- De certeza que está tudo bem? – voltava Ania a perguntar a Marcos depois de este ter estado quase 45 minutos ao telefone com a mãe.
- Sim. Depois da típica conversa para saber como é que estávamos, ela queria combinar as coisas do Natal – oh boa...o Natal.
Faltava, ainda, um mês para que fosse Natal mas, pelos vistos, Ania não era a única a pensar nele. Naquele momento, não queria sujeitar Morena a uma viagem tão longa para La Plata mas, ao fazer o Natal em Portugal, sabia que, se calhar, nem todos os seus irmãos estariam presentes.
- Temos de falar muito bem sobre o Natal...
- Eu não quero ir para La Plata – para seu grande espanto, Ania olhou para Marcos depois daquela afirmação – a Morena tem quatro meses, é demasiado pequena para uma viagem tão grande e...poderá sofrer com a mudança de clima. A não ser que tenhas uma opinião diferente...
- Não, não! Nada disso...estamos em sintonia nesse aspeto.
- Mas sei que é complicado termos aqui todos nessa altura.
- Podemos ir tentando organizar as coisas e falar com eles. Temos um mês para organizar o nosso Natal – Marcos levou as suas mãos à cara de Ania, juntando os seus lábios com os dela num curto mas quente beijo.
- A Iara e o André? – perguntou, quebrando aquele beijo.
- Estão na cozinha a dar a papa à Morena.
- Temos de ir interromper o momento, então.
- Porquê?
- Está na hora de irmos para o treino...
- Quase me esqueço que tens treinos de tarde – os dois caminharam em direção da cozinha, vendo André com Morena ao colo e Iara a tentar-lhe dar a papa – então meninos, como é que isso está a correr?
- A tua filha não quer comer nem por nada! – atirou André – eu já disse à Iara para trocarmos que ela comigo come...mas não, ela insiste em ser ela a dar a comida à miúda.
- Papi... – começou Marcos, fazendo com que Ania olhasse para ele. Nunca antes o tinha ouvido chamar aquilo a André – temos de ir para o treino.
- Vês, Iara? Agora tenho de me ir embora e não dou comer à menina! – com cuidado, André levantou-se da cadeira, entregando Morena a Ania – eu prometo, prometo mesmo, que quando voltarmos a estar juntos o tio te trata como deve ser – André falava com Morena, dando-lhe um beijo na testa – agora toma conta das duas malucas que ficam contigo, si?
- Escusas de falar como se ninguém te estivesse a ouvir, esperteza! – afirmou Iara, colocando-se em pé – vai é treinar que não queremos gordos por aqui.
- Eu sempre ouvi dizer que não há amor sem insultos – disse Marcos, fazendo com que todos se rissem – vá, anda lá embora – agarrou o braço de André, puxando-o com ele.
- Nem se despedem de nós... – falou Ania, suficientemente alto para que eles ouvissem.
- Adeus! – disseram, os dois ao mesmo tempo.
As duas raparigas riram-se, acabando por terminar o que Iara e André tinham começado.
- Vamos às compras enquanto eles estão no treino? – perguntou Ania – digo, compras para o almoço de amanhã...
- A sério? Tu farias isso por mim?
- Claro, tonta! – Ania riu-se – sei que o primeiro encontro com a sogra é sempre complicado e, no que puder ajudar, estarei aqui para minimizar os nervos.
- Gracias, gracias, gracias!
- De nada, tontita – as duas trocaram um sorriso cúmplice entre si, acabando por terminar de dar o comer a Morena preparando-se de seguida para saírem de casa.
Passearam calmamente pelas ruas de Lisboa. Procuraram tudo o que faria falta para aquele tão importante almoço. Ania aconselhou o que Iara deveria oferecer a Ana Maria, sendo que jovem ficou bastante indecisa no que comprar, adiando aquela decisão para o dia seguinte enquanto André estaria no treino.
- Achas que temos mesmo tudo? – perguntava Iara.
- Acho. E, mesmo que nos falte alguma coisa, amanhã temos tempo para comprar.
- Estou tão nervosa, Ania – Ania já se tinha apercebido daquele facto – e se correr mal? E se ela não gostar de mim?
- Não podes pensar nessas questões, Iara. Por muito brincalhão que o André seja, ele está empenhado e dedicado à vossa relação. Tenho a certeza que se o almoço correr mal e a D. Ana Maria não gostar de ti, o que não vai acontecer, ele irá proteger-te e manter-se a teu lado.
