele.
- Olhas para mim... - ele sorriu-me.
- Bem...parece que estou mesmo a olhar para ti.
- E há algum mal nisso?
- Há! E um muito grave.
- Qual é?
- É que...agora apetece-me beijar-te... - ia a baixar a cabeça, mas o Marcos surpreende-me ao beijar-me. Foi mais calmo que o primeiro...mas os sentimentos eram mais claros, mais transparentes, para mim. 
Pode parecer uma loucura mas...sim, sim eu sinto qualquer coisa por ele. Sim eu estou apanhadinha por ele. Sim eu quero estar com ele. Sim, sim e sim eu gosto tanto dele!
- Os teus desejos podem passar a ser ordens, basta quereres.
- Tens dúvidas de que não quero?
- Isso és tu a dizeres que és minha?
- Não porque não sou nenhuma cadela para tu andares a passear. 
- Bem! Essa veio de onde?
- Da parte de mim que fica constrangida contigo.
- Então parece que acordou por momentos. 
- Acordou porque não quer ser propriedade de ninguém.
- Nem minha? Olha se eu quiser fazer de ti o meu paraíso, serás só minha e minha. 
- Mas não vais andar para aí a dizer a toda a gente, nem colar um papel na testa a dizer que eu sou tua pois não?
- Isso era um bocado exagerado. Ainda o teu pai descobria.
- E não queremos isso pois não?
- Não!
- Então parece que estamos de acordo.
Caminhámos os dois de volta ao carro...foi automático. Estávamos ali bem, mas parecia que não estávamos bem ao mesmo tempo.
- Que queres fazer? - perguntou ele quando chegámos ao carro.
- Não sei...o meu pai deve estar à minha espera em casa.
- Ele espera por ti sempre que vais sair. 
- Sim...
- Bem...parece que é o que dá seres a única menina. Eu não tenho esse problema já que tenho mais um irmão.
- Tens quantos irmãos?
- A contar comigo somos quatro. 
- A serio?
- Sim, porque?
- A contar comigo somos quatro filhos. Tenho três irmãos mais velhos e eu sou a filha, rapariga, mais nova. 
- És a princesinha da casa portanto.
- Mais que isso...visto que já tenho os meus irmãos todos fora de casa parece que tenho um escudo protector à minha volta.
- Ele é mesmo o Hugo Gottardi pai que aparenta ser?
- Como assim? 
- Protector e super rígido. 
- Descreveste-o na perfeição.
- Sempre estiveste rodeada de homens na tua vida.
- Mas a minha mãe é a mais especial deles todos.
- A serio?
- Sim...acho que por ficar muito tempo com ela em casa quando os meus irmãos iam à bola com o meu pai, fez com que ficássemos muito mais próximas uma da outra.
- Tu estudas, Ania?
- É impressão minha ou chegámos à parte em que estás a tentar saber tudo sobre mim?
- Estamos mesmo nessa parte.
- Sendo assim...deixei a faculdade este ano.
- Então?
- Comecei a trabalhar com a minha mãe no café. Com o meu pai a passar cada vez mais tempo a treinar um monte de avestruzes no Estudiantes, tenho de ajudar. 
- Avestruzes? Tens noção de que o teu pai treina a avestruz do teu namorado e ele não gostou de ouvir isso. 
- Namo...que? 

4 comentários:

  1. ADDDDDOOREEEIII!!
    Adoro este casal, são tão especiais!!
    Adoro as conversas deles!
    Agora tou para ver se o pai da Ania descobre esta cena entre os dois xD
    E isto acabasse assim? Agora quero saber o que acontece a seguir, afinal tem uma cena sem nome ou são namorados? :D
    Prróxxxiiimmmooo Rápiddooo!!!

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  2. Tão lindo *-*
    Estes dois são mesmo fofinhos.
    E quero o próximo capítulo para ficar explicado direitinho o que são eles afinal.
    Fiquei na cabeça com uma imagem deles fofinhos de mãos dadas na praia junto ao mar, pena que a Argentina não tem bons paparazzis xb

    Beijinhos
    Daniela^^

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  3. Amei <3
    Lindo!
    Quero mais, por favor...
    E rapidinho....
    Sigo :)
    Beijinhos :*

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  4. Olá!!! Adorei!!!
    Estes dois são um espectaculo...adoro-os
    Próximo rápido sff
    bj

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