- Como é que consegues?
- Como é que consigo o quê? – as duas acabaram por se sentar num banco perto de um jardim, aproveitando para descansar um pouco as pernas.
- Ser tão positiva depois de tudo o que já te aconteceu...
- Isso – Ania olhou para as suas mãos e, de seguida, para Morena – acho que vou tendo a meu lado as pessoas certas – olhou para Iara, abrindo um sorriso sincero – e...acho que depois de tudo o que acontecer, ser positiva é a melhor solução.
- Eu não quero deitar tudo a perder com o André.
- Isso não irá acontecer só por causa do almoço de amanhã, te garanto – as duas foram interrompidas pelo som do telemóvel de Iara.
- É o André... – olhava enternecida para o telemóvel, acabando mesmo por atender a chamas – amorcito – Ania sorriu, prestando atenção a Morena. Talvez não tivesse sido prudente ao vir passear com ela depois de saírem do hospital...mas sentia que precisava daquilo, de se distrair e abstrair de todos os últimos acontecimentos. Morena estava bastante agasalhada e o dia não estava tão frio como os últimos – em que pensas tu? – perguntou Iara, sobressaltando Ania.
- Que, se calhar, não deveria ter saído com ela de casa...
- Sabes que, ao acontecer alguma coisa, poderia ser aqui ou em casa. Alem do mais ela está mais agasalhada do que uma pessoa que vá à serra da estrela! – as duas riram-se, olhando para Morena – ela está cada dia mais parecida com ele, não está?
- Está! Acho que a única parecença que tem comigo é...
- Os olhos! Os olhos são completamente iguais aos teus.
- A sério? Eu diria que é o nariz...
- Também, um pouco. Mas os olhos são iguaizinhos! Olha, é verdade, eles vêm aqui ter connosco. Querem ir comer um gelado...não me perguntes porquê mas eles estão com vontade de comer um gelado.
- Primeiro treinam e depois comem gelados...isso não faz lá muito sentido – as duas partilharam uma gargalhada acabando por dar uma volta por aquele jardim, enquanto eles não chegariam – lá vêm aqueles dois – Ania apontou para a frente, vendo que vinham bastante animados – como é que o André não tem frio de manga curta?
- Bela pergunta...ele não regula com o baralho todo.
- Vejam só se não são as duas miúdas mais giras de Lisboa e uma emplastra – tanto Ania como Iara ficaram confusas com aquela afirmação de André – respeitando-te imenso, Ania, és um gajo para mim.
- Ah! Ai sou?
- És. Mas também és bonita, não te preocupes – André aproximou-se de Iara, cumprimentando-a com um beijo super apaixonado. Marcos fez o mesmo, caminhando calmamente na direção de Ania.
- Se calhar não fiz o melhor em traze-la para a rua... – começou Ania por dizer. Marcos levou as suas mãos ao pescoço da mulher, unindo os seus lábios com os dela. Naquele momento, Ania sentiu-se a viajar para outra dimensão, era como se nada à volta deles existisse, era como se estivessem a viver um momento só deles. A forma como Marcos a beijava mudara...Ania percebia que agora ele o fazia com ainda mais desejo, com ainda mais paixão e vontade de a ter só para ele naqueles momentos.
As mãos de Marcos percorriam sempre as costas de Ania, tentando absorve-la para si. Tinha jurado a si mesmo que iria ser sempre assim porque o tempo que passaram afastados foi, talvez, o mais doloroso.
- Está tudo bem – Marcos quebrou o beijo, deixando a sua testa junto da de Ania e as suas mãos no pescoço da mulher – ela está muito agasalhada e hoje nem está tanto frio como nos outros dias.
- Gracias...
- Porque?
- Por não criticares as minhas escolhas.
- Seria incapaz de o fazer. Sei que precisam destes momentos e sei que as escolhas que faças, em nada prejudicarão a nossa filha.
- Gracias, mi amor – Ania levou as suas mãos à nuca de Marcos, beijando-o.
- Oh meninos, mas já não chega disso? – perguntou André, interrompendo aquele momento.
- Oh André! – Iara deu-lhe uma palmada no ombro, repreendendo-o pelo que tinha acabado de fazer.
- Não venhas com coisas, eles daqui a nada ficariam sem ar...só estou a zelar pela saúde deles – todos se riram – vamos comer o gelado ou não?
- Tu deves pensar que estás no verão, não? – perguntou-lhe Ania.
- Não...mas apetece-me.
- E também te apetece andar em manga curta, então?
- Sim. Não está assim tanto frio cunhada! – os quatro começaram a andar e Marcos, involuntariamente, assumiu o controlo do carrinho de Morena. Pararam junto de um carrinho de vendas de gelado e, enquanto eram atendidos, André sentou-se nele esperando a sua vez.
Claro que Marcos não deixou aquele momento passar ao lado e, quando estavam despachados, denunciaram o que se passava pelas redes sociais.
- Sabes, André...és capaz de receber pedidos de pessoas a querer gelados – afirmou Iara.
- Hã?
- Eu, se fosse a ti, ia ao instagram... – disse Ania, rindo-se. André olhou, de imediato, para Marcos pegando no telemóvel.
A nova profissão de André Carrillo #Papi |
- Deves querer que eu partilhe as tuas aptidões para babysitter! – atirou André, depois de ver o que Marcos tinha colocado no seu instagram.
- Eu ainda não percebi uma coisa – Ania interrompeu-os, mesmo antes de Marcos começar a falar – porque é que o tratam por papi?
- Essa é fácil – começou Iara – ele tem a mania que manda em todos. É uma espécie de pai de todos...
- Isso é, no mínimo parvo, o André não teria capacidades para isso! – André olhou para Ania, depois daquela afirmação, tentando perceber se ela estaria a brincar ou a falar a sério – vá, eu estou a brincar.
- Acho bem! – aproveitaram o resto daquela tarde voltando para casa quando começava a arrefecer.
- Eu estou calma, Ania, a sério – Iara retocava a sua maquilhagem, rindo-se. Ania estava a achar muito estranho todo aquele à vontade repentino de Iara. À meia hora atrás, quando estavam a finalizar o almoço e a colocar a mesa, Iara parecia uma pilha de nervos.
- Mas...tu à pouco estavas tão nervosa!
- O André mandou uma mensagem.
- Ah pronto! Temos explicação, então. Aposto que estava relacionado com sexo!
- Ania!
- Pronto, pronto, eu não digo mais nada.
- Mas sim, tens razão – as duas riram-se e foram surpreendidas pelo som da porta a fechar – chegaram! – Iara guardou as suas coisas e as duas desceram até ao andar debaixo.
André estava junto da alcofa de Morena enquanto Ana Maria cumprimentava Marcos com dois beijos.
- Ali está ela! – André, visivelmente animado, caminhou na direção de Iara agarrando a sua mão esquerda. Deu-lhe um ternurento beijo nos lábios, não demorando muito, mas demasiado bonito de se ver – madre! – aproximou-se da mãe, entregando a mão de Iara à mãe – es mi novia, Iara – olhava a mãe até que olhou para Iara, sorrindo – Iara, es mi madre. Ana Maria.
As duas olharam-se e, naquele momento, Ania pode perceber que estavam as duas encantadas uma com a outra. Cumprimentaram-se com dois beijos e um abraço terno, típico de Ana Maria. As duas acabaram por se afastar e a mãe de André olhar para Ania.
- Gordita!
- Hola, madrina! – Ania, desde que conhecera Ana Maria mais profundamente, passou a tratá-la como madrinha. Sentia que, fora a sua mãe e a sua sogra, aquela senhora era extremamente especial para si.
- Que saudades tuas, neña – abraçaram-se e Ana Maria acabou por se afastar de Ania pouco depois – estás mais magra!
- Oh mãe! É normal, não é? A ultima vez que a viste ela estava grávida – Ania riu-se e Ana Maria olhou para o filho.
- Estás com muita piada, meu filho.
- Aprendi com a melhor! – André aproximou-se da mãe, abraçou-a sussurrando-lhe algo ao ouvido.
Ania olhava-os, percebendo que André estava cheio de saudades da mãe...e isso acabou por ser visível a todos.
- Então e não me apresentam a bebé? – Ana Maria afastou-se de André, olhando para Marcos.
- Claro que sim! – Marcos levantou-se do sofá, indo buscar Morena.
- Que doçura! – Ana Maria aproximou-se dele, levando a sua mão à cabeça de Morena – que linda menina, tão...forte – viram Ana Maria se emocionar...também ela tinha vivido todo o drama da gravidez de Ania – eu fico muito feliz por vocês – levou a sua mão à face de Marcos, olhando para André e Iara – não querendo colocar pressão...mas eu um dia quero uma neta assim!
- Fique descansada D. Ana Maria – começou o André – será avó muito em breve.
- André! – Iara olhou-o, com os olhos muito abertos.
- Eu sei que tínhamos planeado contar-lhes à hora de almoço...
- Eu vou ser avó? – Ana Maria fez a pergunta que todos queriam fazer e André começou a rir-se.
- Não... – respondeu Iara – ele está a brincar.
- Com isso não se brinca, oh parvo – começou Ania – fogo, eu aqui já a pensar que ia ser tia!
- Esqueçam lá isso. Eu estava só a brincar. Vamos almoçar?
- Vamos, vamos.
Todos se encaminharam para a mesa e começaram aquele que acabou por ser o almoço mais animado de todos. Acabou por surgir a típica conversa onde contaram as novidades que tinham a contar, como é que André e Iara se conheceram e como é que iriam ser os próximos tempos.
Ania percebeu que, à medida que o tempo ia passando, Iara ia ficando cada vez mais à vontade com a mãe de André e, depois do almoço, as duas até tiveram um momento a sós no jardim.
- O que é que acham que ela lhe está a dizer?
- Oh André...coisas que qualquer mãe diz à namorada do filho – respondeu Ania – olha, olha abraçaram-se!
- Eish... – André olhava-as, com a máxima atenção – eu sabia que a minha mãe ia gostar dela! Eu sabia!
- É mais fácil gostar da Iara do que de ti... – começou Marcos – e se a tia gosta de ti, também haveria de gostar dela.
- Que piada! – André atirou-lhe com a almofada e acabar por fingir que estavam a brincar com Morena, já que as duas se levantaram.
Ania sentia-se em casa quando estava perto deles. Era uma sensação revigorante...assim como seria aquela noite que iriam passar a sós.
- Sabes que eu sei onde é que vamos, não sabes? – perguntava Ania, apercebendo-se que estava a caminho do seu quarto. Marcos tinha-lhe vendado os olhos mas, mesmo assim, tinha conseguido ter a percepção de onde estava.
- Eu também sei!
- Oh! Porque é que me vendaste os olhos para vir para o quarto?
- Porque, talvez, tenha uma surpresa para ti!
- Ah! Uma surpresa... – Marcos abriu a porta do quarto, entrando com Ania para o seu interior.
Levou as suas mãos à cintura da mulher, deslizando-as para o interior da mesma. Tocava a pele de Ania com o carinho e a suavidade que lhe eram carateristicas. Subiu as suas mãos até chegar ao centro das costas da rapariga, roubando-lhe um beijo que a apanhou desprevenida.
- Marcos...
- Sim, a surpresa! – levou as suas mãos à venda de Ania, retirando-a. Para grande, lá está, surpresa de Ania não havia nada de diferente no quarto...ela olhou-o, tentando obter uma resposta – vamos imaginar que eu tinha conseguido comprar pétalas de rosa e a nossa cama está cheia delas, sim? – Ania riu-se, levando as suas mãos até ao fundo das costas de Marcos.
- Está linda a nossa cama – beijou-o, procurando algo mais com aquele beijo. Ania queria aproveitá-lo aquela noite, queria ter o seu marido apenas e só para ela. Era o momento de serem um do outro sem terem de se preocupar com a filha que poderia acordar a qualquer momento.
Marcos caminhou, envolto naquele beijo, com Ania até à cama deitando-a nela. Ficou a olhá-la quase como se estivesse a alinhar os traços que tem de Ania na sua cabeça, como se estivesse a aprofundá-los e a deixá-la cada vez mais marcada em si.
Deitou-se sobre ela, percorrendo o seu pescoço com beijos enquanto ela se ria. Marcos adorava ouvir as suas gargalhadas quando fazia aquilo. Ania tinha cócegas no pescoço e era inevitável não rir. Mas, por outro lado, aquilo também a deixava a desejar Marcos, desejava que ele continuasse e que avançasse.
Ania levou as suas mãos ao interior da camisola de Marcos, percorrendo o seu corpo. Marcos arrepiava-se quando Ania fazia aquilo, adorava sentir as mãos dela pelo seu corpo. Era quase como se ela o estivesse a reclamar como seu e Marcos deixava-se ser reclamado porque era inteiramente seu. Ania puxou-lhe a camisola para cima e, muito depressa, os dois fizeram com que as camisolas de ambos saíssem dos seus corpos.
- Estás cada dia mais linda – Marcos percorreu a barriga e o peito de Ania com beijos, chegando aos seus lábios. Ania sentiu-se com um fogo dentro de si, sabendo que estaria prestes a ganhar um novo fôlego para a noite que ainda agora começava.
Livraram-se, com uma presa e eficácia incríveis, das calças que ambos traziam vestidas. Marcos despiu Ania de qualquer peça de roupa, olhando-a com desejo e um sentimento de posse que ninguém poderia contrariar. Aquela era a sua mulher, a mulher que sempre esteve para ele e que não poderia pedir que fosse melhor.
Beijou-a na parte interior da perna, deixando uma mordidela aqui e ali. Percorreu o corpo todo de Ania naquele misto de beijos, mordidelas e deixando as suas mãos vaguearem por todo o seu corpo.
- Faz-me tua, Marcos – Ania levou as suas mãos à linha do boxer de Marcos, começando a puxá-los para baixo. Ania estava a sentir-se desejada, demasiado dele mas queria mais e precisava mais.
Quando Ania pensou que Marcos iria aceder ao seu pedido, o marido beijou-a por longos minutos percorrendo o corpo de Ania com as suas mãos. O momento seguinte foi de entrega total. Conjugaram os seus corpos com todos os verbos que conheciam ser capazes de caraterizar aquele momento. Amar. Eles amaram-se, mais do que qualquer outro dia tinha amado. Desejar. Eram o desejo um do outro, são o desejo um do outro desde o dia em que se conheceram. Sentir. Sentem o que nunca sentiram um pelo outro, sentiram-se um do outro como à muito não sentiam. Possuir. Sentiam que se possuíram um ao outro. Ania era da pose de Marcos e Marcos da pose de Ania.
Naquela noite, o que mais importou para eles foi única e verdadeiramente amarem-se um ao outro como há meses não o faziam.
- Buenos dias... – Marcos brincava com a mão de Ania, vendo que ela começava a abrir os olhos.
- Buenos dias, mi amor – Ania levou a sua mão à cara de Marcos, aproximando-se dele – bom dia – beijou-o, olhando-o em seguida – bom dia.
- Só consegues dizer bom dia?
- Não...mas é um bom dia!
- É mesmo um bom dia – Marcos passou o seu braço por cima de Ania, puxando-a ainda mais para si – pelo menos enquanto aqui estivermos será um bom dia.
- Vai ser mesmo um bom dia, Marcos.
- Eu tenho de ir é para o treino, sabes?
- De manhã?
- Ah pois é, gordita. Hoje tem de ser.
- Oh e eu a pensar que íamos passar aqui a manhã, que me ias fazer o pequeno-almoço...
- Se quiseres um pequeno-almoço à pressa...
- No, no – Ania beijou-o, afastando-se um pouco dele. Tapou-se, fechando os olhos – podes ir trabalhar que eu vou dormir mais um bocadinho.
- Não te esqueças que combinaste com a Iara e Ana Maria...
- ...ir à consulta da Morena! – num ápice, Ania levantou-se da cama, olhando para Marcos – um banho juntos, ao menos?
- Assim sim.
- Não, não! Temos de nos despachar e se fossemos juntos não nos despachamos – Ania entrou na casa de banho, despachando-se o mais rápido que conseguiu.
Quando chegou ao quarto, embrulhada na toalha, já Marcos estava despachado.
- Foste rápido, tu.
- Foi só um duche e vestir-me. Até porque tenho mesmo de ir – Marcos abraçou Ania, dando-lhe um beijo no pescoço – quando saírem do médico avisa-me, sim?
- Sim – virou-se para o marido, beijando-o – bom treino, Marcos.
- Obrigado – voltou a beijá-la, saindo de casa.
Ania pretendia despachar-se, mas acabou por ser surpreendida pelo som do seu telemóvel...era uma chamada do estrangeiro.
- Estou sim? – falou, depois de atender.
- Ania Gottardi? Daqui fala da policia de La Plata... – Ania não conseguiu ouvir o resto, já que desligou a chamada. Aquele assunto não lhe iria estragar o dia e recusava-se a falar sobre ele no dia de hoje.
Despachou-se o mais rápido que conseguiu, indo ter com Iara, Ana Maria e a sua filha. Era um bom dia e não o queria estragar com aquele assunto...que teimava em não sair da sua cabeça, mesmo que tivesse rejeitado todas as chamadas que fizeram na hora seguinte.